sábado, julho 31, 2004
Índice de hoje
- Entenda a polémica em torno dos subsídios agrícolas na OMC (BBC Brasil)
- Os animais também têm uma cultura (Le Figaro, Paris)
- Válvula cardíaca é trocada sem cortes (Jornal do Brasil, Rio)
- Fortes críticas ao discurso de Kerry (Jornal do Brasil, Rio)
- Muita especulação no aumento do preço do petróleo (Le Soir, Bruxelas)
- Mínimo subiu para € 29,31 (Notícias Lusófonas)
- Os animais também têm uma cultura (Le Figaro, Paris)
- Válvula cardíaca é trocada sem cortes (Jornal do Brasil, Rio)
- Fortes críticas ao discurso de Kerry (Jornal do Brasil, Rio)
- Muita especulação no aumento do preço do petróleo (Le Soir, Bruxelas)
- Mínimo subiu para € 29,31 (Notícias Lusófonas)
Entenda a polémica em torno dos subsídios agrícolas na OMC
BBC Brasil
A questão dos subsídios agrícolas continua a emperrar as negociações na OMC
Os países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) têm tentado por muito tempo chegar a um acordo sobre novas regras para o comércio mundial.
Um dos assuntos que têm impedido um acordo é a questão dos subsídios agrícolas dados pelos países ricos aos seus agricultores.
O assunto voltou à tona no encontro desta semana em Genebra, na Suíça, que reuniu o Brasil, a Índia, os Estados Unidos, a União Européia e a Austrália.
Entenda por que os subsídios continuam a ser um ponto de divergência.
O que são subsídios comerciais?
Os subsídios comerciais são a quantidade de dinheiro paga aos fazendeiros por unidade que eles produzem ou exportam. Eles têm o efeito de fazer com que a produção seja mais barata. Por isso, os subsídios fazem com que os fazendeiros se tornem mais competitivos e tendem a aumentar a produção. Eles são pagos, no geral, pelo contribuinte, via departamentos do governo ou associações de comércio. Na Europa, por exemplo, os subsídios chegam até os agricultores através da Política Agrícola Comum (PAC).
Quem se beneficia?
Os fazendeiros dos países ricos são os que mais se beneficiam com os subsídios. A organização não-governamental Oxfam afirma que os Estados Unidos dão até US$ 3,9 bilhões aos seus 25 mil produtores de algodão todos os anos. Isso, segundo a organização, seria equivalente a mais de três vezes a ajuda financeira dada pelo governo americano à África.
Quem sai perdendo?
Muitos países ricos concordam que o ganho de seus fazendeiros representa um prejuízo para os fazendeiros dos países pobres. Agricultores dos países ricos produzem muito para o próprio mercado. O excesso é 'jogado' em países pobres a preços muito baixos, com os quais os produtores locais não podem competir. Além disso, quando os produtores dos países em desenvolvimento tentam exportar para os países ricos, eles estão na verdade competindo com agroindústrias subsidiadas. A ministra do Comércio britânica, Patricia Hewitt, disse à BBC que a Europa deve "acabar com os nossos espantosos subsídios agrícolas que distorcem o comércio e fazem com que seja impossível que os produtores dos países em desenvolvimento sobrevivam". Ela disse que acabar com os subsídios ajudaria a tirar "centenas de milhares da pobreza".
Então, o protecionismo é ruim mesmo?
Bem, para os produtores que recebem os subsídios, certamente não. Quando estava no início, a PAC conseguiu alcançar uma estabilidade nos mercados europeus no período do pós-guerra. Muitos afirmam que isso teria criado uma plataforma de crescimento por todo o continente. A representante da Oxfam, Amy Barry, diz que os países pobres devem ter o "direito de proteger" suas indústrias novas. "Os países ricos não chegaram onde estão hoje sem barreiras ao comércio. Não é nada razoável e altamente destrutivo esperar que os países em desenvolvimento operem sem nenhuma proteção contra indústrias estrangeiras fortes", afirma Barry.
E isso vai mudar?
Na OMC, já há algum tempo vem-se tentando mudar o atual sistema. Na atual Rodada de Doha, a tentativa é justamente fazer com que os países ricos reduzam o uso que fazem dos subsídios. Mas, para que haja alguma mudança, é necessário que todos os 147 membros da organização concordem. O tortuoso progresso das recentes negociações indica que nem todo mundo quer que o atual sistema mude. Amy Barry, da Oxfam, culpa os Estados Unidos, mas outros dizem que a França também não está disposta a reduzir os subsídios que dá a seus produtores. A França afirmou que as últimas propostas eram "profundamente desequilibradas, criando uma desvantagem enorme para a União Européia".
O que é a Política Agrícola Comum?
A PAC foi idealizada tendo como pano de fundo a falta de comida e o racionamento existentes depois da 2ª Guerra Mundial. O objetivo era estabilizar os mercados de alimentos europeus dando aos fazendeiros uma renda estável, e aos consumidores, preços baixos. A reputação do sistema caiu bastante quando acabou gerando uma produção exagerada. A PAC continua sendo um dos temas mais polêmicos na União Européia. Em 2003, a UE reservou 48 bilhões de euros para ajudar os agricultores, quase 49% da sua despesa anual.
A questão dos subsídios agrícolas continua a emperrar as negociações na OMC
Os países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) têm tentado por muito tempo chegar a um acordo sobre novas regras para o comércio mundial.
Um dos assuntos que têm impedido um acordo é a questão dos subsídios agrícolas dados pelos países ricos aos seus agricultores.
O assunto voltou à tona no encontro desta semana em Genebra, na Suíça, que reuniu o Brasil, a Índia, os Estados Unidos, a União Européia e a Austrália.
Entenda por que os subsídios continuam a ser um ponto de divergência.
O que são subsídios comerciais?
Os subsídios comerciais são a quantidade de dinheiro paga aos fazendeiros por unidade que eles produzem ou exportam. Eles têm o efeito de fazer com que a produção seja mais barata. Por isso, os subsídios fazem com que os fazendeiros se tornem mais competitivos e tendem a aumentar a produção. Eles são pagos, no geral, pelo contribuinte, via departamentos do governo ou associações de comércio. Na Europa, por exemplo, os subsídios chegam até os agricultores através da Política Agrícola Comum (PAC).
Quem se beneficia?
Os fazendeiros dos países ricos são os que mais se beneficiam com os subsídios. A organização não-governamental Oxfam afirma que os Estados Unidos dão até US$ 3,9 bilhões aos seus 25 mil produtores de algodão todos os anos. Isso, segundo a organização, seria equivalente a mais de três vezes a ajuda financeira dada pelo governo americano à África.
Quem sai perdendo?
Muitos países ricos concordam que o ganho de seus fazendeiros representa um prejuízo para os fazendeiros dos países pobres. Agricultores dos países ricos produzem muito para o próprio mercado. O excesso é 'jogado' em países pobres a preços muito baixos, com os quais os produtores locais não podem competir. Além disso, quando os produtores dos países em desenvolvimento tentam exportar para os países ricos, eles estão na verdade competindo com agroindústrias subsidiadas. A ministra do Comércio britânica, Patricia Hewitt, disse à BBC que a Europa deve "acabar com os nossos espantosos subsídios agrícolas que distorcem o comércio e fazem com que seja impossível que os produtores dos países em desenvolvimento sobrevivam". Ela disse que acabar com os subsídios ajudaria a tirar "centenas de milhares da pobreza".
Então, o protecionismo é ruim mesmo?
Bem, para os produtores que recebem os subsídios, certamente não. Quando estava no início, a PAC conseguiu alcançar uma estabilidade nos mercados europeus no período do pós-guerra. Muitos afirmam que isso teria criado uma plataforma de crescimento por todo o continente. A representante da Oxfam, Amy Barry, diz que os países pobres devem ter o "direito de proteger" suas indústrias novas. "Os países ricos não chegaram onde estão hoje sem barreiras ao comércio. Não é nada razoável e altamente destrutivo esperar que os países em desenvolvimento operem sem nenhuma proteção contra indústrias estrangeiras fortes", afirma Barry.
E isso vai mudar?
Na OMC, já há algum tempo vem-se tentando mudar o atual sistema. Na atual Rodada de Doha, a tentativa é justamente fazer com que os países ricos reduzam o uso que fazem dos subsídios. Mas, para que haja alguma mudança, é necessário que todos os 147 membros da organização concordem. O tortuoso progresso das recentes negociações indica que nem todo mundo quer que o atual sistema mude. Amy Barry, da Oxfam, culpa os Estados Unidos, mas outros dizem que a França também não está disposta a reduzir os subsídios que dá a seus produtores. A França afirmou que as últimas propostas eram "profundamente desequilibradas, criando uma desvantagem enorme para a União Européia".
O que é a Política Agrícola Comum?
A PAC foi idealizada tendo como pano de fundo a falta de comida e o racionamento existentes depois da 2ª Guerra Mundial. O objetivo era estabilizar os mercados de alimentos europeus dando aos fazendeiros uma renda estável, e aos consumidores, preços baixos. A reputação do sistema caiu bastante quando acabou gerando uma produção exagerada. A PAC continua sendo um dos temas mais polêmicos na União Européia. Em 2003, a UE reservou 48 bilhões de euros para ajudar os agricultores, quase 49% da sua despesa anual.
Os animais também têm uma cultura
Le Figaro
Por Caroline de Malet
Le rat noir se base sur l'odeur de l'haleine de ses voisins en bonne santé pour décider de consommer un aliment goûté par ces derniers avant lui, afin d'éviter un empoisonnement. Dans le domaine du choix d'un partenaire sexuel, les femelles de nombreuses espèces vont préférer s'accoupler avec un mâle au poil brillant. Pourtant, après avoir vu un mâle plus terne courtiser une femelle, elles vont bien souvent changer d'avis pour succomber au charme de ce dernier, au pouvoir d'attraction apparemment plus fort.
De fait, les animaux s'épient, s'espionnent, et le comportement de leurs congénères influence leur prise de décision. Plusieurs chercheurs, dont l'écologiste du comportement français Étienne Danchin, directeur de recherches du CNRS à l'université Pierre-et-Marie-Curie, viennent ainsi de démontrer dans la revue Science (1) le rôle de la culture dans le comportement animal.
Une approche nouvelle, alors que jusqu'à présent on jugeait les gènes comme leur moteur principal. De quoi déranger la communauté scientifique. Car cette notion de culture, habituellement utilisée principalement dans le domaine des sciences humaines, constitue aux yeux d'une partie des évolutionnistes le principal critère de différenciation entre le comportement humain et celui du règne animal.
Cette approche repose sur la notion d'«information publique», introduite récemment par l'un des auteurs, le biologiste américain Thomas Valone.
Une notion qui remplace les différents concepts jusqu'à présent utilisés par les écologistes du comportement, comme l'«indiscrétion». Il s'agit tout simplement de l'observation des performances de ses congénères par un animal pour l'aider dans ses prises de décision et lui éviter de perdre du temps en étudiant lui-même tous les paramètres à prendre en compte. Une attitude qui peut concerner l'évitement des prédateurs, le choix de l'alimentation, du lieu de reproduction ou du partenaire sexuel. Si cette théorie s'applique aujourd'hui uniquement aux vertébrés, mammifères, poissons, oiseaux et reptiles, les auteurs n'excluent pas qu'elle puisse être vérifiée ultérieurement auprès d'autres populations invertébrées.
