<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, março 30, 2004

Caos, confusão ou sabotagem nas eleições na Guiné-Bissau 

Público

Por JOSÉ SOUSA DIAS*
Milhares de eleitores, na sua quase totalidade pertencentes ao Sector Autónomo de Bissau, não puderam votar nas legislativas sem que tenha sido dada uma explicação. Talvez o possam fazer hoje, mas nada se sabe. Nem a Comissão Nacional de Eleições (CNE), que esteve reunida até à noite de ontem para determinar quantos eleitores não votaram e quantas mesas têm de ser abertas.

No interior do país, onde aparentemente as dificuldades de toda a logística poderiam ser maiores, a votação decorreu sem incidentes e mesmo nas regiões mais importantes - Oio (Norte), Bafatá e Gabú (ambas no Leste) - o acto eleitoral decorreu de forma exemplar e as urnas encerraram à hora prevista (17h00).

Em Bissau, onde aparentemente as dificuldades de toda a logística poderiam ser menores, foi, a partir de domingo, um caos que se prolongou pelo dia de ontem. À hora de abertura das urnas (07h00m), não havia uma única mesa aberta. "Vamos aguardar, pois estas coisas dos atrasos acontecem sempre", dizia um eleitor, ainda confiante. Duas horas mais tarde, começou a impaciência e, quatro horas mais tarde, a reclamação.

As principais figuras políticas guineenses deveriam votar todas de manhã, mas acabaram por, pacatamente, aguardar pela abertura das mesas. Cerca das 12h00, aos poucos, as mesas foram abrindo e alguns eleitores votando. A participação era grande e as longas filas provavam isso mesmo. Mas havia assembleias que ainda nem sequer tinham aberto e vários grupos de jovens já tinham incendiado pneus nalgumas avenidas de Bissau, como na "14 de Novembro", que liga o centro ao aeroporto.

A pronta intervenção de elementos das Brigadas de Intervenção Rápida, conhecidos localmente por "ninjas", foi suficiente para dissuadir qualquer tentativa de desestabilização mais comprometedora. Antes das 17h00, continuavam a abrir urnas, até que a CNE tomou, finalmente, as rédeas e ordenou que, a partir dessa hora, as mesas que ainda não tinham aberto só abririam no dia seguinte. Quanto às que começaram a funcionar até pouco antes da hora do fecho, continuariam até ao último eleitor.

A confusão estava instalada há muito, pois ninguém assumia responsabilidades. Urnas transviadas, cadernos eleitorais de um círculo tinham ido parar a outro e ninguém sabia o que fazer. A CNE delegava responsabilidades à Comissão Regional de Eleições de Bissau, cuja directora, Segunda Teixeira, acabou demitida e nem sequer foi autorizada a falar aos jornalistas.

Trapalhada eleitoral continuou ontem
Na noite de domingo, todas as cautelas eram poucas e os que esperavam saber quaisquer resultados resignaram-se a esperar. Os dirigentes políticos ainda tentavam perceber a situação e não a quiseram comentar. A televisão pública guineense, que devia transmitir em directo a divulgação dos resultados, desculpou-se e, secamente, indicou que a responsabilidade lhe era alheia. A meio da madrugada de segunda-feira caiu mais uma "bomba". A CNE avisava os jornalistas que a votação em Bissau teria de ser forçosamente adiada para hoje, uma vez que ainda não haviam sido recolhidos todos os dados sobre Bissau. Informou os jornalistas mas não os membros das diferentes mesas e os respectivos eleitores.

Às 07h00m de ontem, lá estavam os representantes das mesas de voto e as longas filas de eleitores. À medida que o sol subia, os eleitores nas filas começavam a substituir-se por pedrinhas, que marcavam cuidadosamente o lugar, com nome e tudo. Alguns escreviam o número do cartão de eleitor, pelo sim pelo não.

Ao meio-dia chegou finalmente a notícia: a CNE indicara não ser possível realizar-se as eleições e que ficariam adiadas para hoje. O "ritual" de debandada no meio de fortes críticas deu lugar ao "tiro ao alvo". As pedrinhas voavam em direcção às improvisadas cabines de voto e os membros das assembleias fugiram rapidamente, gritando, à medida que podiam, que nada tinham a ver com o caso.

Às 18h00m, a CNE ainda não conseguira obter as informações sobre os números de eleitores nem os das mesas de voto em falta. E as missões de observadores internacionais começaram a apaziguar a situação, alegando que, afinal, a situação foi empolada e que a confusão gerada pela impossibilidade de mais de 60 por cento do eleitorado de Bissau poder votar não era tão dramática como a comunicação social dera a entender.

Depois de uma reunião preliminar com os chefes de missão, ao início da tarde, a coordenação da observação eleitoral prometeu divulgar um comunicado sobre a forma como decorreu a votação. Pelo meio, alguns partidos, já conhecedores de alguns resultados, ameaçavam impugná-la, exigindo a anulação das eleições em Bissau. Mais cautelosos, os líderes de apenas duas formações - Carlos Gomes Júnior (PAIGC) e Francisco Fadul (PUSD) - apelavam à calma. Segundo fontes oficiosas, a vitória eleitoral está ao alcance apenas deles.

Outras vozes criticaram a forma como a comunidade internacional empurrou a Guiné-Bissau para as eleições, sem lhe dar tempo para se reorganizar minimamente. O "custe o que custar, as eleições têm de se realizar", frase repetida até à exaustão pelas ONU e União Europeia, começou a circular por Bissau e muitos amaldiçoaram ambas as organizações. "O país não está preparado. Podiam ter esperado mais seis meses ou um ano. Tudo isto é uma hipocrisia", sintetizou um alto responsável da... CNE.
*Serviço especial Agência Lusa/PÚBLICO

segunda-feira, março 29, 2004

Índice de hoje 

- Direita francesa só ficou com a Alsácia (Le Temps, Genève)
- Gás metano na atmosfera de Marte pode ser sinal de vida no planeta (BBC Brasil)
- A NASA faz voar um avião a 8 000 km/hora (Le Figaro, Paris)
- Já tiraram o cheque em branco a Lula (La Vanguardia, Barcelona)

Direita francesa só ficou com a Alsácia 

Le Temps

Laurent Wolf, Paris
Le deuxième tour des élections régionales a non seulement amplifié le vote du dimanche 21 mars dans toutes les régions de France métropolitaine, mais il l'a fait dans des proportions telles qu'il n'est plus possible de parler d'un simple «message» envoyé à la majorité qui dirige le pays (expression qu'elle a encore utilisée dimanche sur les plateaux de télévision). Les différentes estimations établies hier soir à partir des votes des électeurs donnent à la gauche entre 48,9 et 50,9% des voix dans l'ensemble du pays et aux environs de 37% à la coalition de droite.

Le maintien du Front national dans 17 régions n'a donc pas causé à lui seul l'échec de la droite UMP-UDF, comme ce fut le cas en 1998 dans une élection à un tour (la gauche avait alors gagné 8 régions). Cette fois, la gauche dirigera 20 des 22 régions métropolitaines, peut-être 21 avec la Corse (la présidence de région sera l'objet de tractations pendant la semaine). La droite ne conserve que l'Alsace. Elle échoue en Ile-de-France, la plus riche et la plus peuplée, où la droite espérait atténuer l'impression désastreuse d'une défaite dans tout le pays en l'emportant sur la gauche qui la dirige depuis 1998.

Un million d'électeurs de plus

Le 21 mars, l'augmentation de la participation de 3% par rapport aux élections régionales de 1998 avait été saluée comme un événement. Elle a encore augmenté de 2 à 3%, ce qui signifie que 800 000 à 1,2 million d'électeurs de plus se sont déplacés. Et ils ont accentué de manière exceptionnelle les résultats du premier tour. L'électorat du Front national est stable dans les 17 régions où il a pu se maintenir. Il perd 1% environ, ce qui est insignifiant compte tenu du fait que le parti d'extrême droite n'avait aucun espoir de remporter une seule majorité dans un conseil régional. L'analyse des résultats dans les régions où il n'a pas pu se maintenir est tout aussi révélatrice. Dans ces cinq régions, les voix du FN ne se sont pas reportées en nombre suffisant sur les candidats de la droite pour empêcher leur défaite, et la proportion de ceux qui ont voté pour la gauche pourrait être supérieure à 1/3 selon certains commentateurs.

Les fusions entre les listes centristes et celle de la majorité chiraquienne n'ont pas fonctionné. Les électeurs de l'UDF, qui était allée seule à la bataille du premier tour dans 16 régions, ont rechigné à reporter leurs suffrages sur des listes UMP-UDF. Les affrontements de la campagne électorale entre les candidats centristes et les candidats UMP ont laissé des traces. Il semble aussi qu'un grand nombre des électeurs UDF du premier tour, qui avaient choisi de sanctionner le gouvernement sans voter ni pour la gauche, ni pour l'extrême droite, n'a pas voulu rejoindre les listes UMP-UDF. La démarche de François Bayrou, qui lutte depuis 2002 contre la constitution d'un parti unique de la droite s'en trouve renforcée.

De très nombreux ministres ont subi hier un échec personnel. Même François Fillon, le ministre des Affaires sociales, échoue dans une région, les Pays de la Loire, où sa victoire paraissait encore possible la semaine dernière. Face à l'ampleur nationale de l'échec de sa majorité, et face à l'échec personnel de la plupart des 19 ministres candidats, le président de la République devra modifier très vite la composition de son gouvernement. Reste à savoir s'il conservera son premier ministre, ou s'il choisira de le remplacer alors qu'une nouvelle échéance électorale périlleuse (les élections européennes) est prévue en juin prochain.

La gauche l'emporte de manière inespérée, si l'on tient compte de son état depuis la défaite de Lionel Jospin à l'élection présidentielle de 2002. Compte tenu des nouveaux pouvoirs qui échoient aux collectivités territoriales grâce à la décentralisation (les élections départementales confirment d'ailleurs la sanction des régionales), elle dispose d'une base solide pour se reconstruire.

Dimanche soir, Jean-Pierre Raffarin a reconnu que «l'opposition a gagné ces élections». Ce qui ne l'a pas empêché de défendre la politique suivie depuis deux ans. Les réformes doivent continuer «parce qu'elles sont nécessaires», a-t-il déclaré. Mais il a promis des changements avant de conclure: «L'action doit être plus juste.»

Gás metano na atmosfera de Marte pode ser sinal de vida no planeta 

BBC Brasil

David Whitehouse
Cientistas dizem que acharam metano na atmosfera de Marte
Cientistas acreditam que o gás metano que foi encontrado na atmosfera de Marte pode ser sinal de que existe vida no planeta vermelho.
A presença do gás foi detectada por telescópios na Terra e confirmada por instrumentos da missão Mars Express, da Agência Espacial Européia.

O metano tem um tempo de vida curto na atmosfera do planeta, então ele deve estar sendo constantemente reposto.

Segundo cientistas, há duas maneiras possíveis para essa reposição. Uma seria pela atividade de vulcões ativos, que ainda não foram encontrados em Marte, e a outra seria por micróbios.

Telescópios

Astrônomos dizem ter visto marcas de metano na atmosfera de Marte usando vários dos telescópios mais potentes do mundo.

O telescópio infra-vermelho no Havaí e o observatório Gemini South, no Chile, detectaram o gás no ano passado.

Cientistas que operam o espectrômetro da Mars Express também anunciaram que detectaram sinais de metano.

Outras evidências da existência de metano em Marte serão apresentadas em um encontro, em abril.

Explicação vulcânica

O metano não é uma molécula estável na atmosfera do planeta vermelho. Se ele não fosse reposto, ele duraria apenas centenas de anos e desapareceria.

Isso significa que o metano deve estar sendo reposto de alguma maneira.

É possível que o gás esteja sendo produzido por atividade vulcânica. Lava depositada na superfície ou liberada abaixo da superfície poderia produzir o gás.

Mas, até o momento, nenhum vulcão ativo foi detectado.