Contrairement à ce que l'on pensait, il apparaît donc que ces comportements ne sont pas uniquement codés par des gènes. «L'idée que des oiseaux, des poissons ou des rats puissent avoir une culture est assez peu répandue et surtout difficilement admise», souligne Étienne Danchin. Surtout, ces comportements peuvent être appris, enclenchant alors un processus culturel, c'est-à-dire, selon les auteurs, «des profils comportementaux qui diffèrent entre les populations et qui sont transmis de façon non génétique entre générations». Cette transmission culturelle présente les conditions nécessaires à l'initiation d'un processus de sélection, comme la variation ou l'héritabilité (hérédité des différences génétiques). On peut de ce fait parler d'évolution culturelle.
Cette théorie a des répercussions non négligeables sur l'évolution biologique. «Le processus culturel a pour effet d'homogénéiser une population», explique Étienne Danchin. La reproduction, au sein d'une sous-population animale, d'un même comportement culturel pourrait ainsi donner naissance à une nouvelle espèce. C'est ce que les scientifiques appellent le processus d'emballement de Fisher. Cela peut s'appliquer, par exemple, à des cris de parade différents, à des habitudes alimentaires particulières ou aux choix du partenaire sexuel. C'est ainsi que si les femelles d'une population donnée se mettent à préférer les paons à longue queue, ces derniers vont davantage se reproduire que les autres. Non seulement ils deviendront majoritaires au sein de ce sous-groupe, mais leur queue ne cessera de s'allonger, au point de les handicaper.
On se trouverait alors dans une situation où l'évolution culturelle influencerait l'évolution biologique. Car, comme le fait remarquer Etienne Danchin, «l'évolution culturelle élargit le champ des possibles dans le domaine de l'hérédité».
Or si la transmission génétique intervient uniquement de façon verticale (des parents vers leurs propres enfants), la transmission culturelle, elle, peut intervenir de façon horizontale (au sein d'une même génération) ou oblique (des adultes vers d'autres enfants que les leurs). L'évolution culturelle pourrait alors relever, selon l'optique des auteurs de cette étude, d'un processus Lamarckien, par opposition à un processus Darwinien. L'animal serait doué d'une capacité à transmettre ce qu'il a acquis par apprentissage.
De là à considérer que le comportement animal est régi par un processus exclusivement culturel et non génétique, il n'y a qu'un pas, qu'Étienne Danchin est prêt à franchir. «J'envisage cette hypothèse», reconnaît-il, en affirmant travailler à creuser cette idée.
C'est l'ornithologue et entomologiste américain Johns Wiens qui a figuré parmi les premiers à lancer cette théorie hardie, mais Étienne Danchin estime qu'elle demande encore à être vérifiée.
(1) Science, 23 juillet 2004.
Por Caroline de Malet
Le rat noir se base sur l'odeur de l'haleine de ses voisins en bonne santé pour décider de consommer un aliment goûté par ces derniers avant lui, afin d'éviter un empoisonnement. Dans le domaine du choix d'un partenaire sexuel, les femelles de nombreuses espèces vont préférer s'accoupler avec un mâle au poil brillant. Pourtant, après avoir vu un mâle plus terne courtiser une femelle, elles vont bien souvent changer d'avis pour succomber au charme de ce dernier, au pouvoir d'attraction apparemment plus fort.
De fait, les animaux s'épient, s'espionnent, et le comportement de leurs congénères influence leur prise de décision. Plusieurs chercheurs, dont l'écologiste du comportement français Étienne Danchin, directeur de recherches du CNRS à l'université Pierre-et-Marie-Curie, viennent ainsi de démontrer dans la revue Science (1) le rôle de la culture dans le comportement animal.
Une approche nouvelle, alors que jusqu'à présent on jugeait les gènes comme leur moteur principal. De quoi déranger la communauté scientifique. Car cette notion de culture, habituellement utilisée principalement dans le domaine des sciences humaines, constitue aux yeux d'une partie des évolutionnistes le principal critère de différenciation entre le comportement humain et celui du règne animal.
Cette approche repose sur la notion d'«information publique», introduite récemment par l'un des auteurs, le biologiste américain Thomas Valone.
Une notion qui remplace les différents concepts jusqu'à présent utilisés par les écologistes du comportement, comme l'«indiscrétion». Il s'agit tout simplement de l'observation des performances de ses congénères par un animal pour l'aider dans ses prises de décision et lui éviter de perdre du temps en étudiant lui-même tous les paramètres à prendre en compte. Une attitude qui peut concerner l'évitement des prédateurs, le choix de l'alimentation, du lieu de reproduction ou du partenaire sexuel. Si cette théorie s'applique aujourd'hui uniquement aux vertébrés, mammifères, poissons, oiseaux et reptiles, les auteurs n'excluent pas qu'elle puisse être vérifiée ultérieurement auprès d'autres populations invertébrées.
Contrairement à ce que l'on pensait, il apparaît donc que ces comportements ne sont pas uniquement codés par des gènes. «L'idée que des oiseaux, des poissons ou des rats puissent avoir une culture est assez peu répandue et surtout difficilement admise», souligne Étienne Danchin. Surtout, ces comportements peuvent être appris, enclenchant alors un processus culturel, c'est-à-dire, selon les auteurs, «des profils comportementaux qui diffèrent entre les populations et qui sont transmis de façon non génétique entre générations». Cette transmission culturelle présente les conditions nécessaires à l'initiation d'un processus de sélection, comme la variation ou l'héritabilité (hérédité des différences génétiques). On peut de ce fait parler d'évolution culturelle.
Cette théorie a des répercussions non négligeables sur l'évolution biologique. «Le processus culturel a pour effet d'homogénéiser une population», explique Étienne Danchin. La reproduction, au sein d'une sous-population animale, d'un même comportement culturel pourrait ainsi donner naissance à une nouvelle espèce. C'est ce que les scientifiques appellent le processus d'emballement de Fisher. Cela peut s'appliquer, par exemple, à des cris de parade différents, à des habitudes alimentaires particulières ou aux choix du partenaire sexuel. C'est ainsi que si les femelles d'une population donnée se mettent à préférer les paons à longue queue, ces derniers vont davantage se reproduire que les autres. Non seulement ils deviendront majoritaires au sein de ce sous-groupe, mais leur queue ne cessera de s'allonger, au point de les handicaper.
On se trouverait alors dans une situation où l'évolution culturelle influencerait l'évolution biologique. Car, comme le fait remarquer Etienne Danchin, «l'évolution culturelle élargit le champ des possibles dans le domaine de l'hérédité».
Or si la transmission génétique intervient uniquement de façon verticale (des parents vers leurs propres enfants), la transmission culturelle, elle, peut intervenir de façon horizontale (au sein d'une même génération) ou oblique (des adultes vers d'autres enfants que les leurs). L'évolution culturelle pourrait alors relever, selon l'optique des auteurs de cette étude, d'un processus Lamarckien, par opposition à un processus Darwinien. L'animal serait doué d'une capacité à transmettre ce qu'il a acquis par apprentissage.
De là à considérer que le comportement animal est régi par un processus exclusivement culturel et non génétique, il n'y a qu'un pas, qu'Étienne Danchin est prêt à franchir. «J'envisage cette hypothèse», reconnaît-il, en affirmant travailler à creuser cette idée.
C'est l'ornithologue et entomologiste américain Johns Wiens qui a figuré parmi les premiers à lancer cette théorie hardie, mais Étienne Danchin estime qu'elle demande encore à être vérifiée.
(1) Science, 23 juillet 2004.
Válvula cardíaca é trocada sem cortes
Jornal do Brasil
SIEGBURG, ALEMANHA - Um médico alemão e outro francês testaram pela primeira vez, na Índia, uma nova técnica para mudar uma válvula cardíaca, em um paciente de 62 anos. A ação foi feita sem abertura torácica e com uma operação pouco invasiva, segundo a Clínica Universitária de Siegburg (Oeste da Alemanha).
O paciente respondeu bem à operação e está em bom estado de saúde, acrescentou o centro médico.
Dois cardiologistas, o francês Jean-Claude Laborde, da clínica Wittgenstein, de Oberursel (Centro), e o alemão Eberhard Grube, de Siegburg, viajaram à Índia para executar a cirurgia, já que a válvula mitral que implantaram no paciente não é permitida na Alemanha, mas está liberada no país asiático.
Por meio de um cateter, os cirurgiões trocaram a válvula natural pela artificial, introduzindo a delicada peça a partir da aorta pélvica e fazendo a mesma chegar ao coração.
Uma técnica similar já tinha sido utilizada há alguns anos na Alemanha, em um paciente jovem que estava com a aorta pulmonar completamente obstruída.
- Porém, a intervenção praticada na Índia é muito mais complicada - informou um porta-voz da clínica de Wittgenstein. - Mas o paciente experimenta menos riscos e é poupado de uma operação invasiva.
A válvula mitral é colocada em um recipiente vascular especial, que é dirigido ao coração através de um cateter fino. Ao chegar ao órgão, o recipiente se abre liberando a peça artificial e deslocando a válvula natural, que não precisa ser extraída.
Laborde e Grube planejam executar mais operações deste tipo nas próximas semanas.
A nova técnica, além de atrativa para os pacientes de alto risco, também representa uma economia para os sistemas de saúde, já que reduz consideravelmente o tempo de internação nos hospitais.
Anualmente são realizadas 220 mil operações de válvulas cardíacas em todo o planeta, sendo que 60% delas afetam as mitrais (situada entre a aurícula e o ventrículo esquerdos do coração). (AFP)
SIEGBURG, ALEMANHA - Um médico alemão e outro francês testaram pela primeira vez, na Índia, uma nova técnica para mudar uma válvula cardíaca, em um paciente de 62 anos. A ação foi feita sem abertura torácica e com uma operação pouco invasiva, segundo a Clínica Universitária de Siegburg (Oeste da Alemanha).
O paciente respondeu bem à operação e está em bom estado de saúde, acrescentou o centro médico.
Dois cardiologistas, o francês Jean-Claude Laborde, da clínica Wittgenstein, de Oberursel (Centro), e o alemão Eberhard Grube, de Siegburg, viajaram à Índia para executar a cirurgia, já que a válvula mitral que implantaram no paciente não é permitida na Alemanha, mas está liberada no país asiático.
Por meio de um cateter, os cirurgiões trocaram a válvula natural pela artificial, introduzindo a delicada peça a partir da aorta pélvica e fazendo a mesma chegar ao coração.
Uma técnica similar já tinha sido utilizada há alguns anos na Alemanha, em um paciente jovem que estava com a aorta pulmonar completamente obstruída.
- Porém, a intervenção praticada na Índia é muito mais complicada - informou um porta-voz da clínica de Wittgenstein. - Mas o paciente experimenta menos riscos e é poupado de uma operação invasiva.
A válvula mitral é colocada em um recipiente vascular especial, que é dirigido ao coração através de um cateter fino. Ao chegar ao órgão, o recipiente se abre liberando a peça artificial e deslocando a válvula natural, que não precisa ser extraída.
Laborde e Grube planejam executar mais operações deste tipo nas próximas semanas.
A nova técnica, além de atrativa para os pacientes de alto risco, também representa uma economia para os sistemas de saúde, já que reduz consideravelmente o tempo de internação nos hospitais.
Anualmente são realizadas 220 mil operações de válvulas cardíacas em todo o planeta, sendo que 60% delas afetam as mitrais (situada entre a aurícula e o ventrículo esquerdos do coração). (AFP)
Fortes críticas ao discurso de Kerry
Jornal do Brasil
WASHINGTON - Depois do discurso que deveria consagrar John Kerry como um forte candidato à Presidência dos Estados Unidos e acabar com as dúvidas sobre seus posicionamentos - alvo de críticas republicanas -, os editoriais de alguns dos principais jornais americanos mostraram reservas ontem em relação ao conteúdo de sua apresentação.
A principal crítica é que o candidato democrata, que falou no último dia convenção nacional do partido, em Boston, foi particularmente pouco preciso no que se refere ao Iraque.
''Kerry falou com confiança e eloqüência, mas seu discurso foi uma decepção'', afirmou o The Washington Post em seu editorial, intitulado Oportunidade Desperdiçada.
O diário ressalta que o senador se absteve de revelar se caso fosse presidente teria ido à guerra contra o Iraque e que também não deixou claro o que quis dizer com ''terminar o trabalho'' nesse país.
''Poderia ter dito a verdade nua e crua, que as forças americanas terão de ficar muito tempo no Iraque. Em vez disso, escolheu palavras que davam a impressão de que poderia executar uma retirada rápida e sem dificuldades''.
Sobre os temas domésticos, apesar de o Post ter considerado positivos os projetos nas áreas de saúde e impostos, manteve reservas também no setor econômico. Para o diário, os planos democratas para reduzir a exportação de postos de trabalho e a dependência do petróleo do Oriente Médio ''não estão baseados na realidade''.
O editorial do diário The New York Times, que apoiou a candidatura de Kerry durante as prévias do partido, fez um alarme semelhante. Mesmo tendo elogiado seus planos para a luta antiterror, lamentou que o candidato não tenha apresentado uma visão clara sobre o Iraque.
''Os eleitores precisavam ouvir que seu voto a favor da resolução que autorizava o presidente Bush a invadir o país árabe foi um erro. Está claro agora que Kerry já não dirá isso, o que é lamentável''.
O jornal também reprovou o fato de o candidato ter feito propostas ''para crescer os olhos ao prometer reduzir os impostos da classe média, levando em conta suas sugestões de gastos e sua promessa de rigor orçamentário''.
Para resumir, o Times disse que Kerry teve a vantagem de que as expectativas eram baixas: os Estados Unidos ''já sabiam que não iam se apaixonar por ele'', indicou.
No mesmo tom, o USA Today afirmou que Kerry deixou Boston sem ter mostrado como conduziria a nação nos temas mais urgentes: a guerra ao terror e o atoleiro que é a situação no Iraque. Para o jornal, até agora seu programa se parece muito com o do presidente Bush.
Ontem, Kerry e John Edwards, o candidato democrata a vice, iniciaram sua verdadeira campanha eleitoral, poucas horas após o fim da Convenção Democrata. A dupla começou uma viagem, batizada de ''Acredite nos Estados Unidos'', que durará duas semanas e percorrerá 5.600 quilômetros, de Leste a Oeste do país.
Os senadores querem aproveitar ao máximo a publicidade e o possível aumento de popularidade nas pesquisas, devido ao evento em Boston, para visitar 21 Estados considerados essenciais para suas aspirações à Casa Branca.
Entre 30 de agosto e 2 de setembro, o Partido Republicano realizará sua convenção em Nova York.
Kerry e Edwards foram ontem para a Pensilvânia, o ponto de partida da viagem. Segundo a campanha democrata, eles são os ''primeiros candidatos a cruzarem o país desde Harry Truman, em 1948''.
O trajeto, percorrido de ônibus, avião e navio, é uma versão ampliada do realizado por Bill Clinton e Al Gore por sete Estados em seis dias, depois da convenção de 1992.
Já Bush quebrou o silêncio mantido durante a Convenção Democrata. Num comício em Missouri, o presidente se apressou em marcar as diferenças entre ele e os democratas:
- Eles vão aumentar seus impostos, nós não - disse. - Meu adversário tem boas intenções, mas nem sempre se traduzem em resultados. Os resultados importam - referindo-se ao que Kerry fez em 19 anos como senador.
Num ataque direto a Edwards, que foi considerado pela revista People um dos 50 homens mais atraentes dos EUA, Bush disse que seu vice, Dick Cheney, ''não é o homem mais bonito, mas entende de segurança nacional''.
Segundo uma pesquisa do Instituto Zogby divulgada ontem, 48% dos entrevistados disseram que votarão em Kerry em novembro, enquanto 43% pretendem reeleger Bush.
WASHINGTON - Depois do discurso que deveria consagrar John Kerry como um forte candidato à Presidência dos Estados Unidos e acabar com as dúvidas sobre seus posicionamentos - alvo de críticas republicanas -, os editoriais de alguns dos principais jornais americanos mostraram reservas ontem em relação ao conteúdo de sua apresentação.
A principal crítica é que o candidato democrata, que falou no último dia convenção nacional do partido, em Boston, foi particularmente pouco preciso no que se refere ao Iraque.
''Kerry falou com confiança e eloqüência, mas seu discurso foi uma decepção'', afirmou o The Washington Post em seu editorial, intitulado Oportunidade Desperdiçada.
O diário ressalta que o senador se absteve de revelar se caso fosse presidente teria ido à guerra contra o Iraque e que também não deixou claro o que quis dizer com ''terminar o trabalho'' nesse país.
''Poderia ter dito a verdade nua e crua, que as forças americanas terão de ficar muito tempo no Iraque. Em vez disso, escolheu palavras que davam a impressão de que poderia executar uma retirada rápida e sem dificuldades''.
Sobre os temas domésticos, apesar de o Post ter considerado positivos os projetos nas áreas de saúde e impostos, manteve reservas também no setor econômico. Para o diário, os planos democratas para reduzir a exportação de postos de trabalho e a dependência do petróleo do Oriente Médio ''não estão baseados na realidade''.
O editorial do diário The New York Times, que apoiou a candidatura de Kerry durante as prévias do partido, fez um alarme semelhante. Mesmo tendo elogiado seus planos para a luta antiterror, lamentou que o candidato não tenha apresentado uma visão clara sobre o Iraque.
''Os eleitores precisavam ouvir que seu voto a favor da resolução que autorizava o presidente Bush a invadir o país árabe foi um erro. Está claro agora que Kerry já não dirá isso, o que é lamentável''.
O jornal também reprovou o fato de o candidato ter feito propostas ''para crescer os olhos ao prometer reduzir os impostos da classe média, levando em conta suas sugestões de gastos e sua promessa de rigor orçamentário''.
Para resumir, o Times disse que Kerry teve a vantagem de que as expectativas eram baixas: os Estados Unidos ''já sabiam que não iam se apaixonar por ele'', indicou.
No mesmo tom, o USA Today afirmou que Kerry deixou Boston sem ter mostrado como conduziria a nação nos temas mais urgentes: a guerra ao terror e o atoleiro que é a situação no Iraque. Para o jornal, até agora seu programa se parece muito com o do presidente Bush.
Ontem, Kerry e John Edwards, o candidato democrata a vice, iniciaram sua verdadeira campanha eleitoral, poucas horas após o fim da Convenção Democrata. A dupla começou uma viagem, batizada de ''Acredite nos Estados Unidos'', que durará duas semanas e percorrerá 5.600 quilômetros, de Leste a Oeste do país.
Os senadores querem aproveitar ao máximo a publicidade e o possível aumento de popularidade nas pesquisas, devido ao evento em Boston, para visitar 21 Estados considerados essenciais para suas aspirações à Casa Branca.
Entre 30 de agosto e 2 de setembro, o Partido Republicano realizará sua convenção em Nova York.
Kerry e Edwards foram ontem para a Pensilvânia, o ponto de partida da viagem. Segundo a campanha democrata, eles são os ''primeiros candidatos a cruzarem o país desde Harry Truman, em 1948''.
O trajeto, percorrido de ônibus, avião e navio, é uma versão ampliada do realizado por Bill Clinton e Al Gore por sete Estados em seis dias, depois da convenção de 1992.
Já Bush quebrou o silêncio mantido durante a Convenção Democrata. Num comício em Missouri, o presidente se apressou em marcar as diferenças entre ele e os democratas:
- Eles vão aumentar seus impostos, nós não - disse. - Meu adversário tem boas intenções, mas nem sempre se traduzem em resultados. Os resultados importam - referindo-se ao que Kerry fez em 19 anos como senador.
Num ataque direto a Edwards, que foi considerado pela revista People um dos 50 homens mais atraentes dos EUA, Bush disse que seu vice, Dick Cheney, ''não é o homem mais bonito, mas entende de segurança nacional''.
Segundo uma pesquisa do Instituto Zogby divulgada ontem, 48% dos entrevistados disseram que votarão em Kerry em novembro, enquanto 43% pretendem reeleger Bush.
Muita especulação no aumento do preço do petróleo
Le Soir
Le prix du pétrole brut a terminé sur un nouveau record historique de clôture ce soir à New York à 43,80 dollars, dans un marché attisé par les problèmes du géant pétrolier russe Ioukos et une forte activité spéculative.
L'élan est vraiment à la hausse. On dirait que le marché a pour objectif les 45 dollars maintenant, on pourrait même aller au delà, a prévu Marshall Steeves, analyste de Refco. Vers 19h40 heure de Bruxelles, le cours du baril se négociait à 43,82 dollars, en hausse de 1,07 dollars, après avoir atteint un nouveau sommet historique à 43,85 dollars quelques minutes plus tôt sur le New York Mercantile Exchange (Nymex).
Le marché avait déjà atteint un plus haut vendredi à 43,34 dollars pendant les échanges électroniques avant l'ouverture de la séance régulière. C'est la combinaison d'une nouvelle grève sur des plateformes en Norvège, une menace de tempête dans le Golfe du Mexique et la saga de Ioukos qui continue, a résumé Phil Flynn, analyste chez Alaron Trading. Les opérateurs sont sceptiques quant à la poursuite de la production de Ioukos et à l'approche du week-end les gens sont nerveux car il n'y a pas de capacité excédentaire dans le monde actuellement, a-t-il souligné.
Le numéro un du pétrole russe avait annoncé mercredi qu'un ordre des huissiers l'obligerait à stopper prochainement ses livraisons de pétrole. Mais le ministère de la Justice a assuré jeudi que Ioukos, au bord de la faillite, pouvait continuer à produire et exporter son brut. Le fisc russe lui réclame près de 7 milliards de dollars d'arriérés d'impôts et le ministère de la Justice a annoncé préparer la vente de la principale filiale de production du groupe, Iouganskneftegaz, pour régler une partie de cette dette.
Pour Bill O'Grady, directeur de la recherche chez AG Edwards, il est tellement évident que rien ne va se passer, tout le monde le sait. Mais l'Opep n'a pas suffisamment de capacité excédentaire pour compenser la perte éventuelle de 1,7 million de barils par jour. La Russie exporte la majorité de sa production de 1,7 million de barils par jour. Ce brut est d'une qualité inférieure au «light sweet crude» négocié à New York.
Les analystes mentionnaient également vendredi un autre facteur alimentant la nervosité du marché pétrolier. Le développement par les Iraniens d'un programme nucléaire se transforme rapidement en une situation explosive et tout ce qui augmente les tensions est un problème pour le marché pétrolier, a souligné Bill O'Grady. La rencontre jeudi à Paris entre des représentants iraniens et ceux de l'Allemagne, la France, et la Grande-Bretagne pour évoquer le programme nucléaire de Téhéran s'est mal passée d'après ce qu'on a pu entendre et on dirait que les Iraniens veulent attirer les Etats-Unis dans une confrontation, a déclaré cet expert.
Les analystes s'accordent à dire que les prix sur le marché new-yorkais devrait encore continuer à monter. Le marché est haussier. A chaque fois que des nouvelles négatives le font baisser, de nouveaux achats se manifestent. Il faut changer la psychologie du marché pour qu'il retombe, a déclaré Bill O'Grady. Les fonds (d'investissements) vont faire monter le marché jusqu'à ce que quelque chose change cette situation, a-t-il ajouté. Il n'a pas exclu que le gouvernement américain puise dans les réserves stratégiques de pétrole si la situation venait à s'aggraver. Historiquement, d'importants retraits des réserves stratégiques poussent les prix à la hausse, a rappelé cet analyste.