Se vulcões ativos forem os responsáveis, então essa descoberta teria importantes implicações. O calor subterrâneo produzido pelo vulcão derreteria grande quantidade de gelo já descoberto em Marte, produzindo um ambiente propício para a existência de vida.

Bactéria

Bactérias também produzem metano por meio de hidrogênio e dióxido de carbono. Micróbios terrestres que produzem metano não precisam de oxigênio para sobreviver, e esses são os micróbios que os cientistas acreditam que possam existir em Marte.

Os dois robôs da Nasa, a agência espacial americana, que posaram em Marte em janeiro não poderão responder a essa questão porque eles foram construídos para fazer trabalhos geológicos.

Missões futuras poderiam incluir sensores capazes de analisar o metano e determinar se ele é de origem biológica.

A NASA faz voar um avião a 8 000 km/hora 

Le Figaro

«Ce pourrait être le début d'une révolution dans l'aviation !» C'est ainsi que Vincent Rausch, patron du projet d'avion hypersonique de la Nasa commentait l'essai réussi, samedi, du prototype X 43. L'exploit technique de l'appareil sans pilote préfigure-t-il des vols commerciaux Paris-New York en quarante minutes ou Paris-Sydney en deux ou trois heures ? Dans l'immédiat, c'est une drôle de planche à repasser ailée de couleur noire, de la longueur d'une petite voiture (3,6 m) qui a volé à près de 8 000 km/h (Mach 7, près de quatre fois la vitesse du Concorde) pendant dix courtes secondes, avant de s'abîmer dans le Pacifique.

La course à la vitesse hypersonique (cinq fois la vitesse du son, soit Mach 5) a débuté dès les années 50. Il y a près de quarante ans (le 3 octobre 1967), un pilote de l'US Air Force a atteint la vitesse record de 7 300 km/h (Mach 6,7) à bord d'un X 15. L'engin était un avion-fusée alors que le X 43 de 2004 – c'est la raison de l'enthousiasme des ingénieurs – est le premier appareil à avoir été propulsé par un statoréacteur atmosphérique ou «scram-jet», en anglais. «Le scramjet est le Saint-Graal de l'aéronautique», estime Joel Sitz, l'un des responsables du projet de la Nasa.

Le principe en est simple, son idée remonte d'ailleurs au début du XXe siècle et les ingénieurs tente de le rendre applicable depuis des décennies. Dans un réacteur classique, l'air entrant est comprimé par une turbine, mélangé avec le carburant, et est expulsé du réacteur à une vitesse supérieure à celle de son entrée. Pour des raisons mécaniques, les turbines ne peuvent dépasser une certaine vitesse de rotation. Le statoréacteur fonctionne sur le même principe, mais sans pièce mobile. C'est la forme de la prise d'air qui remplace la turbine.

Une limite de taille : un statoréacteur ne fonctionne que lorsque l'engin a déjà acquis une vitesse hypersonique, d'environ Mach 6. C'est pour cela que le minuscule X 43 a été lancé par un bombardier géant B 52. Le gros quadriréacteur a largué son passager à 12 000 m d'altitude. Le prototype est à ce moment encore fixé sur le nez d'une fusée Pegasus. C'est cet engin de 15 m de long qui va hisser, en 90 secondes, le X 43 jusqu'à 29 000 m d'altitude à une vitesse dépassant déjà Mach 7.

Le programme X 43, marqué par l'échec du premier essai, en juin 2001, bénéficie d'un budget de 230 millions de dollars sur sept ans. C'est le seul avatar du projet ambitieux lancé en 1986 par Ronald Reagan, qui avait promis des vols Paris-New York en quarante minutes avant l'an 2000.

N'en déplaise aux enthousiastes ingénieurs de la Nasa, dopés par le succès de samedi, il est vraisemblable que les débouchés du programme X 43, seront avant tout militaires et spatiaux. A la clé, des missiles de croisière plus rapides, et des lanceurs de satellites bien plus rentables. En utilisant l'oxygène de l'atmosphère comme comburant, le X 43 n'a pas besoin de s'encombrer de volumineux et lourds réservoirs comme les fusées classiques. Prochaine étape vers l'application du statoréacteur, le X 43 tentera dès cette année un vol à Mach 10 (environ 11 000 km/h).

Já tiraram o cheque em branco a Lula 

La Vanguardia

La recesión de la economía y los escándalos de corrupción cercanos a personajes del poder han provocado una fuerte caída de la popularidad del Gobierno de Lula, que, según el último sondeo, alcanzó el nivel más bajo desde enero del 2003.

JOAQUIM IBARZ
MÉXICO. – Todo Brasil quedó asombrado al conocerse que para cubrir una oferta de 30 puestos de trabajo en el metro de Sao Paulo se presentaron 133.000 personas: el aumento del paro –12% frente al 11,7% de enero– provocó una avalancha de solicitudes de empleo que desbordó todas las previsiones. Lula ya cosecha más rechazos que adhesiones. Los brasileños le han retirado el cheque en blanco que le dieron cuando asumió el poder el 1 de enero del 2003 y suma críticas, presiones y amenazas de sectores sindicales, políticos, empresariales y sociales. El creciente desempleo y un escándalo de corrupción que salpicó a su principal colaborador, José Dirceu, mermaron su alta popularidad. El presidente brasileño enfrenta crecientes presiones para que cambie el modelo económico. Con indicadores económicos recesivos, envuelto en crisis políticas y criticado desde todos los flancos de la sociedad, Lula vive el peor momento de sus 15 meses de gobierno. Embarcado en una política de ajuste del gasto, debe capear un aumento de huelgas en el sector público y de reclamaciones sindicales.

Aunque aún nadie habla de parálisis económica, la crisis ya no puede ser disimulada por las promesas de crecimiento. La economía de Brasil se contrajo un 0,2% en el año 2003. A comienzos del 2004 hubo señales de recuperación, pero el crecimiento está limitado por los bajos niveles de inversión y un persistente aumento de los precios. El anuncio del aumento del paro se produjo un día después de conocerse que el índice en Sao Paulo, la mayor ciudad de Brasil, es del 19,8%, el más alto desde que en 1985 se comenzó a recopilar estos datos.

Los partidos que apoyan al Gobierno, incluido el gubernamental PT, reclaman con carácter urgente cambios de política económica. A las críticas empresariales, sindicales y sociales se sumó la amenaza de la principal fuerza aliada en el Congreso, el Partido del Movimiento Democrático Brasileño (PMDB), que advirtió que pasará a la oposición si Lula no realiza pronto un giro en la política económica. El PMDB afirmó: “Nuestro apoyo está subordinado a una política que promueva el crecimiento, distribuya ingresos y genere empleo”.

Las críticas surgen también desde el propio Gabinete: al vicepresidente José Alencar, que reclama menos ortodoxia, se sumó Luiz Fernando Furlán, ministro de Desarrollo y uno de los industriales más influyentes del país. Furlán dijo que Brasil “no necesita ser el alumno más educadito de la clase, hay espacio para tener osadía”. En la jerga brasileña osadía significa más desarrollismo y menos ortodoxia. Es también lo que piden quince legisladores del PT, que lanzaron un movimiento para que el Gobierno reduzca la rigidez de la política económica.

La prensa brasileña destaca que quedaron atrás los días en que era inimaginable una protesta contra Lula. “Voté equivocado, voté a Lula y quedé desempleado” y “Despierta, Lula”, decían unas pancartas que portaban trabajadores que se manifestaron en Río durante el día nacional contra el paro. Otra pancarta exhibida en Sao Paulo recordaba: “¿Dónde están los 10 millones de empleos?”, que Lula prometió en las elecciones del 2002.

domingo, março 28, 2004

Índice de hoje 

- Porque o Islão foi ultrapassado pelo Ocidente (ABC, Madrid)
- Um acidente (Diário de Notícias, Lisboa)
- O terror (Diário de Notícias, Lisboa)

Porque o Islão foi ultrapassado pelo Ocidente 

ABC

Por GONZALO ANES Director de la Real Academia de la Historia/
LAS actitudes de los integristas del Islam en estos últimos años han sido motivo de reflexión y de estudio, por la novedad que implica el comportamiento de los asesinos suicidas y por los miles de víctimas que han provocado y provocan cada día.

Los esplendores del Islam en los siglos VIII a XI coincidieron con la penuria de metales preciosos en la Europa cristiana, con dificultades para los intercambios y con unos niveles de desarrollo cultural inferiores a los musulmanes. Hoy la situación es la inversa, por lo que interesa plantear cuáles fueron las causas de la divergencia en la evolución, especialmente en España por haber luchado los reinos cristianos contra el Islam, durante ocho siglos, constituyéndose así en valladar de Europa frente a los impulsos expansivos de los mahometanos.

La acción defensiva de las comunidades cristianas de las cordilleras cantábrica y pirenaica, en el segundo decenio del siglo VIII, frente a los musulmanes invasores, se concretó después en un movimiento de avance hacia el sur, impulsado por un ideal. El cobrar conciencia de la «pérdida de España» y de la necesidad de recuperación dio aliento a la reconquista, empresa común de los cristianos desde el reino de Asturias, los condados pirenaicos y la «marca hispánica» que habría de convertirse en condado de Barcelona. Ortega pensaba que no podía recibir el nombre de reconquista una acción que se mantuviera durante ocho siglos. Quizá no fuera consciente de las dificultades que tuvieron siempre los cristianos para proseguir y para asegurar su avance hacia el sur. Don Claudio Sánchez-Albornoz, gran conocedor de la historia medieval de España, vio la empresa reconquistadora, multisecular en su duración, como caso único en el pasado europeo, ya que no tiene equivalente en ninguna comunidad histórica occidental.

La frontera entre los reinos cristianos y Al-Andalus fue siempre difusa. Se situó más al sur con mayor rapidez cuando los cristianos pudieron aprovecharse de las discordias internas de los musulmanes o cuando consiguieron el avance y ocupar más espacios de los previsibles, a causa de una gran victoria. Los retrocesos fueron siempre la contrapartida de los avances, después de las reorganizaciones en Al-Andalus o por la llegada de nuevas masas islámicas, procedentes de África, ya que reforzaban las posibilidades combativas sarracenas. Así ocurrió siempre, desde el tercer decenio del siglo VIII hasta 1340, cuando se libró la batalla del Salado. Después, se atenuó la acción reconquistadora -y hasta experimentó un letargo secular-, aunque siguió la pugna, sin avances en la frontera, para reanudarse con inesperados bríos en las acciones guerreras que culminaron con la conquista de Granada.

Desde los tiempos de Alfonso II de Asturias que reinó entre los siglos VIII y IX, comenzó a afirmarse la idea de reconquista. Con Alfonso III, la lucha contra los musulmanes se fundó en la idea de la «salvación de España» y de restaurar la unidad perdida de la época visigoda. La idea imperial fue resultado de querer fundar en el reino de León la preeminencia sobre los demás reinos cristianos, por considerarlo sucesor del reino visigodo.

Los reinos cristianos de la península ibérica recibieron influencias culturales y políticas de allende los Pirineos. El goticismo político generado en el reino astur leonés se insertó en una sociedad de cultura mozárabe. Se ejercieron influencias transpirenaicas, consistentes en intercambios culturales y económicos, intensificadas con las peregrinaciones a Santiago de Compostela. También recibieron y transmitieron las de Al-Andalus, consistentes en novedades técnicas, planteamientos filosóficos y conocimientos científicos. Desde la España cristiana, las influencias recibidas del Islam fueron transmitidas a otras tierras del occidente europeo. Lo asimilado por los islamitas de la herencia grecolatina en obras de Platón, de Aristóteles, de Euclides y de tantos otros autores clásicos, traducidas al árabe desde el siglo IX, se transmitió desde Toledo a todo el occidente cristiano. También se recibieron y se propagaron en toda la cristiandad los conocimientos astronómicos, matemáticos, médicos y filosóficos arábigos. Las obras de Averroes y de Maimónides se difundieron, desde la España cristiana, en tierras ultrapirenaicas, contribuyendo así al que se puede denominar primer renacimiento europeo en el siglo XIII.

La evolución política, económica y social de la Europa cristiana tendió a diferenciarse progresivamente de la experimentada por las comunidades islámicas. En los reinos cristianos del occidente europeo, la separación entre religión y política, a pesar de la tensión nunca resuelta entre el poder espiritual y el temporal, facilitó que se formaran instituciones como las cortes, desde fechas tan tempranas como el año 1188, en el reino de León, al convocar Alfonso IX a una curia regia plena a nobles, eclesiásticos y representantes populares.

La capacidad creadora y el espíritu innovador, fomentados por la libertad de iniciativa condujeron a que, con las nuevas técnicas y los inventos, creciera la economía y el bienestar general de las poblaciones.

El estancamiento en las comunidades musulmanas no sólo se perpetuó desde la baja Edad Media en todo el Islam, sino que se produjo una involución motivada por cómo interpretaron el Corán extremistas religiosos que son también dirigentes políticos.

Hay versículos del Corán que incitan a vengarse del insumiso y a exterminar al incrédulo y en los que Alá es presentado como señor de la venganza, y se declara que su maldición caerá sobre los infieles. Por eso se incita, en el Corán, a combatir en nombre de Alá a quienes no compartan el credo mahometano y a matarlos allí donde se les encuentre.

Se ha querido presentar al islamismo como una secta judaica, equiparable al cristianismo. Aunque se trate de una religión monoteísta esa equiparación no es válida en el presente. El evangelio tiene un gran número de pasajes en los que se exalta la comprensión del otro y la tolerancia, y que indujeron con el tiempo, a pesar de persecuciones por motivos de religión, a la coexistencia fomentada por la libertad de cultos. Realidad muy contraria a la que provocan los sentimientos de venganza y crueldad y muerte que han de sufrir quienes no comparten el credo islámico que se defiende. La lectura comparada de los evangelios y del Corán es útil para entender la evolución histórica de las comunidades cristianas, en las que se tendió a «dar a Dios lo que es de Dios y al César lo que es del César», lo que condujo a la separación de la religión y la política. Así, lo espiritual quedó claramente delimitado de lo que corresponde al gobierno y a la existencia material de la comunidad política.

En el islam, religión y política no se separaron. El Corán contiene las esencias de la práctica religiosa mahometana. Se le ve también como código para el gobierno político y para la orientación de las conductas de los particulares. El involucionismo que experimenta un número creciente de islamitas constituye un serio problema para la coexistencia con los fieles de Alá. Hay un número creciente de fundamentalistas dispuestos a exterminar a quienes definen ellos como adversarios, autoinmolándose por estar dispuestos a morir matando. Novedad terrible ésta, descubierta en nuestros días, y ante la que carecemos de defensas por no conseguir entender cómo es posible que se den tales casos de desprecio de la propia vida, en tantos asesinos-suicidas. Esperemos que, como ha ocurrido siempre, ante la eficacia de las acciones ofensivas se descubran los procedimientos de defensa.

Um acidente 

Diário de Notícias

Vasco Pulido Valente (28 de Março)
João Soares anunciou que se vai candidatar a secretário-geral do PS. Em véspera de eleições, que o PS pode eventualmente ganhar, isto quer dizer alguma coisa sobre Ferro. Quer dizer, pelo menos, que ele foi uma desilusão e que já pouca gente acredita que ele mude. De facto, por muito que se procure, não se encontra nesse homem, aliás simpático, as qualidades de um chefe de partido. Para começar, é um mau «comunicador», hoje uma fraqueza grave. Em matéria de oratória, no Parlamento ou num comício, parece o dirigente estudantil que, no fundo, não deixou de ser: berra, exige, ameaça, no mesmo tom exaltado e urgente, e nunca verdadeiramente se consegue fazer ouvir ou impressionar alguém. Na televisão, não tem presença e à-vontade. Está sempre contrafeito, sempre a hesitar entre a pose de estadista, ou de professor, e a conversa fácil e despretensiosa: e, no fim, acaba sempre por dar uma perfeita imagem de insegurança e nervosismo. Também na escolha de pessoas Ferro não mostrou uma particular inteligência. Basta pensar que inventou e promoveu essa catástrofe ambulante que se chama Ana Gomes. De resto, desde o princípio que a gente da sua confiança não brilhou por qualquer espécie de talento ou graça. Pior ainda, no famigerado «caso Pedroso», Ferro exibiu uma instabilidade emocional que não o recomenda para mandar em nada. Mas, sobretudo, falhou na primeira e básica missão que lhe cabia: unir o partido, ou à sua volta, ou à volta de uma política. Não houve um só momento em que o partido o aceitasse sem discórdia e com alguma satisfação e respeito. E, quanto à política, oscila ainda hoje entre a memória do «guterrismo» e as tentações da esquerda, que na realidade Mário Soares define e comanda. Ferro é um acidente, que precisa de um milagre. Os milagres são raros.

O terror 

Diário de Notícias

Vasco Pulido Valente (27 de Março)
Terror gratuito, o «Mal», guerra de civilizações, niilismo e variantes no mesmo espírito é o que aparentemente se percebe da ofensiva da Al-Qaeda no mundo. Nunca por nunca se fala dessa outra coisa prosaica e razoável: objectivos políticos. Mas não terá de facto a Al-Qaeda (o centro e a periferia) um objectivo político? Muita gente sabe que sim e muita gente se cala. Para redimir um Islão humilhado e miserável, há uma condição prévia: libertar os lugares santos. E de quem? Da dinastia Saud. Só de Meca e Medina poderá vir a unidade, inspiração e comando para o renascimento islâmico. Infelizmente, na Arábia, a dinastia Saud gasta em vão o dinheiro do petróleo e, em trinta anos, estabeleceu uma sociedade inviável e um regime obsceno. Que fazer para a liquidar, uma vez que ela vive do apoio militar e financeiro da Europa e principalmente da América? A resposta parece evidente. Primeiro, dissuadir a Europa e a América de qualquer ingerência na questão. Segundo, remover Israel (o aliado ocidental) da superfície da terra. E, terceiro, instalar o «fundamentalismo» nos países muçulmanos, que se inclinem para o compromisso. Não se trata de uma guerra «global», como por aí se diz. Não houve atentado que não fosse dirigido a um, ou vários, destes fins. Quanto ao método, face à superioridade do inimigo, a Al-Qaeda usa fatalmente o terror. Nem as causas do terror são «sociais», nem a negociação serviria de nada. Para acabar com ele, basta que o Ocidente deixe de proteger a dinastia Saud, Israel e meia dúzia de emires do Golfo; e que, de caminho, abandone o Iraque. Simples, se não se contar com a matança, o caos e a pobreza, que a seguir chegariam. Resta que a Al-Qaeda é um movimento político com um programa preciso. Não é uma erupção satânica inexplicável e sem lógica.

sábado, março 27, 2004

Índice de hoje 

- A população palestina está farta da Intifada (ABC, Madrid)
- Kofi Annan faz mea-culpa sobre o Ruanda (Jornal do Brasil, Rio)
- 5 anos depois da invasão da NATO, nada resolvido no Kosovo (Público, Lisboa)
- O último riso do mouro (Público, Lisboa)

A população palestina está farta da Intifada 

ABC

JUAN CIERCO. CORRESPONSAL/
JERUSALÉN. Después de más de tres años y medio de Intifada, sólo dos hechos parecían poder resultar lo suficientemente traumáticos para movilizar a los palestinos y hacerlos salir de manera multitudinaria a las calles de Gaza y Cisjordania.

Dos hechos idénticos pero con dos objetivos distintos. Dos asesinatos selectivos contra los dos símbolos por antonomasia de la lucha y la resistencia palestinas: Yaser Arafat (quien ha pedido protección a la CIA en Tel Aviv) y el jeque Ahmed Yasín.

Cinco días después de la eliminación del líder espiritual y fundador de Hamás, aquellos lodos no se han quedado siquiera en unos humildes polvos. El «asesinato selectivo» de Yasín provocó, como no podía ser de otro modo, una ola de rabia, ira y sed de venganza en Gaza que, tarde o temprano, Hamás se encargará de saciar.

Pero sólo en Gaza. Cisjordania, qué decir de Jerusalén Este donde el primer viernes de oración después de la muerte de Yasín pasó sin pena ni gloria en la Explanada de las Mezquitas tras prohibir Israel el acceso a los hombres musulmanes menores de 45 años, no se levantó. Ni siquiera se puso de puntillas.

Es más, distintos altos mandos del Ejército de Israel han reconocido estar sorprendidos del escaso eco que lejos de Gaza ha tenido la muerte de Yasín. Por supuesto que no niegan la posibilidad de que Hamás vengue el «asesinato selectivo» de su líder (algo que con el tiempo dan por descontado, se intenta día a día, cinco palestinos muertos ayer en distintos incidentes) pero la respuesta popular no ha alcanzado los niveles esperados.

El hastío por una Intifada que dura ya demasiado y les ha aportado muy poco, el drama de los castigos colectivos, la falta de esperanza, la crisis económica, el paro, la anarquía y el caos provocados por la ocupación permanente, la corrupción de sus líderes, la incapacidad de unos primeros ministros (Abu Mazen, Abu Alá) sacados de las chisteras europea y americana sin contar con el pueblo, la falta de aforo en los cementerios, la falta de apoyo internacional, la escasa solidaridad árabe... La población palestina está harta de la Intifada, cree que la revuelta se ha perdido y apuesta porque la luz al final del túnel sea la de una solución salomónica y no la de un tren en dirección contraria.

Esta realidad amenaza también a Arafat. El «rais» teme hoy más que ayer, menos que mañana, ser el siguiente en la lista. No sólo porque una vez más EE.UU. vete en la ONU otra resolución de condena contra Israel por el asesinato de Yasín (unos indignados, otros agradecidos) sino porque ha visto las orejas del lobo palestino. Su hipotética muerte no levantaría quizás tantas pasiones como se pronostica. Ante la incredulidad de sus interlocutores, ha pedido protección a la CIA en Tel Aviv.

Kofi Annan faz mea-culpa sobre o Ruanda 

Jornal do Brasil

NOVA YORK - O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, assumiu ontem a culpa pessoal e institucional pela morte de 800 mil pessoas em Ruanda em 1994, na abertura de uma conferência sobre o genocídio.

- A comunidade internacional é culpada do pecado de omissão - disse Annan, que chefiava a agência de forças de paz da ONU na época e pediu aos países que cedessem soldados. - Eu achava, então, que estava fazendo o máximo que podia. Mas percebi, depois do genocídio, que podia e devia ter feito mais para arrecadar apoio.

Não é a primeira vez que o secretário-geral critica a ONU por seus próprios erros e, segundo ele, as lembranças dolorosas de Ruanda e da limpeza étnica na Bósnia-Herzegovina em meados dos anos 1990 influenciaram ''muito de seu pensamento e muitas de suas ações'' como chefe da entidade.

O pequeno país do centro da África mergulhou na carnificina étnica em abril de 1994, depois que o avião em que viajava o presidente Juvenal Habyarimana foi abatido sobre Kigali.

Em 100 dias, cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados foram assassinados por extremistas hutus armados com machados, enxadas e cassetetes com pontas afiadas. Eles eram incitados por transmissões de rádio.

O genocídio foi contido quando rebeldes liderados pelos tutsis venceram os extremistas hutus, muitos dos quais fugiram para o vizinho Zaire, hoje chamado República Democrática do Congo.

Em abril de 2000, o Conselho de Segurança da ONU admitiu a responsabilidade por não ter interrompido as mortes em Ruanda. Um relatório elaborado pela ONU em dezembro de 1999 acusou a entidade global de timidez, desorganização e desorientação diante do massacre.

- Aprendemos o que temos que fazer, mas acho que não temos vontade política suficiente para chegar a um acordo sobre que tipo de medidas têm de ser estabelecidas para evitar que o ocorrido em Ruanda se repita - disse à comunidade internacional o ministro das Relações Exteriores do Canadá, Bill Graham.

O Canadá tem liderado o esforço de auto-avaliação da ONU em relação a Ruanda.