(D'après AFP)
Le prix du pétrole brut a terminé sur un nouveau record historique de clôture ce soir à New York à 43,80 dollars, dans un marché attisé par les problèmes du géant pétrolier russe Ioukos et une forte activité spéculative.
L'élan est vraiment à la hausse. On dirait que le marché a pour objectif les 45 dollars maintenant, on pourrait même aller au delà, a prévu Marshall Steeves, analyste de Refco. Vers 19h40 heure de Bruxelles, le cours du baril se négociait à 43,82 dollars, en hausse de 1,07 dollars, après avoir atteint un nouveau sommet historique à 43,85 dollars quelques minutes plus tôt sur le New York Mercantile Exchange (Nymex).
Le marché avait déjà atteint un plus haut vendredi à 43,34 dollars pendant les échanges électroniques avant l'ouverture de la séance régulière. C'est la combinaison d'une nouvelle grève sur des plateformes en Norvège, une menace de tempête dans le Golfe du Mexique et la saga de Ioukos qui continue, a résumé Phil Flynn, analyste chez Alaron Trading. Les opérateurs sont sceptiques quant à la poursuite de la production de Ioukos et à l'approche du week-end les gens sont nerveux car il n'y a pas de capacité excédentaire dans le monde actuellement, a-t-il souligné.
Le numéro un du pétrole russe avait annoncé mercredi qu'un ordre des huissiers l'obligerait à stopper prochainement ses livraisons de pétrole. Mais le ministère de la Justice a assuré jeudi que Ioukos, au bord de la faillite, pouvait continuer à produire et exporter son brut. Le fisc russe lui réclame près de 7 milliards de dollars d'arriérés d'impôts et le ministère de la Justice a annoncé préparer la vente de la principale filiale de production du groupe, Iouganskneftegaz, pour régler une partie de cette dette.
Pour Bill O'Grady, directeur de la recherche chez AG Edwards, il est tellement évident que rien ne va se passer, tout le monde le sait. Mais l'Opep n'a pas suffisamment de capacité excédentaire pour compenser la perte éventuelle de 1,7 million de barils par jour. La Russie exporte la majorité de sa production de 1,7 million de barils par jour. Ce brut est d'une qualité inférieure au «light sweet crude» négocié à New York.
Les analystes mentionnaient également vendredi un autre facteur alimentant la nervosité du marché pétrolier. Le développement par les Iraniens d'un programme nucléaire se transforme rapidement en une situation explosive et tout ce qui augmente les tensions est un problème pour le marché pétrolier, a souligné Bill O'Grady. La rencontre jeudi à Paris entre des représentants iraniens et ceux de l'Allemagne, la France, et la Grande-Bretagne pour évoquer le programme nucléaire de Téhéran s'est mal passée d'après ce qu'on a pu entendre et on dirait que les Iraniens veulent attirer les Etats-Unis dans une confrontation, a déclaré cet expert.
Les analystes s'accordent à dire que les prix sur le marché new-yorkais devrait encore continuer à monter. Le marché est haussier. A chaque fois que des nouvelles négatives le font baisser, de nouveaux achats se manifestent. Il faut changer la psychologie du marché pour qu'il retombe, a déclaré Bill O'Grady. Les fonds (d'investissements) vont faire monter le marché jusqu'à ce que quelque chose change cette situation, a-t-il ajouté. Il n'a pas exclu que le gouvernement américain puise dans les réserves stratégiques de pétrole si la situation venait à s'aggraver. Historiquement, d'importants retraits des réserves stratégiques poussent les prix à la hausse, a rappelé cet analyste.
(D'après AFP)
Mínimo subiu para € 29,31
Notícias Lusófonas
O governo guineense aprovou hoje um aumento do salário mínimo nacional de 20,75 por cento e dos respectivos subsídios na Função Pública, que se traduz numa subida de 15.900 francos CFA (24,27 euros) para 19.200 FCFA (29,31 euros).
Fonte governamental indicou à Agência Lusa que o aumento foi decidido quinta-feira numa reunião de membros do executivo de Carlos Gomes Júnior com os seus parceiros do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS).
A medida, que não estava inicialmente prevista no novo Orçamento Geral do estado (OGE), foi tomada na sequência da necessidade de reajustar os ordenados dos trabalhadores da administração pública que estão inscritos no último escalão da grelha salarial.
Os subsídios mínimos passam também de 2.900 FCFA (4,42 euros) para 3.200 FCFA (4,88 euros), o que representa um aumento de 10,34 por cento.
Afirmando não ter o número exacto de funcionários públicos que se encontram no escalão "Z", a fonte sublinhou que esta medida vigorará, contudo, apenas até 31 de Dezembro deste ano, uma vez que a ideia é privatizar todos os serviços não produtivos da administração.
Assim, auxiliares e serviços de limpeza deverão ser incluídos em empresas a criar pelo próprio Estado que serão, depois, alienadas a privados.
A medida insere-se no pacote de reformas na Administração Pública, que viu já "harmonizados" os salários dos directores-gerais e respectivos funcionários, cujos ordenados foram substancialmente reduzidos, enquanto o pessoal dos escalões inferiores recebeu ligeiros aumentos.
O mesmo sucedeu aos titulares de cargos públicos e dos órgãos de soberania, que viram também os seus salários reduzidos, nalguns casos, como o do primeiro-ministro, em 80 por cento.
A Guiné-Bissau é o país da África Ocidental com maior percentagem de funcionários públicos, registando 16 funcionários públicos por cada mil trabalhadores activos, quando a média da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) é de apenas de seis.
O Conselho Permanente de Concertação Social integra, além de membros do governo, representantes da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) e da Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura (CCIA).
O governo guineense aprovou hoje um aumento do salário mínimo nacional de 20,75 por cento e dos respectivos subsídios na Função Pública, que se traduz numa subida de 15.900 francos CFA (24,27 euros) para 19.200 FCFA (29,31 euros).
Fonte governamental indicou à Agência Lusa que o aumento foi decidido quinta-feira numa reunião de membros do executivo de Carlos Gomes Júnior com os seus parceiros do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS).
A medida, que não estava inicialmente prevista no novo Orçamento Geral do estado (OGE), foi tomada na sequência da necessidade de reajustar os ordenados dos trabalhadores da administração pública que estão inscritos no último escalão da grelha salarial.
Os subsídios mínimos passam também de 2.900 FCFA (4,42 euros) para 3.200 FCFA (4,88 euros), o que representa um aumento de 10,34 por cento.
Afirmando não ter o número exacto de funcionários públicos que se encontram no escalão "Z", a fonte sublinhou que esta medida vigorará, contudo, apenas até 31 de Dezembro deste ano, uma vez que a ideia é privatizar todos os serviços não produtivos da administração.
Assim, auxiliares e serviços de limpeza deverão ser incluídos em empresas a criar pelo próprio Estado que serão, depois, alienadas a privados.
A medida insere-se no pacote de reformas na Administração Pública, que viu já "harmonizados" os salários dos directores-gerais e respectivos funcionários, cujos ordenados foram substancialmente reduzidos, enquanto o pessoal dos escalões inferiores recebeu ligeiros aumentos.
O mesmo sucedeu aos titulares de cargos públicos e dos órgãos de soberania, que viram também os seus salários reduzidos, nalguns casos, como o do primeiro-ministro, em 80 por cento.
A Guiné-Bissau é o país da África Ocidental com maior percentagem de funcionários públicos, registando 16 funcionários públicos por cada mil trabalhadores activos, quando a média da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) é de apenas de seis.
O Conselho Permanente de Concertação Social integra, além de membros do governo, representantes da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) e da Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura (CCIA).
sexta-feira, julho 30, 2004
Índice de hoje
- Desgostos (Diário de Notícias, Lisboa)
- Os maus e os péssimos (Diário de Notícias, Lisboa)
- É necessário ter medo das nanotecnologias? (Le Temps, Genève)
- Padre e freira apanhados na "tentação" (BBC Brasil)
- Forte crescimento dos lucros das empresas dos EUA (Le Monde, Paris)
- Até Mercúrio, em 2011! (ABC, Madrid)
- Mohamed VI, un lustro sin lustre (ABC, Madrid)
- Decifrada a bactéria do acne (Jornal do Brasil, Rio)
- Os maus e os péssimos (Diário de Notícias, Lisboa)
- É necessário ter medo das nanotecnologias? (Le Temps, Genève)
- Padre e freira apanhados na "tentação" (BBC Brasil)
- Forte crescimento dos lucros das empresas dos EUA (Le Monde, Paris)
- Até Mercúrio, em 2011! (ABC, Madrid)
- Mohamed VI, un lustro sin lustre (ABC, Madrid)
- Decifrada a bactéria do acne (Jornal do Brasil, Rio)
Desgostos
Diário de Notícias
Por Vasco Pulido Valente
A Convenção do Partido Democrata americano foi educativa. Tenho visto muito coisa, mas nunca vi um espectáculo de hipocrisia, vacuidade e sentimentalismo como aquele. Humilhou a natureza humana. Santana e Sócrates ficam a uma infinita distância; são quase santos. Primeiro, a política. Na Convenção, não se pôde falar de política. Não se pôde falar da guerra, porque John Kerry (no Senado) votou pela guerra e Edwards também; e porque parte do eleitorado, nesse capítulo, aprova Bush. Aqui e ali, emergiu uma pequena insinuação para iniciados: e muito por favor. Não se pôde verdadeiramente falar de economia, porque a economia vai bem e o desemprego baixa. E não se pôde falar de educação, saúde ou segurança social, porque o Partido Democrata não controla o Congresso e as promessas que se fizessem (e fizeram algumas) não passariam manifestamente de pura intrujice. Tirando a política, sobrou o quê? Sobrou o «ideal» da América, o «sonho» da América, a grandeza e excepcionalidade da América. O hino do costume, ilustrado 100 vezes com a história do costume: o menino ou a menina pobre (de preferência «afro»), que subiu na vida. Mais baixinho, vieram a seguir os temas do PC: o anti-racismo, o feminismo, o ambiente. Mas ninguém insistiu. Só se insistiu com veemência, despudor e pieguice no heroísmo de Kerry (Vietname) e no amor da família (o sábio pai, a veneranda mãe, a querida mulher, o adorado marido, as lindas criancinhas). Para embrulhar este sumarento pacote, houve, é claro, o optimismo - transbordante, sem limites, representado por John Edwards, um cavalheiro primoroso de sorriso acéfalo e cabelo com laca. Escusado será dizer que, apesar de tudo, o ódio a Bush uniu a Convenção. Infelizmente para os Democratas, Bush, por comparação, até parece «normal»; e o ódio não chega. Para ganhar, evidentemente.
Por Vasco Pulido Valente
A Convenção do Partido Democrata americano foi educativa. Tenho visto muito coisa, mas nunca vi um espectáculo de hipocrisia, vacuidade e sentimentalismo como aquele. Humilhou a natureza humana. Santana e Sócrates ficam a uma infinita distância; são quase santos. Primeiro, a política. Na Convenção, não se pôde falar de política. Não se pôde falar da guerra, porque John Kerry (no Senado) votou pela guerra e Edwards também; e porque parte do eleitorado, nesse capítulo, aprova Bush. Aqui e ali, emergiu uma pequena insinuação para iniciados: e muito por favor. Não se pôde verdadeiramente falar de economia, porque a economia vai bem e o desemprego baixa. E não se pôde falar de educação, saúde ou segurança social, porque o Partido Democrata não controla o Congresso e as promessas que se fizessem (e fizeram algumas) não passariam manifestamente de pura intrujice. Tirando a política, sobrou o quê? Sobrou o «ideal» da América, o «sonho» da América, a grandeza e excepcionalidade da América. O hino do costume, ilustrado 100 vezes com a história do costume: o menino ou a menina pobre (de preferência «afro»), que subiu na vida. Mais baixinho, vieram a seguir os temas do PC: o anti-racismo, o feminismo, o ambiente. Mas ninguém insistiu. Só se insistiu com veemência, despudor e pieguice no heroísmo de Kerry (Vietname) e no amor da família (o sábio pai, a veneranda mãe, a querida mulher, o adorado marido, as lindas criancinhas). Para embrulhar este sumarento pacote, houve, é claro, o optimismo - transbordante, sem limites, representado por John Edwards, um cavalheiro primoroso de sorriso acéfalo e cabelo com laca. Escusado será dizer que, apesar de tudo, o ódio a Bush uniu a Convenção. Infelizmente para os Democratas, Bush, por comparação, até parece «normal»; e o ódio não chega. Para ganhar, evidentemente.
Os maus e os péssimos
Diário de Notícias
Por José António Barreiros
Quando um partido, que é um dos dois maiores partidos portugueses, apenas consegue oferecer como primeiro-ministro para Portugal uma pessoa como Pedro Santana Lopes, esse partido está morto.
Quando um país, como Portugal, apenas consegue gerar como um dos seus maiores partidos algo como aquilo que é hoje o PSD, esse país está liquidado. Só que nada disto causa estranheza. A situação política é absurda, mas é lógica. Ela é o produto do que uns quiseram fazer e do que outros permitiram que se fizesse. Quando a mediocridade triunfa, é porque os valores se demitem. A ousadia só consegue triunfar sobre a cobardia. Ora, em Portugal, o saber viver faz-se pelo deixar andar. Os fautores da decadência nacional estão à vista, triunfantes sobre os seus despojos. Primeiro, foi o assassínio das lideranças. Especializada num perverso jogo de tiro-ao-alvo, através da imprensa, sobre quantos pudessem mandar em Portugal, surgiu uma jovem turba de arrogantes ambiciosos, sequiosos de espaço e de exibição. Poucos escaparam aos seus ataques. No meio da confusão passaram os inocentes por pecadores.
O Governo de Cavaco Silva ofereceu vítimas de embarda. Os tribunais, complacentes, permitiram que tudo ficasse impune. Houve um momento em que, quem tivesse um nome a respeitar, uma carreira a defender, recusava qualquer lugar de Estado. Ninguém se arriscava a ser enxovalhado nos jornais. Hoje percebe-se o que queriam esses juvenis procuradores do bem público: as suas fulgurantes biografias mostram ao que vinham. Empossados nos cargos dos outros, convivem, amenamente, entre os dourados do poder, com aqueles que antes tanto ridicularizaram. Depois, foi o aviltamento da educação ou da falta dela.
A uma política de massificação do ensino, em que ao critério da qualidade se preferiu o reino da quantidade, seguiu-se a mercantilização do ensino superior, transformadas as universidades em centros de formação profissional acelerada. Em todos os quadrantes da política houve gente a ganhar o seu quinhão. Por alguma razão as universidade se encheram de deputados-professores e de todos os partidos. Os resultados estão à vista. Chegou-se a um ponto em que filhos doutores eram mais ignorantes do que a quarta classe dos seus pais. A juntar a isto, disseminou-se uma mentalidade hedonista, em que cada um prefere «curtir» a cumprir, goza mais em ter do que em ser, cuida de si e «marimba-se» no outro. Individualistas, vivem na eterna pose, insignificantes dependem das audiências. O que é caricato é que estas gerações são as sucessivas proles dos que sonhavam com um país novo. São o fruto dos que estiveram na crise de sessenta e no Maio de 68, dos que eram anti-tudo, dos que realisticamente pediam então o impossível. O mundo que criaram cerca-os nos momentos de insónia. Em Portugal fez-se uma Revolução para apear do mando o Doutor Marcello Caetano. Trinta anos depois, o Presidente da República, homem de esquerda e do 25 de Abril, brinda-nos com Pedro Santana Lopes. Faz sentido. Outrora vivíamos em ditadura, hoje em democracia. Antigamente, tínhamos os governantes que nos impunham, hoje os que escolhemos.
Em suma, não temos dirigentes maus, nós é que estamos péssimos.
Por José António Barreiros
Quando um partido, que é um dos dois maiores partidos portugueses, apenas consegue oferecer como primeiro-ministro para Portugal uma pessoa como Pedro Santana Lopes, esse partido está morto.
Quando um país, como Portugal, apenas consegue gerar como um dos seus maiores partidos algo como aquilo que é hoje o PSD, esse país está liquidado. Só que nada disto causa estranheza. A situação política é absurda, mas é lógica. Ela é o produto do que uns quiseram fazer e do que outros permitiram que se fizesse. Quando a mediocridade triunfa, é porque os valores se demitem. A ousadia só consegue triunfar sobre a cobardia. Ora, em Portugal, o saber viver faz-se pelo deixar andar. Os fautores da decadência nacional estão à vista, triunfantes sobre os seus despojos. Primeiro, foi o assassínio das lideranças. Especializada num perverso jogo de tiro-ao-alvo, através da imprensa, sobre quantos pudessem mandar em Portugal, surgiu uma jovem turba de arrogantes ambiciosos, sequiosos de espaço e de exibição. Poucos escaparam aos seus ataques. No meio da confusão passaram os inocentes por pecadores.
O Governo de Cavaco Silva ofereceu vítimas de embarda. Os tribunais, complacentes, permitiram que tudo ficasse impune. Houve um momento em que, quem tivesse um nome a respeitar, uma carreira a defender, recusava qualquer lugar de Estado. Ninguém se arriscava a ser enxovalhado nos jornais. Hoje percebe-se o que queriam esses juvenis procuradores do bem público: as suas fulgurantes biografias mostram ao que vinham. Empossados nos cargos dos outros, convivem, amenamente, entre os dourados do poder, com aqueles que antes tanto ridicularizaram. Depois, foi o aviltamento da educação ou da falta dela.
A uma política de massificação do ensino, em que ao critério da qualidade se preferiu o reino da quantidade, seguiu-se a mercantilização do ensino superior, transformadas as universidades em centros de formação profissional acelerada. Em todos os quadrantes da política houve gente a ganhar o seu quinhão. Por alguma razão as universidade se encheram de deputados-professores e de todos os partidos. Os resultados estão à vista. Chegou-se a um ponto em que filhos doutores eram mais ignorantes do que a quarta classe dos seus pais. A juntar a isto, disseminou-se uma mentalidade hedonista, em que cada um prefere «curtir» a cumprir, goza mais em ter do que em ser, cuida de si e «marimba-se» no outro. Individualistas, vivem na eterna pose, insignificantes dependem das audiências. O que é caricato é que estas gerações são as sucessivas proles dos que sonhavam com um país novo. São o fruto dos que estiveram na crise de sessenta e no Maio de 68, dos que eram anti-tudo, dos que realisticamente pediam então o impossível. O mundo que criaram cerca-os nos momentos de insónia. Em Portugal fez-se uma Revolução para apear do mando o Doutor Marcello Caetano. Trinta anos depois, o Presidente da República, homem de esquerda e do 25 de Abril, brinda-nos com Pedro Santana Lopes. Faz sentido. Outrora vivíamos em ditadura, hoje em democracia. Antigamente, tínhamos os governantes que nos impunham, hoje os que escolhemos.
Em suma, não temos dirigentes maus, nós é que estamos péssimos.
É necessário ter medo das nanotecnologias?
Le Temps
Por Olivier Dessibourg
Le jour n'est pas encore arrivé où des robots minuscules pourront développer une intelligence collective, se répliquer et prendre le contrôle de la planète. La science-fiction restera donc ce qu'elle est. Même racontée par l'un de ses auteurs les plus connus, Michael Crichton, dans son dernier livre, La Proie.
L'an dernier, ce scénario avait attiré l'attention du prince Charles. Le gouvernement anglais avait alors mandaté la Royal Society et la Royal Academy of Engineering pour faire le point sur les nanotechnologies. Dans leur rapport publié hier – le premier de cette envergure –, les deux académies concluent que ce nouveau domaine scientifique offre la possibilité de fabuleux développements technologiques et médicaux, mis à part ces robots dont la confection est jugée impossible pour l'instant. Mais elles indiquent que des études sur les risques encore méconnus qui y sont liés doivent être menées.
Les nanotechnologies peuvent être définies comme l'ensemble des techniques permettant de manipuler l'infiniment petit (atomes et molécules) dans le but de créer de nouveaux produits. Par analogie, un nanomètre (ou milliardième de mètre) est à un mètre ce que la taille d'un nain de jardin est à la distance Terre-Lune – le préfixe grec nano signifie d'ailleurs «nain». Les scientifiques s'y intéressent de près car, à cette échelle, certains matériaux présentent des propriétés physico-chimiques inédites par rapport à l'état macroscopique. L'industrie n'a pas tardé à les exploiter, tant le marché est énorme, de la médecine à l'électronique en passant par l'industrie cosmétique ou celle des matériaux.
«La plupart des secteurs de recherche ne présentent aucun risque, car les nanocomposants impliqués sont fixés dans les produits», a expliqué la professeur Ann Dowling, directrice du groupe d'étude à la base du rapport. L'inconnue concerne plutôt les nanoparticules qui pourraient être diffusées dans l'air, le sol ou par d'autres biais, et entreraient ainsi en contact avec le corps humain. Il existe peu d'informations fiables quant à leur toxicité, indique le rapport. Ce qui a contraint ses auteurs à faire des comparaisons avec des particules similaires comme les suies des gaz d'échappements.
Des études menées sur des rats ont bien montré que, lorsqu'on leur inoculait des nanoparticules, comme celles qui pourraient être utilisées en médecine, elles se regroupaient, notamment dans les poumons, et les étouffaient. Mais les doses massives étaient non représentatives. Une étude du Centre suisse d'évaluation des choix technologiques (TA-SWISS) indique aussi la possibilité que ces nanoparticules puissent traverser la barrière jusqu'ici imperméable séparant le sang et le liquide céphalorachidien dans lequel baigne le cerveau. Enfin, les impacts sur l'environnement sont totalement inconnus.
Depuis deux ans, ETC, un groupe pro-environnement canadien, se base sur ces arguments pour demander un moratoire sur les recherches en nanotechnologies. Les experts anglais le jugent inutile: «Il est très peu probable que ces nanoparticules puissent être introduites en quantités suffisantes dans des corps humains pour causer des effets nocifs identiques à ceux associés aux particules polluantes présentes dans l'air.» Très peu de produits entrant dans cette catégorie sont commercialisés. Ils recommandent par contre aux scientifiques de prendre les précautions nécessaires en manipulant ces nanostructures.
Un autre problème est soulevé dans le rapport: vu les tailles des particules dont on cherche à connaître les impacts, il faudra peut-être développer de nouvelles techniques d'analyse assez fines. «Nous discutons actuellement de ces protocoles au niveau européen», confirme Marianne Geiser, privat docent à l'Institut d'anatomie de l'Université de Berne, qui dirige le seul groupe en Suisse à se préoccuper des telles questions. Si besoin est, pourront alors être établies les régulations pour ce qu'il faudra considérer comme de nouveaux produits chimiques. En conclusion, le rapport exhorte à poursuivre ces études de toxicité.