O general canadense Romeo Dallaire, que chefiava a pequena força da ONU em Ruanda, foi vítima de depressão e quase se suicidou ao voltar para casa, porque o Conselho de Segurança não enviou reforços, apesar de os ruandeses clamarem por socorro.

A conferência teve a presença de testemunhas da matança e depoimentos de autoridades sobre as lições aprendidas no episódio.

Annan determinou que 7 de abril será o ''Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio de Ruanda''.

- Nenhum de nós pode jamais esquecer que um genocídio realmente aconteceu em Ruanda, que ele foi bem organizado e executado em plena luz do dia - disse Annan.

5 anos depois da invasão da NATO, nada resolvido no Kosovo 

Público

Por AMÍLCAR CORREIA
Cinco anos depois da intervenção militar da NATO na Jugoslávia, Kosovska Metrovica continua a ser uma cidade dividida. O que separa as comunidades albanesa e sérvia desta cidade do Norte do Kosovo é um ódio cego, que os militares omnipresentes na ponte sobre o rio Ibar tentam conter. Tem sido assim desde 1999 e o resultado está à vista. A reconciliação entre as duas comunidades parece cada vez mais improvável depois da morte de três crianças albanesas e da série de ataques concertados sobre a população sérvia, que provocou 28 mortes e levou 3600 pessoas a fugir desesperadamente. O que se passou em Mitrovica representa um retrocesso de cinco anos, porque se tratou de uma limpeza étnica contra os sérvios, como salienta o respeitado Veton Surrói, albanês e editor do diário "Koha Ditore". Ou, como diz Harri Holkeri, o finlandês que chefia a a missão da ONU (Unmik) no Kosovo, um "crime contra a humanidade".

Uma intervenção destinada a evitar a limpeza étnica praticada pela população sérvia sobre a maioria albanesa transformou-se no seu contrário: numa progressiva eliminação da minoria sérvia que permaneceu na província. Não é de estranhar, pois, que só a comunidade albanesa agradeça a permanência da NATO na região, como se verificou esta semana, aquando da visita de Javier Solana. O que é mais difícil de aceitar é que quer a ONU quer a Kfor não tenham sido capazes de prever a violência destes ataques, dando razão às críticas da população de origem sérvia, que nunca se considerou cabalmente protegida pelos militares, apesar da acalmia aparente dos últimos anos.

A indefinição em que se encontra a região, que ainda se mantém como parte da Sérvia, mas sob a égide temporária das Nações Unidas, também não ajuda muito. Os albaneses nunca admitiram outro destino para o Kosovo que não a sua independência, "sem condições", como Ibrahim Rugova voltou a lembrar, e não deverão estar dispostos a aceitar a criação de cantões temporários que o Governo da Sérvia propôs e a UE rejeitou. O que a chamada comunidade internacional tem defendido para esta província da Sérvia tem sido apenas o prolongamento do seu limbo jurídico.

Com cantões ou sem eles, a estabilização e progresso do Kosovo, que é igualmente crucial para a Sérvia, Montenegro, Macedónia ou Bósnia, só será possível com uma província multiétnica. Sem essa estabilidade, as condições de vida na província terão tendência a degradar-se ainda mais, uma vez que o seu sector económico foi arrasado pelos bombardeamentos de 1999, cujo paradigma foi a destruição das enormes minas de Mitrovica. E ninguém investirá num Kosovo cujo estatuto político se arrasta indefinidamente.

Mas isso só será possível se o primeiro-ministro, o albanês Bajram Rexhepi, e o líder sérvio Oliver Ivaniovic acordarem nas grandes questões que ainda estão por decidir. A saber: a divisão brutal das duas comunidades nas margens de Kosovska Mitrovica; a falta de protecção dos cada vez menos populosos enclaves sérvios; o regresso legítimo dos refugiados que deixaram o Kosovo na sequência de retaliações da população albanesa; e, por fim, a decisão sobre o futuro estatuto da região.

O último riso do mouro 

Público

Por FOUAD AJAMI
Na lenda da Espanha mourisca, o último rei muçulmano de Granada, Boadbil, entregou as chaves da cidade em 2 de Janeiro de 1492, e numa das suas colinas parou para um último olhar ao seu domínio perdido. O local passaria assim a ser conhecido como El Ultimo Suspiro del Moro. Diz-se que a mãe de Boabdil o amaldiçoou e lhe disse para "chorar como uma mulher pela terra que não podia defender com um homem". Um poeta árabe da nossa época deu voz a um lamento histórico quando escreveu que ao percorrer as ruas de Granada meteu as mãos nos bolsos à procura das chaves das suas casas. Al Andaluz - a Andaluzia - tornar-se-ia uma profunda ferida, uma reminescência de domínios ganhos pelo Islão e depois perdidos. Não admira que cronistas muçulmanos tenham acrescentado "Que Allah a devolva ao Islão", ao contarem e recontarem o destino de Granada.

Balcãs àparte, o moderno Islão desenvolver-se-ia como uma religião afro-asiática. É verdade que os otomanos reivindicariam o Mediterrâneo Oriental. Mas o seu desafio foi neutralizado. A Turquia sucumbiu a uma pretensão europeia, mas nunca seria europeia. A vitória da Europa sobre o Islão pareceu definitiva. Mesmo os muçulmanos dos Balcãs tocados pela cultura otomana se tornaram uma comunidade marcada, deixada para trás pela retirada otomana da Europa como "algas em terra seca".

No entanto, a vingança de Boabdil chegou. Caiu sobre a Europa. A demografia - o envelhecimento da Europa por um lado e por outro uma imensidão de gente no Médio Oriente e no Norte de África - fez o trabalho de Boabdil. Desencadeada pelo crescimento económico dos anos 60, que criou a necessidade de trabalhadores estrangeiros, uma migração muçulmana para a Europa começou. Hoje, 15 milhões de muçulmanos residem na União Europeia.

Os primeiros migrantes estavam ansiosos de chegar a este novo mundo. Viveram com o mito inicial da migração de que a sua estada seria temporária. Mas, para a maioria esmagadora, Argel e Casablanca, Beirute e a Anatólia tornaram-se lugares irrecuperáveis. Com o tempo, haveria assaassínio e agitação no Líbano e no Irão, luta sectária na Síria, e uma longa era de carnificina na Argélia, mesmo em frente de Marselha. A destituição económica espalharia a miséria pelas terras de onde vieram. As taxas de nascimento tiveram o seu efeito demolidor: tornou-se impossível transmitir aos novos cultura e civilização e o velho mundo familiar. A migração tornou-se a única válvula de segurança.

Nos anos 80, terríveis guerras civis foram travadas em países árabes e islâmicos - com os privilégios de um lado, a cólera militante do outro. Os déspotas e a casta militar na Argélia, na Tunísia, na Síria e no Egipto ganharam essa luta. Os seus adversários derrotados fizeram-se ao caminho: a partir de Hamburgo e de Londres e de Copenhaga, a batalha começou. Para ajustar contas com os governantes dos seus países, o trabalho de subversão seria feito a partir da Europa. Fraternidades Muçulmanas alastraram por todo o continente. Nos novos ambientes havia subsídios de segurança social, dinheiro, protecções constitucionais e regras de asilo para ajudar a travar a velha luta.

"Todo o mundo árabe era perigoso para mim. Fui para Londres". As palavras são de um Islamista egípcio, Yasser Sirri. Em Londres, Sirri dirige um centro de observação islâmico e agita contra o despotismo de Hosni Mubarak. Mas Sirri, um homem de 40 anos, é procurado no seu país. Foi três vezes condenado à revelia: uma a 25 anos de trabalhos forçados por fazer entrar no Egipto terroristas armados; a segunda a 15 anos por ajudar dissidentes islâmicos; e a terceira à morte por conspirar para assassinar um primeiro-ministro. Sirri fugiu do Egipto para o Iémen. Mas teve ali problemas, pelo que foi para o Sudão, mas não foi melhor. Apareceu em Londres: aí, teria liberdades, e as protecções de uma cultura liberal. Não haveria extradição para ele, nenhum regresso à justiça sumária do Cairo.

Sirri não esteve a trabalhar no vazio. A geografia do Islão - e da imaginação islâmica - mudou nos últimos anos. A fé tornou-se portátil. os muçulmanos que deixaram os seus países trouxeram o Islão com eles. Os homens vieram para as terrás dos infiéis, mas uma nova geração de islamitas radicalizou ali a fé, no meio dos kafir (os infiéis).

As novas terras não mereciam grande lealdade e os radicais político-religiosos saborearam o espaço atribuído pela sociedade civil ocidental. Mas ressentiram-se da lógica da assimilação. Negaram às suas irmãs e filhas o direito de se misturarem com "estranhos". Pensar-se-ia que o pluralismo e tumulto deste mundo europeu aberto criaria uma versão da fé apropriada. Mas aconteceu precisamente o contrário. Nas terras da descrença, a fé agudizou-se para o combate. Sabemos que a vida em Hamburgo - e a espécie de Islão que Hamburgo tornou possível - foi decisiva na evolução de Mohamed Atta, que dirigiu os pilotos da morte em 11 de Setembro. Foi em Hamburgo que concebeu o ódio à modernidade, às mulheres e ao "McEgipto" de Mubarak. E foi em Hamburgo, também, que um jovem de uma família secular do Líbano se submeteu à transformação que o levaria de de uma escola preparatória católica de Beirute para os controlos de um avião no 11 de Setembro, e ao seu fim trágico perto dos campos de Shanksville, na Pensilvânia. Na sua deterioração económica, o mundo árabe está sem cidades onde os jovens muçulmanos de diferentes terras se possam encontrar. Uma função que Beirute em tempos desempenhou para uma elite mais velha. As cidades europeias apresentam agora essa espécie de oportunidade.

A televisão por satélite tem sido crucial para a construção de um novo radicalismo: os pregadores vão para o ar e chegam aos muçulmanos em toda a parte. A partir da segurança de cidades ocidentais, aconselham a beligerância. Proibem que se aperte a mão das examinadoras nas universidades. Avisam contra as saudações aos "infiéis" nos seus feriados religiosos, ou contra o serviço nos exércitos e polícias das novas terras. "Um muçulmano não tem nacionalidade excepto a sua fé", escreveu um padrinho intelectual do islamismo radical, o egípcio Sayyid Qutb, que foi executado por Nasser em 1966. Numa visita à Arábia Saudita em 2002, escutei um ouvinte telefonar de Estocolmo para um pregador muito popular: "Podemos aceitar as nacionalidades deles, mas pertencemos à nossa religião".

Os fiéis do islamismo radical não pedem desculpas. O que é o laicismo para os muçulmanos na França e os seus líderes militantes? É apenas o código de uma sociedade depravada que deseja impor aos filhos do Islão - em particular às suas mulheres jovens - as formas de uma cultura infiel. Que lealdade é que se deve à França? A cólera da juventude muçulmana da França nos subúrbios é vista como uma vingança sobre a França devido às suas guerras coloniais. A França colonizou a Argélia na década de 1830; os argelinos, juntamente com os tunisinos e marroquinos, devolvem agora o favor.

A França concede aos seus subúrbios muçulmanos tudo e nada. Deixa-os entregues a si próprios, e concede-lhes poder sobre as suas decisões de política externa quanto a assuntos islâmicos e do Médio Oriente; mas não lhes dá espaço quanto ao essencial da sua vida. Os problemas chegaram inclusive à plácida Bélgica. Em Antuérpia, Dyab Abu Jahjah, um jovem libanês, de apenas 32 anos, decidiu dar poder aos muçulmanos do país. A assimilação, diz, é uma "violação cultural". Veio para a Bélgica em 1991, e inventou uma história sobre perseguição; foi um "baixo truque político", diz, e está na natureza das coisas. A Constituição da Bélgica reconhece o holandês, o francês e o alemão como línguas oficiais. Abu Jahjah insiste em que o árabe seja acrescentado.

Os líderes da Europa conhecem os dilemas do continente. Em formas tanto intencionais com subliminares, a fuga para o anti-americanismo é uma tentativa de falsa associação aos povos do Islão. Dêem aos árabes - e às comunidades muçulmanas na Europa - anti-americanismo, dêem-lhes uma identificação com os palestinianos, e sereis poupados à sua cólera. Tocai os tambores da oposição à guerra da América no Iraque e a fúria do islamismo radical poupa-vos. Isto é visto como uma forma de evitar os problemas. Mas não tem saída. É verdade que a Espanha apoiou a campanha americana no Iraque, mas por outro lado a identificação da Espanha com os objectivos árabes tem uma longa história. De todos os maiores países da União Europeia, a Espanha tem sido o mais simpático com a causa palestiniana. Foi só em 1986 que a Espanha reconheceu Israel e estabeleceu com ele relações diplomáticas. Com a única excepção da Grécia, a Espanha demonstrou as mais profundas reservas em relação a Israel. Mas esta história não a protegeu dos bombistas do 11 de Março.

Seja qual for a arquitectura política que a Europa procura, terá de ser construída em proximidade com o Outro Mundo, frente ao Estreito de Gibraltar e numa fase de crise terminal. Não há perspectiva de os governantes de terras árabes oferecerem ao seu povo um contrato social decente, ou as oportunidades da liberdade. É um triste facto que os povos árabes já não fazem reivindicações aos seus chefes. Em vez disso, terroristas como os de Madrid agora procuram satisfação quase só em terra estrangeira.

Não se pode fazer agitação contra Mubarak no Cairo, mas pode-se fazê-lo a partir da segurança de Finsbury Park, em Londres. A ferocidade do debate no mundo árabe sobre a decisão da França em limitar o véu islâmico nas escolas públicas é uma medida desta raiva deslocada. A Espanha poderá atribuir a crueldade que a visitou à sua associação com a expedição da América ao Iraque. Mas a verdade é mais sombria. Jacques Chirac poderá acreditar que poupou à França o terror da Espanha denunciando a guerra no Iraque. Mas está enganado. Os islamistas não fazem distinções claras quanto às terras infiéis.

A Europa é palco de uma guerra entre a ordem e os seus inimigos, alimentada pela demografia: 40 por cento do mundo árabe tem menos de 14 anos. Os demógrafos dizem-nos que a taxa de fertilidade para renovação de populações é de 2,1 crianças por mulher. A Europa está muito abaixo disso; na Alemanha é 1,3, na Itália 1,2, na Espanha 1,1, na França 1,7. Os níveis de fertilidade no mundo islâmico são muito diferentes: 3,2 na Argélia, 3,4 no Egipto e Marrocos, 5,2 no Iraque e 6,1 na Arábia Saudita. Podem dizer aos vizinhos do outro lado do Estreito (e dentro das portas da Europa) que compartilhais a sua rejeição da Pax Americana. Mas a deusa da vingança está perto.

Há cinco séculos, os castelhanos tomaram Granada a Boabdil. Eram uma geração de pastores empurrados por uma lógica malthusiana, seguindo para Sul - e para o Novo Mundo, a partir de Sevilha - para responder às necessidades de Castela. Hoje há grande confusão nas terras islâmicas, e uma crise malthusiana. Se ao menos fosse verdade que só os amigos dos americanos são os visados na Europa. O Novo Mundo é um demónio deste islamismo, é verdade. Mas a velha fronteira entre a Europa e o Islão tem as suas próprias fúrias.

Ajami, professor na John Hopkins, é autor de "The Dream Palace of the Arabs" (Vintage, 1999)

Exclusivo PÚBLICO/ "The Wall Street Journal"

sexta-feira, março 26, 2004

Crise no Hamas e palestinos contra a vingança 

La Vanguardia

HENRIQUE CYMERMAN
JERUSALÉN. – Los principales líderes del grupo integrista Hamas en la franja de Gaza, encabezados por Abdel Azziz Rantisi, Mahmud El Zahar, Mohamed Def y otros jefes del brazo militar, han vuelto a la clandestinidad ante el temor de que Israel cumpla su amenaza de continuar los ataques selectivos contra todo “el que desea matar israelíes”. Ayer, volvieron a cambiar a menudo de casa para huir de los helicópteros y aviones sin piloto israelíes.

En el plano político, Rantisi, nombrado sucesor del jeque Yassin asesinado por Israel, tiene problemas en el seno de Hamas por lo que precisó que su liderazgo se limita a la franja de Gaza y que dependerá de Jaled Mashal, que desde Damasco intentará controlar al grupo. La fuerza de Rantisi, pediatra de 57 años, viene de su autoridad sobre el brazo armado de Hamas, que envía a los hombres y mujeres bomba a Israel.

Contrariamente a Rantisi, que tras la muerte de Yassin, aseguró que “Israel ha declarado la guerra a todo el islam”, Mashal subrayó que Hamas no efectuará atentados fuera de Israel. Ayer, los líderes integristas reiteraron que no atacarán objetivos de EE.UU. y desmintieron cualquier relación con Al Qaeda. Paralelamente, unos 60 políticos e intelectuales de Al Fatah y de otros grupos, pidieron a Hamas que no vengue el asesinato de Yassin, porque provocaría violentas reacciones de Israel.

Piden, además, iniciar una “intifada” en la que se combata por medios pacíficos. Esto coincide con duras críticas en medios palestinos al intento de dos miembros de las Brigadas de los Mártires de Al Aqsa, milicias de Al Fatah, de que Husam Abdu, de 14 años, se inmolara en un puesto de control israelí.

Las imágenes del chico con un cinturón de explosivos y sus declaraciones según las cuales lo hizo por una promesa de entregar 20 euros a su madre enferma y para acceder a las 72 vírgenes del paraíso ofrecidas a los mártires, han causado la oposición de sectores palestinos.

quarta-feira, março 24, 2004

Reforçada a possibilidade de ter havido vida em Marte 

Le Figaro, Paris

Une mer salée a existé sur Mars, où toutes les conditions étaient réunies pour permettre la vie, selon les données collectées par Opportunity, l'un des deux robots géologues américains qui explorent la planète rouge depuis janvier, a annoncé mardi la Nasa.

«Nous pensons qu'Opportunity est situé dans ce qui fut la côte bordant une mer salée sur Mars», a déclaré Steve Squyres, scientifique en chef de la mission Mars Exploration Rover selon lequel il existait sur cette planète «un environnement permettant la vie».

Le robot a permis de démontrer que certains rochers examinés sur Mars résultent de la sédimentation dans l'eau salée, ont précisé les responsables de la Nasa, sans pouvoir pour l'instant déterminer pendant combien de temps cette mer a existé, ni sa taille dans la zone du Meridiani Planum, une grande plaine où est posé le robot Opportunity.

«Ce résultat nous incite à développer notre ambitieux programme d'exploration de Mars pour apprendre si des microbes ont un jour vécu là-bas, et finalement, si nous pouvons» y vivre, a commenté Ed Weiler, administrateur adjoint de la Nasa chargé de la science spatiale. Il a qualifié Mars de «planète la plus semblable à la Terre» connue.

Les résultats présentés mardi par la Nasa, lors d'une conférence de presse à son siège de Washington, ont été vérifiés par des experts indépendants avant d'être rendus publics, a souligné l'agence spatiale américaine.

Les chercheurs, qui contrôlent le robot à partir du Jet Propulsion Laboratory de la Nasa à Pasadena (Californie), vont maintenant le faire rouler à travers la plaine, en direction de rochers exposés, qui forment la paroie d'un cratère.

«Des motifs au sein de couches rocheuses fines indiquent la présence de grains de sédiments de la taille du sable qui ont fait corps, ont été ridés par de l'eau sur une profondeur d'au moins cinq centimètres, peut-être beaucoup plus, qui coulait à la vitesse de 10 à 50 centimètres par secondes», a expliqué John Grotzinger, du Massachusetts Institute of Technology de Cambridge (Massachusetts).

«Ce type de roche est excellent pour préserver les preuves de vie microbienne», a repris Steve Squyres, en précisant cependant que les robots qu'il avait contribué à mettre au point pour cette mission n'étaient «pas équipés pour ce type d'analyse».

«Bien sûr, s'il s'agissait de traces laissées par des dinosaures, les Rovers pourraient les voir», a plaisanté le chercheur, en espérant que les prochains robots envoyés sur la planète rouge emporteraient les moyens de détecter les traces laissées par la vie au niveau microbien.

«Nous devrons un jour prélever des (échantillons de) roches et les rapporter dans des laboratoires terrestres pour les analyser et découvrir le potentiel biologique de Mars», a estimé James Garvin, scientifique chargé du programme d'exploration de Mars et de la Lune à la Nasa.

Opportunity avait déjà fait sensation il y a trois semaines en collectant des indices (présence de chlore et de brome dans les rochers) prouvant que l'eau a un jour été présente en abondance dans le Meridiani Planum, où il s'est posé le 24 janvier, précédé par l'autre robot de la Nasa, Spirit, tombé le 3 janvier dans le cratère Gusev, de l'autre côté de Mars.

L'objectif des robots à six roues était de découvrir si Mars a connu un environnement humide de longue durée permettant la vie. D'un coût de 820 millions de dollars, la mission mobilise environ 300 chercheurs et doit se poursuivre jusqu'à la fin avril et peut-être au delà si les batteries des robots le permettent.

terça-feira, março 23, 2004

Índice de hoje 

- Ainda não se sabe quando começou a vida na Terra (Le Figaro)
- O Bin Laden dos palestinos (ABC, Madrid)
- Houve em Marte um mar de água salgada! (ABC, Madrid)

Ainda não se sabe quando começou a vida na Terra 

Le Figaro

Tourtour (Var) : de notre envoyé spécial Cyrille Vanlerberghe
A quoi ressemblait la Terre, il y a plus de trois milliards d'années, et dans quelles conditions la vie a pu apparaître ? Ils sont une vingtaine, des géologues, chimistes et astrophysiciens venus d'une dizaine de pays différents, à s'être réunis en Provence pour tenter de répondre à cette question. Contrairement aux grands colloques spécialisés où des centaines voire des milliers de chercheurs se croisent et se rencontrent brièvement sans avoir le temps de vraiment échanger des idées nouvelles, les vingt spécialistes choisis ont passé une semaine entière à ne discuter que de la Terre primitive et des origines de la vie dans un calme domaine de l'arrière-pays varois. Tous étaient invités par la fondation privée des Treilles, créée par feue Anne Gruner Schlumberger pour favoriser la réflexion scientifique.

Loin des laboratoires et des tracas du quotidien, isolé du reste du monde dans 50 hectares de bois, de plantations d'oliviers et d'amandiers, les conditions sont idéales pour tenter de lever un coin du voile sur le grand mystère de l'apparition de la vie sur Terre.

«A la fin du colloque, j'espérais qu'on allait pouvoir trouver un consensus afin de publier tous ensemble un article qui ferait référence sur les origines de la vie, avoue Frances Westall, organisatrice de la rencontre avec André Brack, tous deux chercheurs au laboratoire d'exobiologie du Centre de biophysique moléculaire du CNRS à Orléans. Mais au final, j'ai l'impression qu'il y a encore plus d'incertitudes qu'au début.»

«Tout le monde pensait depuis des années que les traces de vie les plus anciennes avaient 3,8 milliards d'années», remarque l'Australien Roger Buick, grand spécialiste mondial des affleurements de Pilbara (3,8 Md années) en Australie occidentale. Désormais, les roches les plus vieilles sur lesquelles tout le monde s'accorde à trouver des traces de vie de manière incontestable n'ont plus que 2,5 milliards d'années.»

L'un des principaux responsables de ce coup de boutoir pour la discipline est un jeune chercheur post-doctorant néerlandais actuellement en poste au Centre de recherches pétrographiques et géochimiques du CNRS à Nancy. Au cours d'un brillant exposé d'une heure, Mark van Zuilen a réussi à dynamiter point par point la plupart des précédentes «preuves» de la présence de traces d'activité biologique dans des roches vieilles de 3,8 milliards d'années à Isua, dans le sud-ouest du Groenland. Les premières bactéries dont on pensait avoir trouvé les reliques.