Ueli Aebi, directeur de recherches au Pôle national de recherche «Nanosciences» à Bâle, reconnaît cette nécessité, en Angleterre comme partout ailleurs. Mais il estime qu'il faut éviter de tomber dans l'alarmisme, comme c'est parfois le cas, «tant on se trouve encore à des années-lumière de certaines applications médicales mentionnées». Mariane Geiser abonde: «Sans ce genre d'études, nous risquons de nous retrouver dans une situation similaire à celle qui concerne les OGM, avec un public devenu suspicieux.» Et d'ajouter: «Pour cela, il faut débloquer plus de moyens financiers qu'actuellement.» A titre d'exemple, le projet européen sur les nanotechnologies ne consacre que 5% de son budget à ce thème.
Por Olivier Dessibourg
Le jour n'est pas encore arrivé où des robots minuscules pourront développer une intelligence collective, se répliquer et prendre le contrôle de la planète. La science-fiction restera donc ce qu'elle est. Même racontée par l'un de ses auteurs les plus connus, Michael Crichton, dans son dernier livre, La Proie.
L'an dernier, ce scénario avait attiré l'attention du prince Charles. Le gouvernement anglais avait alors mandaté la Royal Society et la Royal Academy of Engineering pour faire le point sur les nanotechnologies. Dans leur rapport publié hier – le premier de cette envergure –, les deux académies concluent que ce nouveau domaine scientifique offre la possibilité de fabuleux développements technologiques et médicaux, mis à part ces robots dont la confection est jugée impossible pour l'instant. Mais elles indiquent que des études sur les risques encore méconnus qui y sont liés doivent être menées.
Les nanotechnologies peuvent être définies comme l'ensemble des techniques permettant de manipuler l'infiniment petit (atomes et molécules) dans le but de créer de nouveaux produits. Par analogie, un nanomètre (ou milliardième de mètre) est à un mètre ce que la taille d'un nain de jardin est à la distance Terre-Lune – le préfixe grec nano signifie d'ailleurs «nain». Les scientifiques s'y intéressent de près car, à cette échelle, certains matériaux présentent des propriétés physico-chimiques inédites par rapport à l'état macroscopique. L'industrie n'a pas tardé à les exploiter, tant le marché est énorme, de la médecine à l'électronique en passant par l'industrie cosmétique ou celle des matériaux.
«La plupart des secteurs de recherche ne présentent aucun risque, car les nanocomposants impliqués sont fixés dans les produits», a expliqué la professeur Ann Dowling, directrice du groupe d'étude à la base du rapport. L'inconnue concerne plutôt les nanoparticules qui pourraient être diffusées dans l'air, le sol ou par d'autres biais, et entreraient ainsi en contact avec le corps humain. Il existe peu d'informations fiables quant à leur toxicité, indique le rapport. Ce qui a contraint ses auteurs à faire des comparaisons avec des particules similaires comme les suies des gaz d'échappements.
Des études menées sur des rats ont bien montré que, lorsqu'on leur inoculait des nanoparticules, comme celles qui pourraient être utilisées en médecine, elles se regroupaient, notamment dans les poumons, et les étouffaient. Mais les doses massives étaient non représentatives. Une étude du Centre suisse d'évaluation des choix technologiques (TA-SWISS) indique aussi la possibilité que ces nanoparticules puissent traverser la barrière jusqu'ici imperméable séparant le sang et le liquide céphalorachidien dans lequel baigne le cerveau. Enfin, les impacts sur l'environnement sont totalement inconnus.
Depuis deux ans, ETC, un groupe pro-environnement canadien, se base sur ces arguments pour demander un moratoire sur les recherches en nanotechnologies. Les experts anglais le jugent inutile: «Il est très peu probable que ces nanoparticules puissent être introduites en quantités suffisantes dans des corps humains pour causer des effets nocifs identiques à ceux associés aux particules polluantes présentes dans l'air.» Très peu de produits entrant dans cette catégorie sont commercialisés. Ils recommandent par contre aux scientifiques de prendre les précautions nécessaires en manipulant ces nanostructures.
Un autre problème est soulevé dans le rapport: vu les tailles des particules dont on cherche à connaître les impacts, il faudra peut-être développer de nouvelles techniques d'analyse assez fines. «Nous discutons actuellement de ces protocoles au niveau européen», confirme Marianne Geiser, privat docent à l'Institut d'anatomie de l'Université de Berne, qui dirige le seul groupe en Suisse à se préoccuper des telles questions. Si besoin est, pourront alors être établies les régulations pour ce qu'il faudra considérer comme de nouveaux produits chimiques. En conclusion, le rapport exhorte à poursuivre ces études de toxicité.
Ueli Aebi, directeur de recherches au Pôle national de recherche «Nanosciences» à Bâle, reconnaît cette nécessité, en Angleterre comme partout ailleurs. Mais il estime qu'il faut éviter de tomber dans l'alarmisme, comme c'est parfois le cas, «tant on se trouve encore à des années-lumière de certaines applications médicales mentionnées». Mariane Geiser abonde: «Sans ce genre d'études, nous risquons de nous retrouver dans une situation similaire à celle qui concerne les OGM, avec un public devenu suspicieux.» Et d'ajouter: «Pour cela, il faut débloquer plus de moyens financiers qu'actuellement.» A titre d'exemple, le projet européen sur les nanotechnologies ne consacre que 5% de son budget à ce thème.
Padre e freira apanhados na "tentação"
BBC Brasil
Raphael Tenthani
Em lágrimas, freira disse ter sofrido lapso de consciência
Um padre e uma freira católicos foram condenados por um tribunal do Maláui por fazer sexo no estacionamento de um aeroporto.
Os dois foram flagrados em pleno ato sexual dentro de um carro com os vidros escurecidos estacionado no Aeroporto Internacional de Lilongwe, a capital do país.
"Foi um espetáculo bizarro", disse o porta-voz da polícia Delvin Maigwa à BBC. "O público avisou a polícia depois de ter visto o carro balançando de uma forma engraçada."
O sacerdote de 43 anos e a freira de 26 foram a condenados a seis meses de prisão com trabalhos forçados, mas a pena foi suspensa.
Lágrimas
Em um tribunal lotado, os dois assumiram a culpa nas acusações de comportamento indecente em local público e conduta desordeira.
Em lágrimas, a freira disse ao juiz que lamentava seu breve lapso de consciência enquanto o padre disse que, como um homem de Deus, aceitava o fato de que Satã o havia tentado.
O juiz Arthur Mtalimanja aceitou as desculpas como elementos que minimizavam a pena, mas disse que os dois, como servidores de Deus, eram "as últimas pessoas" de quem se esperaria este tipo de comportamento.
"Portanto eu vou condená-los a seis meses de prisão com trabalhos forçados, mas vou suspender a pena porque vocês mostraram arrependimento", disse o juiz.
Mas o juiz alertou que, se eles recaírem no mesmo tipo comportamento, podem ser condenados a 18 meses de prisão.
Raphael Tenthani
Em lágrimas, freira disse ter sofrido lapso de consciência
Um padre e uma freira católicos foram condenados por um tribunal do Maláui por fazer sexo no estacionamento de um aeroporto.
Os dois foram flagrados em pleno ato sexual dentro de um carro com os vidros escurecidos estacionado no Aeroporto Internacional de Lilongwe, a capital do país.
"Foi um espetáculo bizarro", disse o porta-voz da polícia Delvin Maigwa à BBC. "O público avisou a polícia depois de ter visto o carro balançando de uma forma engraçada."
O sacerdote de 43 anos e a freira de 26 foram a condenados a seis meses de prisão com trabalhos forçados, mas a pena foi suspensa.
Lágrimas
Em um tribunal lotado, os dois assumiram a culpa nas acusações de comportamento indecente em local público e conduta desordeira.
Em lágrimas, a freira disse ao juiz que lamentava seu breve lapso de consciência enquanto o padre disse que, como um homem de Deus, aceitava o fato de que Satã o havia tentado.
O juiz Arthur Mtalimanja aceitou as desculpas como elementos que minimizavam a pena, mas disse que os dois, como servidores de Deus, eram "as últimas pessoas" de quem se esperaria este tipo de comportamento.
"Portanto eu vou condená-los a seis meses de prisão com trabalhos forçados, mas vou suspender a pena porque vocês mostraram arrependimento", disse o juiz.
Mas o juiz alertou que, se eles recaírem no mesmo tipo comportamento, podem ser condenados a 18 meses de prisão.
Forte crescimento dos lucros das empresas dos EUA
Le Monde
Les entreprises américaines ont réalisé des bénéfices en forte augmentation au cours du deuxième trimestre par rapport à la même période de 2003. Les analystes estiment que leurs profits devraient augmenter de plus de 20 % pour le quatrième trimestre d'affilée. Les sociétés pourraient faire profiter leurs actionnaires de cette bonne santé financière, en distribuant pour 180 milliards de dollars de profit cette année. Les marchés boursiers, qui ont déjà intégré les résultats actuels, anticipent des résultats moins bons au cours des douze prochains mois. Cela explique que le Dow Jones ait perdu plus de 3 % depuis début juillet et le Nasdaq 9 %. Les entreprises se bousculent pour se faire coter à Wall Street : 54 introductions en Bourse ont eu lieu sur le NYSE et le Nasdaq au deuxième trimestre.
Le bal des résultats du deuxième trimestre 2004 touche à sa fin aux Etats-Unis. Comme lors des trois précédents trimestres, les entreprises américaines ont réalisé des bénéfices en très forte augmentation. D'après la plupart des analystes, les profits devraient augmenter de plus de 20 % par rapport au deuxième trimestre 2003.
Au premier trimestre 2004, les profits des entreprises américaines avaient déjà grimpé de 27 %. Et lors des troisième et quatrième trimestres 2003, les hausses avaient atteint respectivement 21 % et 28 %. Quatre trimestres consécutifs de croissance des bénéfices au-dessus de 20 % : le phénomène ne s'est produit qu'à de très rares occasions durant les dernières décennies.
Les entreprises technologiques sont celles qui ont enregistré les plus fortes hausses de bénéfices au deuxième trimestre. Microsoft a engrangé 2,69 milliards de dollars (+ 82%), IBM 1,99 milliard (+ 17 %), l'opérateur téléphonique Verizon 1,8 milliard (+ 432 %). Mais les sociétés de ce secteur sont aussi celles qui ont émis le plus de doutes pour les mois à venir. Intel, le numéro un mondial des puces, dont l'activité est au beau fixe, a vu son résultat net s'envoler de 96 % par rapport au deuxième trimestre 2003, à 1,76 milliard de dollars, après l'avoir déjà triplé au premier trimestre. Mais il a annoncé, le 14 juillet, une légère révision à la baisse de sa prévision de marge brute pour le troisième trimestre, laissant entrevoir qu'il lui sera difficile de maintenir un tel rythme de progression de ses résultats. Conséquence : l'action Intel a dévissé de 10 % ce jour-là.
DU MIEUX POUR BOEING
"La question qui se pose aujourd'hui est de savoir si les entreprises seront capables de maintenir leurs marges aux niveaux actuels. Une chose est sûre : elles ne peuvent plus progresser. Seule une augmentation des prix peut leur permettre de les garder aux niveaux actuels", indique Jean-François Virolle, de Global Equities. C'est le problème qui se pose pour Intel, qui avance, comme raison de la baisse de sa marge, des prix de vente moyen légèrement plus bas que prévu pour ses microprocesseurs. Les constructeurs automobiles ont réalisé parmi les plus belles performances : Ford a triplé son résultat du deuxième trimestre 2003, atteignant 1,2 milliard de dollars, tandis que General Motors a vu le sien progresser de 48 %, à 1,34 milliard. Et les perspectives pour 2005 sont bonnes. Dans l'aéronautique, Boeing, qui avait perdu 192 millions de dollars au second trimestre de 2003, a, cette fois, réalisé un bénéfice de 607 millions.