Depuis les années 50, la méthode de mesure des rapports isotopiques du carbone 13 sert à déterminer, d'une manière que l'on considérait jusqu'alors comme infaillible, si le carbone trouvé dans des roches est le produit d'une ancienne activité biologique ou au contraire issu de classiques processus chimiques. Cette méthode s'appuie sur le fait que les organismes vivants ont tendance à utiliser plus facilement le carbone 12 que la forme plus lourde de carbone 13. En conséquence, les restes d'organismes biologiques contiennent moins de carbone 13 que le niveau de référence trouvé dans l'air ambiant. Pour les spécialistes, la mesure isotopique du carbone 13 a donc longtemps été un biomarqueur, témoin d'une ancienne activité biologique, incontournable.

Grâce à de très minutieuses analyses faites avec le géologue norvégien Aivo Lepland sur des petites inclusions de graphite (du carbone presque pur), Mark van Zuilen a montré que l'utilisation de cette technique était loin d'être fiable. Il a par exemple prouvé que, dans certains cas, la signature isotopique n'indique que la présence d'une contamination bien plus récente que l'âge des roches elles-mêmes. Autre mauvaise surprise, les deux chercheurs ont expliqué comment les grains de graphite trouvés dans certains cristaux ne pouvaient pas être des résidus d'anciens organismes mais devaient au contraire avoir été produits au cours de transformations subies par les roches en profondeur, à haute température et à de grandes pressions.

Le seul rescapé de cet exercice de démolition est le professeur Minik Rosing de l'université de Copenhague, un des participants du colloque. Il fait partie de ceux qui ont trouvé des traces de vie dans des roches de 3,8 milliards d'années à Isua au Groenland, et ses analyses résistent encore aux études complémentaires faites par van Zuilen et Lepland. Cependant la démarche de vérification de la méthode isotopique du carbone 13 a prouvé qu'elle ne pouvait plus être considérée comme fiable à 100%. «Les mesures de Minik Rosing sont tout à fait bonnes, commente Mark van Zuilen, mais je serais très prudent avant d'affirmer qu'il ne peut s'agir que d'êtres vivants.»

Après avoir attentivement écouté l'exposé du jeune chercheur hollandais, l'Américain Sam Bowring du Massachusetts Institute of Technology (MIT), l'homme qui a daté les plus vieilles roches au monde (4 milliards d'années au Canada), remarque d'un air vraiment ennuyé : «Nous avons perdu notre principal biomarqueur, il va falloir beaucoup réfléchir pour en trouver un nouveau aussi puissant.»

Avec une approche différente, l'Allemand Wladislaw Altermann, actuellement chercheur associé au CNRS à Orléans, a également eu une démarche de clarification sur l'état des recherches dans sa discipline. Il s'est attaqué à une polémique qui fait rage au sein de la communauté scientifique, à propos des plus vieux fossiles jamais observés. Ces étranges bactéries fossilisées ont été découvertes en 1993 par l'Américain William Schopf dans les roches d'Apex, vieilles de presque 3,5 milliards d'années et situées dans l'ouest australien. Mais en 2002, le Britannique Martin Brasier, de l'université d'Oxford, est venu contredire les affirmations de Schopf, expliquant qu'il ne s'agissait absolument pas de fossiles, mais de motifs filamenteux créés de manière géologique par des infiltrations dans les roches (nos éditions du 11 mars 2002). Très rapidement, la polémique entre les deux chercheurs s'envenime, à la fois sur le plan humain et scientifique, sans que la situation ne se clarifie dans un sens ou dans l'autre.

Dans ce contexte très brouillé, Wladislaw Altermann a décidé de se faire un avis lui-même, et s'est penché sur les échantillons de roches tant controversés. Au terme de fastidieuses études au microscope, il s'est aperçu que les deux chercheurs faisaient des assertions fausses. Certains des fossiles vus par Schopf ne sont en fait que des artefacts, mais en revanche, d'autres semblent être de véritables empreintes laissés par de très anciennes bactéries, contrairement à ce que prétend Brasier. Malheureusement, Altermann remarque qu'il manque un élément crucial pour pouvoir vérifier l'âge de 3,5 milliards d'années : William Schopf ne fournit pas l'analyse géologique du contexte dans lequel ont été prélevés les nombreux échantillons de roches. Impossible donc d'être certain que les fossiles sont aussi vieux que les roches dans lesquels ils se trouvent !

Encore plus que les signatures chimiques, l'interprétation des formes laissées par de microscopiques bactéries dans des roches vieilles de plusieurs milliards d'années divise la communauté des chercheurs. Frances Westall a par exemple montré à ses confrères des images étonnantes de microfossiles vus par microscope électronique à balayage, pris dans des roches provenant de Pilbara en Australie et de Barberton en Afrique du Sud, toutes plus vieilles que 3,4 milliards d'années. On y découvre avec stupeur des filaments à l'aspect souple, malgré leur pétrification ancienne, ainsi que des grappes de petites sphères. Des traces de colonies bactériennes ? Malgré la démonstration très convaincante faite par la chercheuse britannique, certains géologues restent sceptiques et estiment que les formes décrites ont très bien pu être formées par de simples processus géologiques ou chimiques, et non pas par des microbes primordiaux.

Il paraît en fait impossible d'arriver à un consensus sur l'âge des plus anciennes formes de vie que la Terre a porté. Tous ces travaux sont en fait rendus très difficiles par le nombre très réduits de témoins restants des premiers âges de la Terre. Les affleurements de roches vieilles de plus de 3,5 milliards d'années se comptent sur les doigts de la main, et la plupart des roches ont été très fortement transformées au cours de l'histoire de la Terre. «Nous avons très peu de sites à étudier, ne faisant que quelques kilomètres carrés chacun, et aucun moyen de nous assurer que ce que nous y observons est représentatif de l'état de la planète entière dans le passé», résume Nicholas Arndt, chercheur au Laboratoire de géodynamique des chaînes alpines à l'université de Grenoble. A moins de découvrir par miracle de nouveaux affleurements dans un état parfaitement conservé, l'arrivée de la vie sur Terre pourrait garder très longtemps ses secrets.

O Bin Laden dos palestinos 

ABC

MADRID. Víctor Harel, embajador israelí en Madrid, es un diplomático curtido y muy sensible al problema del terrorismo, sensibilidad acrecentada con su destino en España.

-¿Cuál es el significado de la eliminación del jeque Yasín?

-Significa para los israelíes el fin de un personaje digno de Al Qaida, el Bin Laden de los palestinos, que nada tenía de trascendencia religiosa y sí de líder terrorista. Israel está en guerra contra el terrorismo y él planeaba y daba su aprobación final a los ataques terroristas contra nuestro pueblo.

-¿Qué representaba su figura para Israel?

-Todo lo relacionado con él era negativo. Fue acusado del crimen de dos israelíes y condenado por ello a cadena perpetua. Luego fue liberado en un intercambio de prisioneros acordado con Jordania. No era un líder religioso sino una fuente de violencia.

-¿Cuál puede ser la reacción de los radicales palestinos?

-Creo que será la misma de siempre, ni más ni menos. Están empeñados en una campaña de terrorismo mortal contra Israel. Quieren echarnos al mar y nosotros estamos en guerra con Hamás, que desempeña el papel de Al Qaida entre los palestinos. No hacen política, sólo siembran la muerte. Es su único objetivo.

-¿Sirven estos asesinatos para acabar con el terrorismo?

-Considero que terminar con el terrorismo es difícil. Israel está dispuesto a emplear todos los medios a su alcance, incluyendo en un momento determinado el diálogo, pero ese momkento no ha llegado aún porque no se puede dialogar mientras haya muertos encima de la mesa. Estas acciones del Ejército israelí son un medio más para combatir el terrorismo.

Houve em Marte um mar de água salgada! 

ABC

El robot "Opportunity" ha descubierto en la superficie de Marte lo que fue un mar de agua salada, anunciaron hoy los científicos del proyecto.

La cámara del "Opportunity" ha detectado la presencia de finas capas de roca que presentan características típicas de una
erosión causada por ondas de agua, similar a la originada por las olas de un mar o un lago sobre la orilla.

Además, los instrumentos de análisis han detectado en ese punto la presencia de cloro y bromo, lo que apunta a que esas
aguas eran ricas en sal.

segunda-feira, março 22, 2004

Obesidade mental 

Diário de Notícias

João César das Neves
Foi em 2010 que o prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro Mental Obesity, que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.» Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma "alimentação intelectual" tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado Os abutres, afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.» Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.»

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras. «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma "idade das trevas" ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, de-senvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»

domingo, março 21, 2004

Índice de hoje 

- Há 750 milhões de anos o gelo chegava ao equador (Le Monde, Paris)
- Do Iraque ao Kosovo (ABC, Madrid)
- Democracia é utopia para o Iraque (Jornal do Brasil, Rio)
- Do mal o menos... (Público, Lisboa)
- O programa (Diário de Notícias, Lisboa)

Há 750 milhões de anos o gelo chegava ao equador 

Le Monde

Puis, en 1998, s'appuyant sur les connaissances accumulées tant en ce qui concerne la tectonique des plaques que les mécanismes climatiques, Paul Hoffman et Daniel Schrag (Harvard) ont émis l'hypothèse, dans un article publié par la revue Science, que notre globe avait été pendant cette période, et à plusieurs reprises, entièrement recouvert d'une épaisse couche de glace. C'est la théorie désormais célèbre de la Terre boule de neige (Snowball Earth).

Comment un tel phénomène a-t-il pu se produire ? Une équipe franco-américaine dirigée par Yannick Donnadieu, climatologue au laboratoire des sciences du climat et de l'environnement CNRS/CEA de Gif-sur-Yvette (Essonne), propose dans la revue Nature du 18 mars un scénario élaboré par un nouveau modèle climat/géochimie (Geoclim), financé par le programme Eclipse (Environnement et climat du passé, histoire et évolution) du CNRS.

Les résultats de ce modèle montrent que "la glaciation de la Terre a été provoquée par une importante diminution du gaz carbonique dans l'atmosphère". Diminution due "à la dislocation du super-continent Rodinia -qui-, à l'époque, -était- centré sur l'équateur, et s'étendait du 60e degré de latitude nord au 60e degré de latitude sud", explique Yves Goddéris, physicien au Laboratoire des mécanismes et transferts en géologie (CNRS/université Paul Sabatier/Institut de recherche pour le développement), à Toulouse (Haute-Garonne).

Le Rodinia, racontent les chercheurs, a commencé à se fracturer il y a 800 millions d'années sous l'effet de points chauds, sortes de lances magmatiques qui traversent la croûte terrestre et crachent d'énormes quantités de lave. Cet événement s'est accompagné de l'ouverture d'océans et de bras de mer qui ont augmenté la quantité de vapeur d'eau présente dans l'atmosphère, et donc les pluies. Le carbone présent dans les pluies sous forme de gaz carbonique s'est bientôt retrouvé dans l'océan, piégé dans les sédiments sous forme de carbonates.

Dans le même temps, les énormes écoulements de laves produits par la fracture du Rodinia formaient des surfaces basaltiques à la surface des continents. "Or ces dernières consomment huit fois plus de carbone qu'une même surface granitique quand elles s'érodent sous l'effet de l'humidité", précise Yves Goddéris.

Tous ces processus, qui se sont poursuivis pendant 30 à 40 millions d'années, ont diminué considérablement la quantité de CO2 présente dans l'atmosphère. Cela a fait descendre la température moyenne à la surface du globe de 8 degrés. Les glaces ont alors atteint 30 degrés de latitude, et leur surface a réfléchi encore plus le rayonnement solaire vers l'espace. Puis, il y a 750 millions d'années, "la glace est descendue jusqu'à l'équateur, et la température moyenne du globe est tombée jusqu'à - 40 degrés (- 20 degrés à l'équateur, et - 80 degrés aux pôles)", raconte le chercheur.