Dans le secteur financier, les banques ont bénéficié de la bonne tenue des marchés. Bank of America a enregistré 3,85 milliards de dollars de profits nets (+ 40 % par rapport à 2003), Merrill Lynch 1,1 milliard (+ 10 %). Seul Citigroup a vu son bénéfice divisé par quatre par rapport à 2003. Il ressort tout de même à 1,14 milliard de dollars. Sans la provision de près de 5 milliards liée à la faillite du groupe de télécommunications Worldcom, il eût été considérable.
Dans l'agroalimentaire, les progressions de résultats, quand elles existent, sont plus modestes. Coca-Cola a réalisé un bénéfice de 1,58 milliard de dollars (+ 16 %), son concurrent Pepsi 1,06 milliard (+ 12 %). Altria (Philip Morris, Kraft Foods), qui fait traditionnellement partie des entreprises réalisant les plus gros bénéfices, n'a vu le sien s'apprécier que de 7,8 %, à 2,6 milliards de dollars.
Grâce à la flambée des prix, les pétrolières seront une fois de plus en tête du palmarès. En attendant le numéro un mondial ExxonMobil, qui doit publier ses résultats dans les prochains jours, le numéro trois américain du secteur, ConocoPhillips, a engrangé 2,07 milliards de dollars entre avril et juin (+ 75 %).
RECORD DE DIVIDENDES
Mais que faire de ces bénéfices ? Investir ou redistribuer aux actionnaires ? Les entreprises américaines sont plus que jamais confrontées à ce dilemme. Beaucoup ont opté pour la deuxième solution. D'après l'agence de notation Standard and Poor's, 2004 sera un millésime record en matière de versement de dividendes aux actionnaires. Les entreprises américaines devraient en effet redistribuer 180 milliards de dollars. L'assouplissement de la fiscalité sur les dividendes, entériné par le président Bush à l'automne 2003, est une des raisons d'explication.
Microsoft, le premier, s'est engouffré dans la brèche, en annonçant qu'il distribuera 35 milliards de dollars de dividendes exceptionnels au mois de décembre et qu'il rachètera pour 7,5 milliards de dollars d'actions chaque année pendant quatre ans (Le Monde du 22 juillet). Christophe Aulnette, PDG de Microsoft France, refuse toutefois l'idée que la distribution d'argent aux actionnaires se réalise au détriment des investissements : "En aucun cas, le plan de redistribution d'une partie de notre trésorerie aux actionnaires ne vient remettre en question notre politique d'innovation et de recherche et développement. Les investissements en R & D sont de l'ordre de 7 milliards de dollars chaque année, ce qui reste considérable. De l'aveu des analystes, le rythme actuel de croissance des profits est difficilement tenable." "Les entreprises américaines vont subir un double effet : l'arrêt de l'amélioration des marges et une croissance économique appelée à ralentir. Le glissement sur un an des résultats ne peut que ralentir", expliquent dans une étude les analystes de chez Aurel Leven. La réaction pessimiste de la Bourse (le Dow Jones affiche un recul de 4 % depuis le début de l'année), alors que les résultats annoncés sont excellents, traduit clairement une crainte sur les perspectives économiques de 2005.
"En 2004, la croissance de l'économie américaine, autour de 4,5 %, va rester au-dessus de la tendance historique mais, à l'horizon 2005, on va retrouver cette tendance de long terme de l'ordre de 3,5 %", d'après M. Virolle. Vendredi, la première estimation du PIB américain du second trimestre permettra de savoir si le ralentissement a déjà commencé ou non.
Arnaud Bivès
Les entreprises américaines ont réalisé des bénéfices en forte augmentation au cours du deuxième trimestre par rapport à la même période de 2003. Les analystes estiment que leurs profits devraient augmenter de plus de 20 % pour le quatrième trimestre d'affilée. Les sociétés pourraient faire profiter leurs actionnaires de cette bonne santé financière, en distribuant pour 180 milliards de dollars de profit cette année. Les marchés boursiers, qui ont déjà intégré les résultats actuels, anticipent des résultats moins bons au cours des douze prochains mois. Cela explique que le Dow Jones ait perdu plus de 3 % depuis début juillet et le Nasdaq 9 %. Les entreprises se bousculent pour se faire coter à Wall Street : 54 introductions en Bourse ont eu lieu sur le NYSE et le Nasdaq au deuxième trimestre.
Le bal des résultats du deuxième trimestre 2004 touche à sa fin aux Etats-Unis. Comme lors des trois précédents trimestres, les entreprises américaines ont réalisé des bénéfices en très forte augmentation. D'après la plupart des analystes, les profits devraient augmenter de plus de 20 % par rapport au deuxième trimestre 2003.
Au premier trimestre 2004, les profits des entreprises américaines avaient déjà grimpé de 27 %. Et lors des troisième et quatrième trimestres 2003, les hausses avaient atteint respectivement 21 % et 28 %. Quatre trimestres consécutifs de croissance des bénéfices au-dessus de 20 % : le phénomène ne s'est produit qu'à de très rares occasions durant les dernières décennies.
Les entreprises technologiques sont celles qui ont enregistré les plus fortes hausses de bénéfices au deuxième trimestre. Microsoft a engrangé 2,69 milliards de dollars (+ 82%), IBM 1,99 milliard (+ 17 %), l'opérateur téléphonique Verizon 1,8 milliard (+ 432 %). Mais les sociétés de ce secteur sont aussi celles qui ont émis le plus de doutes pour les mois à venir. Intel, le numéro un mondial des puces, dont l'activité est au beau fixe, a vu son résultat net s'envoler de 96 % par rapport au deuxième trimestre 2003, à 1,76 milliard de dollars, après l'avoir déjà triplé au premier trimestre. Mais il a annoncé, le 14 juillet, une légère révision à la baisse de sa prévision de marge brute pour le troisième trimestre, laissant entrevoir qu'il lui sera difficile de maintenir un tel rythme de progression de ses résultats. Conséquence : l'action Intel a dévissé de 10 % ce jour-là.
DU MIEUX POUR BOEING
"La question qui se pose aujourd'hui est de savoir si les entreprises seront capables de maintenir leurs marges aux niveaux actuels. Une chose est sûre : elles ne peuvent plus progresser. Seule une augmentation des prix peut leur permettre de les garder aux niveaux actuels", indique Jean-François Virolle, de Global Equities. C'est le problème qui se pose pour Intel, qui avance, comme raison de la baisse de sa marge, des prix de vente moyen légèrement plus bas que prévu pour ses microprocesseurs. Les constructeurs automobiles ont réalisé parmi les plus belles performances : Ford a triplé son résultat du deuxième trimestre 2003, atteignant 1,2 milliard de dollars, tandis que General Motors a vu le sien progresser de 48 %, à 1,34 milliard. Et les perspectives pour 2005 sont bonnes. Dans l'aéronautique, Boeing, qui avait perdu 192 millions de dollars au second trimestre de 2003, a, cette fois, réalisé un bénéfice de 607 millions.
Dans le secteur financier, les banques ont bénéficié de la bonne tenue des marchés. Bank of America a enregistré 3,85 milliards de dollars de profits nets (+ 40 % par rapport à 2003), Merrill Lynch 1,1 milliard (+ 10 %). Seul Citigroup a vu son bénéfice divisé par quatre par rapport à 2003. Il ressort tout de même à 1,14 milliard de dollars. Sans la provision de près de 5 milliards liée à la faillite du groupe de télécommunications Worldcom, il eût été considérable.
Dans l'agroalimentaire, les progressions de résultats, quand elles existent, sont plus modestes. Coca-Cola a réalisé un bénéfice de 1,58 milliard de dollars (+ 16 %), son concurrent Pepsi 1,06 milliard (+ 12 %). Altria (Philip Morris, Kraft Foods), qui fait traditionnellement partie des entreprises réalisant les plus gros bénéfices, n'a vu le sien s'apprécier que de 7,8 %, à 2,6 milliards de dollars.
Grâce à la flambée des prix, les pétrolières seront une fois de plus en tête du palmarès. En attendant le numéro un mondial ExxonMobil, qui doit publier ses résultats dans les prochains jours, le numéro trois américain du secteur, ConocoPhillips, a engrangé 2,07 milliards de dollars entre avril et juin (+ 75 %).
RECORD DE DIVIDENDES
Mais que faire de ces bénéfices ? Investir ou redistribuer aux actionnaires ? Les entreprises américaines sont plus que jamais confrontées à ce dilemme. Beaucoup ont opté pour la deuxième solution. D'après l'agence de notation Standard and Poor's, 2004 sera un millésime record en matière de versement de dividendes aux actionnaires. Les entreprises américaines devraient en effet redistribuer 180 milliards de dollars. L'assouplissement de la fiscalité sur les dividendes, entériné par le président Bush à l'automne 2003, est une des raisons d'explication.
Microsoft, le premier, s'est engouffré dans la brèche, en annonçant qu'il distribuera 35 milliards de dollars de dividendes exceptionnels au mois de décembre et qu'il rachètera pour 7,5 milliards de dollars d'actions chaque année pendant quatre ans (Le Monde du 22 juillet). Christophe Aulnette, PDG de Microsoft France, refuse toutefois l'idée que la distribution d'argent aux actionnaires se réalise au détriment des investissements : "En aucun cas, le plan de redistribution d'une partie de notre trésorerie aux actionnaires ne vient remettre en question notre politique d'innovation et de recherche et développement. Les investissements en R & D sont de l'ordre de 7 milliards de dollars chaque année, ce qui reste considérable. De l'aveu des analystes, le rythme actuel de croissance des profits est difficilement tenable." "Les entreprises américaines vont subir un double effet : l'arrêt de l'amélioration des marges et une croissance économique appelée à ralentir. Le glissement sur un an des résultats ne peut que ralentir", expliquent dans une étude les analystes de chez Aurel Leven. La réaction pessimiste de la Bourse (le Dow Jones affiche un recul de 4 % depuis le début de l'année), alors que les résultats annoncés sont excellents, traduit clairement une crainte sur les perspectives économiques de 2005.
"En 2004, la croissance de l'économie américaine, autour de 4,5 %, va rester au-dessus de la tendance historique mais, à l'horizon 2005, on va retrouver cette tendance de long terme de l'ordre de 3,5 %", d'après M. Virolle. Vendredi, la première estimation du PIB américain du second trimestre permettra de savoir si le ralentissement a déjà commencé ou non.
Arnaud Bivès
Até Mercúrio, em 2011!
ABC
Por JOSÉ MARÍA FERNÁNDEZ-RÚA
MADRID. El próximo lunes, la Agencia espacial estadounidense (NASA) intentará lanzar al espacio la sonda automática «Messenger» (Mensajero), por medio de un cohete de la serie Delta. Su destino es el planeta Mercurio, adonde llegará en el año 2011 después de recorrer 7.900 millones de kilómetros. Este ingenio, que permanecerá en órbita durante un año antes de empezar a emitir datos e imágenes sobre el planeta, pesa 1.200 kilogramos y está protegido con un avanzado sistema de radiación de calor, que complementará un escudo de cerámica para evitar su desintegración.
La nave «Messenger» (MErcury Surface Space ENvironment, GEochemistry, y Ranging) pertenece al programa «Discovery» de la NASA para orbitar alrededor del planeta más cercano al Sol, con el objetivo principal de confirmar si, como sostienen los científicos, en los profundos cráteres de sus polos hay grandes masas heladas de agua.
Reto de la ingeniería espacial
Este gran reto de la ingeniería espacial, sustentando en la construcción de un ingenio que pudiera operar cerca de la Tierra y a menos de 0,4 unidades astronómicas del Sol, ha sido posible gracias al diseño de un equipo multidisciplinar de ingenieros que ha logrado construir una serie de multicapas en su estructura para evitar el calor excedente, mientras la nave espacial esté en las proximidades de Mercurio. La capa principal de protección es una especie de paraguas de cerámica, que asegura que la sonda se conserve fría cuando se encuente cerca del Sol.