Heureusement pour la vie terrestre, la Terre n'en est pas restée là. Malgré la glace, l'activité volcanique a continué à émettre du CO2 dans l'atmosphère. "Lorsque la concentration de ce gaz a atteint 350 fois celle d'aujourd'hui, il s'est produit un effet de serre suffisant pour amorcer la débâcle." Le climat est en effet devenu rapidement très chaud, et est monté jusqu'à une moyenne de 25-30 degrés. Un scénario qui permet de comprendre pourquoi de telles glaciations ne se sont pas renouvelées ultérieurement. Car une configuration exclusivement équatoriale des continents ne s'est plus jamais produite.
Christiane Galus

Do Iraque ao Kosovo 

ABC

No corren buenos tiempos para las misiones internacionales en lugares en conflicto. Un año después de iniciada la guerra, Irak amanece cada día bajo el estruendo de las bombas. Tras esa cortina de fuego y destrucción es difícil entrever un futuro mejor para el país, aunque las condiciones de vida se hacen más llevaderas de día en día y una mayoría de iraquíes considera que sus vidas discurren hoy mejor que antes de la guerra. Habría sido ingenuo pensar que una dictadura de casi cuarenta años, y la red de complicidades que es capaz de anudar durante todo ese tiempo, desaparecería sin más de la noche a la mañana.

En el caos del vacío administrativo provocado por una intervención militar para la que no se había previsto un ordenado periodo de posguerra, prosperan las acciones de los desheredados del antiguo régimen y de las hordas de terroristas irredentos expulsados de otros escenarios. Pero sería tanto o más ingenuo concluir, invirtiendo la relación de causalidad, que la retirada de las tropas extranjeras detendría la ofensiva terrorista contra Irak. Quienes están detrás de las bombas no persiguen la expulsión de los ocupantes. Al contrario, los necesitan para justificar sus matanzas. Lo que pretenden es la restauración de un régimen de terror que sirva de plataforma para el desafío universal que han lanzado contra el mundo occidental, sus principios morales y sus normas de convivencia. La presencia internacional en Irak tiene por objeto evitar que eso ocurra. Los escrúpulos, legítimos, que haya podido suscitar la guerra no deben hacernos perder de vista cuáles son, hoy, los fundamentos del compromiso de los países decentes del mundo con el pueblo iraquí.

Puestos a esgrimir escrúpulos legalistas, conviene recordar, ahora que los acontecimientos vuelven a torcerse en Kosovo, que la intervención militar de la OTAN en aquella provincia autónoma serbia, de la que se cumplen ahora justamente cinco años, se realizó sin la cobertura legal del Consejo de Seguridad de Naciones Unidas, bloqueado por la amenaza de un veto ruso. Hubo también allí muchas víctimas inocentes. De hecho, fue en Kosovo donde se acuñó el término «daños colaterales». Nadie se rasgó las vestiduras entonces porque, pelillos a la mar, la intervención militar de la OTAN parecía haber conseguido los objetivos que se había propuesto. Las acciones concluyeron con el fin de las hostilidades entre las comunidades serbia y albanesa y contribuyeron a la posterior caída en Belgrado del régimen de Milósevic.

Ahora se ha visto, sin embargo, que el armisticio impuesto por las tropas de la OTAN, que siguen sobre el terreno, es muy precario. Los asesinatos entre miembros de ambas comunidades no han dejado de producirse durante todo este tiempo, y la ausencia de violencia solo parece garantizada por la segregación. En los últimos días, ese orden ficticio corre el riesgo de saltar por los aires, de forma que no sería posible garantizar ni siquiera una apariencia de paz. ¿Quiere ello decir que deberíamos revisar ahora nuestros juicios sobre aquella intervención «ilegal» y retirar nuestras tropas sobre el terreno? Irak y Kosovo. Quien defienda dos salidas distintas para ambos atolladeros debería explicar por qué.

Democracia é utopia para o Iraque 

Jornal do Brasil

Olivia Hirsch
Um ano após o início da guerra, o Iraque está longe de ser a democracia prometida pelos Estados Unidos. Mas, para alguns, o sonho de um Iraque livre de ditaduras não está apenas distante, é praticamente inviável.

Na opinião de Bruce Russett, professor de Democracia e Relações Internacionais da Universidade de Yale, o projeto de transformar o país árabe em um Estado democrático nunca foi muito realista. Segundo ele, os falcões da Casa Branca subestimaram o desafio quando decidiram invadir a terra de Saddam Hussein.

- Acredito firmemente na democracia e há estudos que apontam que os países que adotam esse regime praticamente não entram em guerra entre si - afirmou o especialista. - A probabilidade de regimes fortemente ditatoriais entrarem em uma guerra é sete vezes maior que a de um Estado onde a democracia é consolidada - acrescentou.

Segundo Russett, há características individuais de cada país que favorecem a implementação do regime democrático. O Iraque, no entanto, não cumpre nenhum desses requisitos.

O especialista afirma que as possibilidades de adoção do regime aumentam enormemente quando o país já teve uma experiência democrática antes, como no caso do Japão e da Alemanha antes da Segunda Guerra. Outro fator importante, segundo Russett, é que a população tenha um nível sócio-econômico relativamente alto.

Outro ponto que favorece a implementação do sistema democrático é que a economia do país não seja dependente do petróleo.

- É a chamada ''maldição do petróleo'' - explica Russet. - Esta matéria-prima poderia melhorar o nível de vida da população, mas infelizmente é investida de forma errada. De todos os países que são grandes exportadores, apenas um tem uma democracia que pode ser considerada estável: a Noruega. E isso porque os noruegueses descobriram suas reservas um século depois de terem adotado o regime democrático - observou.

Para o professor americano, o dinheiro obtido com venda do ''ouro negro'' permite aos governos subornar as forças de segurança internas, comprar equipamentos militares de alta tecnologia e formar grupos que os protegem.

Além disso, há um último fator que contribui para que não se estabeleçam regimes ditatoriais: que os países vizinhos sejam democráticos.

- A América do Sul finalmente aprendeu a importância disso - ressaltou o especialista que, no entanto, comentou que alguns países ainda representam um desafio para a região.

A Venezuela, do presidente Hugo Chávez, e o Haiti, na América Central, que até pouco tempo era governado por Jean-Bertrand Aristide, são nações que escolheram seus representantes democraticamente, mas, que segundo o professor, sofreram um ''autogolpe''.

- É diferente daqueles países que tinham um presidente eleito, mas que foi derrubado por um golpe de Estado. Nesses dois lugares os representantes de governo foram escolhidos nas urnas, mas tornaram-se ditadores quando assumiram o poder. A questão é: a soberania deve ser mais importante que a proteção da democracia? - perguntou.

Para Russett, esse é um problema que a própria região deveria resolver e não os EUA, que ''têm se atrapalhado ao interferir nesses assuntos''.

Recentemente, Aristide acusou os americanos de o terem seqüestrado, obrigando-o a deixar o Haiti. E em 2002, os EUA já haviam sido acusados de terem apoiado a oposição que derrubou Chávez por apenas 48 horas.

Do mal o menos... 

Público

Por ANTÓNIO BARRETO
O segundo aniversário do governo proporcionou balanços e comemorações. Discursos, artigos de jornal e entrevistas. E até uma interpelação parlamentar conduzida pelo Partido Socialista. Foram momentos úteis para reflectir e avaliar. Mas que não ajudam a levantar o moral de um país que vive já em crise social e económica, além de razoavelmente desalentado. E muito desinteressado na política.

O governo tem-se deixado enredar nas suas próprias insuficiências e deficiências. Sem oposição de relevo, não soube governar com rapidez, inteligência e realismo. Não conseguiu surpreender, muito menos tomar a iniciativa da acção pública, prever e prevenir. Proclama alto e bom som, mas acaba quase sempre por preferir as meias tintas e a espera. Não teve a ousadia dos grandes reformadores, nem a coragem dos revolucionários. Não conhece a serenidade dos aristocratas, nem o atrevimento dos plebeus. Está convencido de que a gestão, na sua versão mais estática, é a arte suprema da governação. Apesar das excepções, a maioria dos seus toscos ministros comporta-se como se estivesse em estágio de aprendizagem, dando embora sinais de cansaço prematuro. No seu conjunto (e salvo, uma vez mais, as excepções pessoais e sectoriais), o governo oscila entre o medíocre e o sofrível.

Gostaria, no entanto, que continuasse a cumprir o seu mandato até ao fim. Por duas razões. Primeira, porque o cumprimento de legislaturas integrais é um valor em si próprio e, salvo drama ou desastre, deve ser respeitado e preservado. Segunda, porque, com o que sabemos, o governo alternativo, chefiado por Ferro Rodrigues e composto pelos amigos que actualmente dirigem o partido, seria muito pior e mais perigoso. Reconheço que esta opção não parece ser de grande política e não é de certeza gloriosa. Mas prefiro a deficiência ao desastre. É ao que estamos reduzidos.

Algumas esperanças e expectativas de há dois anos, de que o governo beneficiou durante um tempo, foram-se esfumando até desaparecer do horizonte. Os critérios de nomeação de chefias do serviço público e de recrutamento pelo mérito foram sendo esquecidos e regressámos, há muito, ao velho e habitual padrão da nomeação partidária e da "confiança política", chaga incurável da ida pública nacional. Têm-se revelado de extraordinária pobreza o pensamento, a estratégia e a acção de reforma da Administração Pública. São por demais evidentes as hesitações e a tibieza em sectores decisivos como os da saúde, das obras públicas, das questões urbanas, do ambiente e da administração interna. Na justiça, assistimos espantados a um verdadeiro desastre. Na educação, parece ter-se instalado uma anemia tímida e receosa, enquanto a penúria é a rainha e senhora da cultura. É evidente o medo que os dirigentes e governantes têm dos grupos de pressão: de alguns grupos económicos, de certas empresas poderosas, dos médicos, dos advogados, dos juízes, dos procuradores, dos professores e dos enfermeiros. Nota-se a opacidade absoluta da política económica e da estratégia de desenvolvimento, não faltando as suspeitas de que há relações privilegiadas com certos grupos em detrimento de outros. Os sinais de covardia política, como no caso do aborto, vão de par com indicações frequentes de demagogia patrioteira. E não esconde o governo o desconforto que lhe provocam os sociais-democratas, desorientados e inquietos como vivem por causa das obsessões presidenciais.

Na acção do governo sobressai a firmeza com que luta pela saúde das finanças públicas. Mas ainda faltam dois anos para vermos se a sua conduta é realmente responsável e não é abalada pela pressão eleitoral. Além disso, o governo não sinais de saber o que fazer com a economia, além de esperar que o crescimento surja espontaneamente das finanças em ordem e da retoma europeia. Finalmente, a posição do governo relativamente aos défices francês e alemão retirou força moral e autoridade à sua política, deu razão à demagogia financeira e fundou as piores suspeitas quanto à sua própria firmeza.

Do lado da oposição, não estamos em melhor estado. A fuga de Guterres não retirou ao partido as suas, boas ou más, ideias políticas. Mas destruiu-lhe a fibra moral e a confiança. E fez com que os seus Barões se entregassem aos supremos prazeres do canibalismo e da traição. Quando não do silêncio assassino. Peritos, há anos, em oposição, os socialistas nem sequer desempenham agora um papel relevante. Além de entregar o governo aos seus adversários, o abandono de Guterres deixou-os traumatizados. Perderam a cabeça com o processo dito da pedofilia. Têm vindo a agravar o estilo arruaceiro e as políticas demagógicas de que se pretendem orgulhosos autores. Estão cada vez mais híbridos e descaracterizados. Não perceberam as razões por que perderam. Não reconheceram os erros cometidos. São incapazes de criticar o universo de desperdício e facilidade que criaram. Continuam a pensar que gastar e distribuir, sem poupar nem produzir, é o modelo de política responsável. Persistem em crer que se pode e deve viver com as finanças públicas em perpétuo estado de bancarrota. A convite de Chirac e Soares, do Bloco e do PCP, enveredaram por estranhos caminhos de política europeia e externa. Adoptaram o estilo do PCP que, há quase trinta anos, berra no Parlamento e na rua, exigindo a demissão de cada um e de todos os ministros. Por este andar, os socialistas merecem um longo estágio na oposição.

O Dr. Mário Soares é um dos políticos mais inteligentes e hábeis do nosso século XX. Deixou a sua marca indelével na história de Portugal. Por isso é desolador que, à sua excepcional obra e ao seu formidável percurso, tenha agora acrescentado este perigoso e desmoralizador contributo: "É preciso negociar com os terroristas"! Ele não disse "opositores", "adversários", "colonizados", "oprimidos" ou "resistentes". Disse "terroristas". Nunca alguém o dissera antes dele. E creio que ninguém o dirá depois. Mas ele disse!

O programa 

Diário de Notícias

Vasco Pulido Valente (19.Mar.2004)
O PSOE ganhou. Sobre isso, um comentário. Quando chegou a Paris, depois de ter entregue a Checoslováquia a Hitler e garantido a guerra a troco de um papel e de um ano de paz, Daladier, o primeiro-ministro da França, encontrou uma enorme multidão no aeroporto. Supôs que o iam matar. Não iam: foi um triunfo. «Idiotas», disse ele. De facto. Seja pelo que for, e sabendo ou não o que fazia (o sentimento e a virtude aqui não contam), o eleitorado espanhol escolheu uma política, a da Esquerda. E o que é essa política? Na ordem externa, isolar a América e reduzir a influência americana no mundo; transformar a UE num Estado federal (com uma Constituição e uma polícia própria); negociar com todo o terrorismo (como Soares já recomendou); e só abandonar uma neutralidade de princípio por um interesse evidente da «Europa». Na ordem interna, ceder a qualquer espécie de separatismo (a benefício de Bruxelas); impor uma tutela pública às multinacionais (porque se trata de uma «gigantesca Máfia»); e persistir num inviável «modelo social». Este programa, também defendido por Soares e, com nuances, pela Esquerda portuguesa inteira, não passa do clássico programa do apaziguamento e da trincheira com que sempre se espera resistir à mudança e ao perigo. Mas reflecte com exactidão a vontade da «Europa». Como aconselhava Salazar, a «Europa» quer que a deixem viver «habitualmente». Em segurança, sem incerteza, sem complicações. O programa da Esquerda parece responder a este deplorável desejo. Infelizmente, é a receita para a decadência e a catástrofe. Sem a América a «Europa» fica desarmada e o Islão (o «bom» ou o «mau», como preferirem), mesmo se lhe derem Israel, nunca aceitará o mais ligeiro compromisso.

sábado, março 20, 2004

Índice de hoje 

- A doença do Islão (Le Temps, Genève)
- Estratégia do Islão (Le Temps, Genève)
- A pé ou de carro, a revolução GPS (Le Temps, Genève)
- A Europa em guerra (Le Figaro Magazine, Paris)
- Solana diz que a Europa "não está em guerra" contra o terrorismo (ABC, Madrid)
- Bush recorda que na guerra em curso contra o terrorismo não cabe a neutralidade (ABC, Madrid)
- A ONU incapaz no Kosovo (Le Soir, Bruxelas)

A doença do Islão 

Le Temps

Patricia Briel
Ecrivain et poète né à Tunis, Abdelwahab Meddeb est un intellectuel précieux dans l'aréopage restreint des nouveaux penseurs de l'islam. Nourri à la tradition islamique, pétri de culture occidentale, ce professeur de littérature comparée à l'Université Paris X-Nanterre, qui donne également un enseignement sur le soufisme à l'Université de Genève, souligne la nécessité pour les musulmans de procéder à leur autocritique plutôt que de se déresponsabiliser en accusant l'Occident d'être la cause de tous leurs maux. Dans Face à l'Islam, il prône une critique ouverte et raisonnée de l'islam, n'hésitant pas à dire qu'il aurait pu témoigner en faveur de Michel Houellebecq lors du procès qui lui fut intenté pour ses propos anti-islamiques, tant il juge «bêtes et détestables» les signaux projetés sur le monde par les manifestations d'«un islam massivement marqué par l'islamisme diffus». Négligeant la plainte stérile, écartant la vaine rhétorique de la victimisation et de l'humiliation, Abdelwahab Meddeb, qui est aussi directeur de la revue Dédale, appelle les musulmans à recouvrer leur dignité en osant un dialogue apaisé et fécondant avec la modernité occidentale, afin de devenir à nouveau créateurs de civilisation.

ENTREVUE

Samedi Culturel: Hier New York et Washington, aujourd'hui Madrid, et demain peut-être Rome, Londres ou Paris. L'islamisme a déclaré la guerre à l'Occident. Comment expliquer une telle haine?

Abdelwahab Meddeb: Je n'ai pas douté un seul instant que les attentats de Madrid étaient le fait d'islamistes. Ce type d'actions est injustifiable, même s'il est vrai que le Coran porte dans sa lettre la violence et l'appel à la guerre. Mais l'interprétation de la lettre dépend de la lecture qu'on en fait. Les intégristes sont des littéralistes aveuglés qui prennent au mot l'injonction de la sourate IX à tuer les polythéistes, les juifs et les chrétiens. Cependant, la notion de djihad telle qu'elle est appliquée par les islamistes ne respecte pas la manière avec laquelle elle a été codifiée dans la Tradition.
Dans un précédent ouvrage intitulé La Maladie de l'islam**, j'ai expliqué comment le musulman était devenu l'homme du ressentiment. Le monde musulman a connu un très grand moment de civilisation qui a entamé son déclin à partir du XIVe siècle. Le Musulman, qui se considérait comme supérieur ou au moins égal à l'Occidental, n'a pas compris le processus qui l'a conduit à être dominé par le protagoniste européen. Ainsi, le monde musulman n'a cessé d'être inconsolé de sa destitution. Les intégristes sont des gens qui ne sont pas guéris de la blessure éprouvée par le musulman d'avoir été changé en dominé après avoir été dominateur. A mon avis, les actes terroristes perpétrés par les islamistes s'expliquent par la croissance du ressentiment. L'intégrisme est la maladie de l'islam. Pourtant, même destitués, les musulmans n'ont jamais réagi de cette manière. Ces massacres de masse sont nouveaux. Mais peut-être la blessure est-elle inguérissable. A son tour, l'islam est devenu illustrateur de la barbarie, comme l'a été l'Allemagne nazie pendant la Seconde Guerre mondiale.

Quel a été le rôle de la colonisation dans l'infection de cette blessure?

Avant d'aborder les causes externes de la maladie de l'islam, il convient d'examiner ses causes internes. Le ressentiment ne s'est pas installé mécaniquement après la confrontation coloniale. Un long temps est passé avant que le germe du ressentiment ne croisse. Cependant, l'origine de cette évolution se situe dans la fin de la créativité de l'islam. Depuis qu'il a pris conscience de cette stérilité, l'islam est inconsolé de sa destitution. Or cet état de choses ne date pas de l'époque coloniale. La domination subie par la plupart des pays musulmans n'est d'ailleurs pas la cause de leur déclin mais la conséquence.
L'intégrisme est né aussi de l'échec de l'occidentalisation des sociétés musulmanes. Evacuée et abîmée, la tradition ne s'est pas renouvelée, et l'européanisation est restée superficielle. Cette double carence a créé un terreau fertile pour la croissance de l'islamisme. A l'instar d'autres pays musulmans, la Tunisie a connu une mort anthropologique, qui s'est manifestée par la perte de la diversité de la culture populaire islamique et de ses coutumes. Toutes les différences à l'intérieur de l'islam sont en train de disparaître et d'être remplacées par une uniformité insipide, dont le voile est un exemple.
Enfin, le wahhabisme a joué un rôle incommensurable dans la propagation de l'intégrisme. Il a ramené l'islam à la lettre du Coran, la religion à l'application de prescriptions, et fait de la coercition de la pratique et de la censure le critère de l'intégration dans la société.

La maladie de l'islam puise donc également ses racines dans le déficit d'interprétation du Coran?

Oui. L'islam attend toujours son Spinoza pour l'initier au libre examen des Ecritures. Il est en effet temps de distinguer entre la part éternelle et la part périssable du message coranique. Malheureusement, c'est la partie la plus médiocre qui semble durer en islam, à savoir les dimensions légaliste, politique et guerrière que comporte le Coran. La principale raison du déclin de l'islam vient du fait qu'il n'a pas réussi à neutraliser le dogme qui attribue la Loi à Dieu. C'est pourquoi il est nécessaire de réactiver l'exégèse critique du Coran, afin de renvoyer les archaïsmes comme la guerre sainte, les châtiments corporels, la polygamie ou la discrimination sexuelle à la situation historique qui a vu leur apparition. Le Coran est un texte ambivalent, et sa lettre n'est pas univoque. Le propre du langage est de porter l'ambiguïté. Vouloir éradiquer celle-ci est une folie, au sens mental du terme.
Cependant, le monde musulman n'est pas magmatique, et le Coran est soumis aujourd'hui à une guerre des interprétations. L'absence de magistère et la démocratisation de l'enseignement ont favorisé l'accès sauvage au texte, et des semi-lettrés se sont improvisés imams alors qu'ils n'en avaient pas les compétences. Je suis inquiet de la montée de l'intégrisme diffus, surtout parmi la jeunesse. Celle-ci éprouve une incontestable sympathie pour Oussama Ben Laden et partage les mêmes valeurs que les intégristes, sans toutefois passer à l'acte. Je peux comprendre qu'on préfère attribuer à l'autre ses propres carences, comme le font les musulmans lorsqu'ils rejettent la responsabilité de leur situation sur l'Occident. Mais entrer en empathie avec quelqu'un comme Ben Laden relève de la pathologie. Même si la responsabilité de l'autre est patente, il faut toujours commencer par examiner la sienne propre. Depuis le XIIe siècle, les musulmans ont une façon de se déresponsabiliser qui est scandaleuse. Il est temps pour eux d'entrer dans l'ère du soupçon.

Comment lutter contre cet intégrisme diffus?

Une réforme de l'école et des médias est nécessaire. Certains programmes scolaires ou télévisuels font le lit de l'intégrisme lorsqu'ils clament que l'islam est la religion qui porte la vérité ultime.
Par exemple, en Indonésie, la prédication wahhabite diffusée par la télévision ces 30 dernières années a balayé l'islam vernaculaire.
D'autre part, il convient aussi que l'Occident prenne l'islam au sérieux et cesse de le considérer comme un sujet exotique. Son exclusion et sa non-reconnaissance par l'Occident font partie des causes externes de la maladie de l'islam. Or, le legs historique de l'islam à l'Europe est immense, aussi bien dans les domaines scientifique, philosophique et littéraire que dans ceux de l'art et de l'architecture. Il est temps que l'Occident reconnaisse sa dette à l'égard de l'islam.

Que pensez-vous de Tariq Ramadan, considéré par certains comme un réformiste, et comme un intégriste par d'autres?

Tariq Ramadan est un crypto-islamiste. Son rôle est néfaste car il cherche à islamiser la modernité et à adapter le projet de l'intégrisme diffus aux démocraties occidentales. Il veut concilier la charia avec la démocratie, ce qui est à mon avis impossible.
Il fait partie de ceux qui cherchent à uniformiser l'islam et donc à précipiter sa mort anthropologique.

Selon certains islamologues et philosophes, l'intégrisme serait l'intégralité de l'islam, et il n'y aurait qu'une différence de degré entre l'islam et l'islamisme. Que leur répondez-vous?

C'est l'état historique des musulmans qui détermine l'intégrisme, et non pas l'islam dans sa lettre. Il ne faut pas oublier que le Coran a créé une grande civilisation, qui incluait une tradition critique. Au IXe siècle, les Mo'tazilites, qui formaient un mouvement rationaliste, ont remis en cause le dogme selon lequel le Coran serait incréé et existerait de toute éternité. Même un précurseur de l'intégrisme comme Ibn Taymyya (mort en 1328) intégrait la complexité de la lettre dans sa pensée. Un verset du Coran (sourate 13, verset 39) suggère d'ailleurs que la lettre coranique est la copie d'un original qui restera une énigme pour toujours.

*Face à l'Islam, entretien mené par Philippe Petit, éditions Textuel, 2004, 216 p.
** La Maladie de l'islam, Seuil, 2002, 222 p.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?