Asimismo, las cubiertas de la «Messenger» son capas superpuestas de kapton aluminizado. Los ingenieros subrayan que esta peculiar disposición elimina la transferencia conductiva de calor, de tal forma que no pueden «entrar» en la nave cuando esté próxima al Sol. También se ha logrado que los conjuntos solares giren sobre un eje, para proteger la estructura del sobrecalentamiento.
Los científicos del Jet Propulsion Laboratory de la NASA también intentarán encontrar respuestas a los numerosos interrogantes que se formulan sobre Mercurio, que ya fue visitado hace treinta años por la sonda «Mariner 10». Así, en esta nueva misión de la NASA, cuya «ventana de lanzamiento» permanecerá abierta hasta el 13 de agosto, se intentará saber la razón por la cual este planeta es tan denso, al tiempo que gracias a los instrumentos científicos que lleva en su interior la sonda automática se obtendrán datos e imágenes sobre la naturaleza de sus campos magnéticos.
Entre estos instrumentos destaca el que ha sido construido por la Universidad estadounidense de Colorado. El profesor William McClintock y su equipo de este campus ha diseñado el espectrómetro «Mascs», valorado en 8,7 millones de dólares. «Estudiando la superficie de Mercurio, su ténue atmósfera y sus campos magnéticos -explica este científico- encontraremos también respuestas a la evolución del sistema solar». El resto del instrumental científico de esta sonda automática está integrado por cámaras digitales, magnetómetros y un altímetro.
Las sospechas de los investigadores, en el sentido de que los enormes cráteres de los polos de Mercurio, fruto de continuos impactos de meteoros, albergan ingentes cantidades de agua helada, pueden ser confirmadas dentro de ocho años, cuando la sonda «Messenger» envíe al Jet Propulsion Laboratory los primeros datos de Mercurio.
Por JOSÉ MARÍA FERNÁNDEZ-RÚA
MADRID. El próximo lunes, la Agencia espacial estadounidense (NASA) intentará lanzar al espacio la sonda automática «Messenger» (Mensajero), por medio de un cohete de la serie Delta. Su destino es el planeta Mercurio, adonde llegará en el año 2011 después de recorrer 7.900 millones de kilómetros. Este ingenio, que permanecerá en órbita durante un año antes de empezar a emitir datos e imágenes sobre el planeta, pesa 1.200 kilogramos y está protegido con un avanzado sistema de radiación de calor, que complementará un escudo de cerámica para evitar su desintegración.
La nave «Messenger» (MErcury Surface Space ENvironment, GEochemistry, y Ranging) pertenece al programa «Discovery» de la NASA para orbitar alrededor del planeta más cercano al Sol, con el objetivo principal de confirmar si, como sostienen los científicos, en los profundos cráteres de sus polos hay grandes masas heladas de agua.
Reto de la ingeniería espacial
Este gran reto de la ingeniería espacial, sustentando en la construcción de un ingenio que pudiera operar cerca de la Tierra y a menos de 0,4 unidades astronómicas del Sol, ha sido posible gracias al diseño de un equipo multidisciplinar de ingenieros que ha logrado construir una serie de multicapas en su estructura para evitar el calor excedente, mientras la nave espacial esté en las proximidades de Mercurio. La capa principal de protección es una especie de paraguas de cerámica, que asegura que la sonda se conserve fría cuando se encuente cerca del Sol.
Asimismo, las cubiertas de la «Messenger» son capas superpuestas de kapton aluminizado. Los ingenieros subrayan que esta peculiar disposición elimina la transferencia conductiva de calor, de tal forma que no pueden «entrar» en la nave cuando esté próxima al Sol. También se ha logrado que los conjuntos solares giren sobre un eje, para proteger la estructura del sobrecalentamiento.
Los científicos del Jet Propulsion Laboratory de la NASA también intentarán encontrar respuestas a los numerosos interrogantes que se formulan sobre Mercurio, que ya fue visitado hace treinta años por la sonda «Mariner 10». Así, en esta nueva misión de la NASA, cuya «ventana de lanzamiento» permanecerá abierta hasta el 13 de agosto, se intentará saber la razón por la cual este planeta es tan denso, al tiempo que gracias a los instrumentos científicos que lleva en su interior la sonda automática se obtendrán datos e imágenes sobre la naturaleza de sus campos magnéticos.
Entre estos instrumentos destaca el que ha sido construido por la Universidad estadounidense de Colorado. El profesor William McClintock y su equipo de este campus ha diseñado el espectrómetro «Mascs», valorado en 8,7 millones de dólares. «Estudiando la superficie de Mercurio, su ténue atmósfera y sus campos magnéticos -explica este científico- encontraremos también respuestas a la evolución del sistema solar». El resto del instrumental científico de esta sonda automática está integrado por cámaras digitales, magnetómetros y un altímetro.
Las sospechas de los investigadores, en el sentido de que los enormes cráteres de los polos de Mercurio, fruto de continuos impactos de meteoros, albergan ingentes cantidades de agua helada, pueden ser confirmadas dentro de ocho años, cuando la sonda «Messenger» envíe al Jet Propulsion Laboratory los primeros datos de Mercurio.
Mohamed VI, un lustro sin lustre
ABC
Por LUIS DE VEGA, CORRESPONSAL
RABAT. La ilusión de un pueblo no es infinita ni se mantiene del aire. Los marroquíes no se alegraron de la muerte el 23 de julio de 1999 de Hasán II, pero sí que se ilusionaron con el proyecto de futuro que encarnaba desde ese momento su hijo, Mohamed VI. El joven «M 6», como pronto se le empezó a conocer, traía sabia nueva a un reino donde en las cuatro décadas de dominio de su padre no hubo el más mínimo espacio para los disidentes.
Coincidiendo con los multitudinarios funerales del Rey, enterrado en presencia de numerosos de jefes de Estado y de Gobierno, treinta millones de personas pusieron en manos del nuevo soberano todas sus esperanzas de progreso y de alcanzar una vida mejor. Pero acababan de expedir un cheque en blanco que, visto lo visto, Mohamed VI no está dispuesto a compartir. La transición que, siguiendo el modelo español, todos esperaban no se ha llevado a cabo.
Los analistas políticos, tanto nacionales como internacionales, enumeraron una serie de cambios experimentados a las primeras de cambio y que acabaron convertidos en falsos progresos. El entorno de poder del rey, conocido como el «majzén», se renovó. Especialmente simbólica fue la destitución en noviembre de 1999 del todopoderoso ministro de Interior Dris Basri, que dirigió con mano de hierro la represión durante las dos últimas décadas del reinado de Hasán II. Se permitió regresar a «apestados» históricos como el disidente Abraham Serfati o la familia del asesinado Mehdi Ben Barka. Y se liberó de su arresto domiciliario al líder espiritual de los islamistas, el jeque Yasín.
El Rey, intocable y sagrado
Pero todo apunta a que estas medidas no sólo no tenían como finalidad romper con los «años de plomo» sino que lo que realmente pretendía el joven monarca era perpetuar su especie en un momento en el que la sociedad civil empezaba a ser algo más contestataria que en las décadas que siguieron a la independencia. Así, estos movimientos no llevan en ningún caso a atisbar un nuevo equilibrio de poderes. Cinco años después, el Palacio lo sigue controlando absolutamente todo y, a la luz de la Constitución, el Rey sigue siendo intocable y sagrado.
«M 6», como comendador de los creyentes, esto es, la máxima autoridad religiosa, tiene también que torear con las cada vez más influyentes fuerzas islamistas y sus frecuentes vínculos con el terrorismo internacional. Por un lado, se trata de evitar que entren de lleno en el juego de la política, pues acabarían siendo la fuerza mayoritaria e imponiendo su propio sistema, que no sería más democrático que el actual. Por otro, tampoco es posible un enfrentamiento abierto, porque tanto el Partido Justicia y Desarrollo como la Asociación Justicia y Caridad tienen ganada la simpatía de una gran proporción del pueblo marroquí.
A pesar de todo, Marruecos cuenta con una importante sociedad civil que, lejos del ámbito religioso y dentro de sus posibilidades, planta cara a estos abusos consiguiendo pequeños y progresivos pasos. Las organizaciones de Derechos Humanos, la Prensa independiente, las asociaciones de mujeres... todos tienen la libertad de trabajar siempre que no levanten el dedo acusatorio hacia la Monarquía. Gracias a estos grupos de presión se han conseguido algunos avances como la renovación del código de familia para tratar de poner fin a la opresión de la mujer o la creación de un Consejo Consultivo de Derechos Humanos que, sin posibilidad de pedir cuentas a los responsables, tratará de compensar a los damnificados por los «años de plomo».
Pero a menudo, frente a esa centralización del poder y al deseo de restaurar los daños históricos, los marroquíes tienen otras preocupaciones que son las que les tienen atareados la mayor parte del tiempo, ya que los gobernantes no son capaces de plantear soluciones. Se trata del analfabetismo, la pobreza o el paro, que empujan a un porcentaje importante de la población a querer salir del país a toda costa y por cualquier costa.
Frente a este desolador panorama interno, sí que se puede decir que Mohamed VI ha sabido en los últimos años dotar al país de unas buenas relaciones exteriores, sobre todo ahora que la victoria del PSOE en España acelerará de forma definitiva los desencuentros que causaron la graves crisis en los últimos años del Ejecutivo del PP. El Rey lo mismo se abraza con su tradicional aliado francés que con su íntimo colaborador George Bush, que ve en el monarca alauí un apoyo importante para arreglar sus problemas con el terrorismo internacional y los países árabes.
Por su parte, Marruecos espera sacar tajada de su principal preocupación más allá de sus fronteras, como es el Sahara Occidental, ocupado por medio de la Marcha Verde desde noviembre de 1975. Aunque Rabat acabe de firmar un importante acuerdo de libre cambio con Washington y el país magrebí haya sido designado aliado preferente en materia militar, estas alianzas no significan apenas nada con la que es, sin duda, la gran obsesión de Mohamed VI y todos su pueblo, que es ver a la ex colonia española bajo bandera marroquí. De Bush y de Chirac ya tiene el apoyo. El soberano tienta ahora a Zapatero.
Por LUIS DE VEGA, CORRESPONSAL
RABAT. La ilusión de un pueblo no es infinita ni se mantiene del aire. Los marroquíes no se alegraron de la muerte el 23 de julio de 1999 de Hasán II, pero sí que se ilusionaron con el proyecto de futuro que encarnaba desde ese momento su hijo, Mohamed VI. El joven «M 6», como pronto se le empezó a conocer, traía sabia nueva a un reino donde en las cuatro décadas de dominio de su padre no hubo el más mínimo espacio para los disidentes.
Coincidiendo con los multitudinarios funerales del Rey, enterrado en presencia de numerosos de jefes de Estado y de Gobierno, treinta millones de personas pusieron en manos del nuevo soberano todas sus esperanzas de progreso y de alcanzar una vida mejor. Pero acababan de expedir un cheque en blanco que, visto lo visto, Mohamed VI no está dispuesto a compartir. La transición que, siguiendo el modelo español, todos esperaban no se ha llevado a cabo.
Los analistas políticos, tanto nacionales como internacionales, enumeraron una serie de cambios experimentados a las primeras de cambio y que acabaron convertidos en falsos progresos. El entorno de poder del rey, conocido como el «majzén», se renovó. Especialmente simbólica fue la destitución en noviembre de 1999 del todopoderoso ministro de Interior Dris Basri, que dirigió con mano de hierro la represión durante las dos últimas décadas del reinado de Hasán II. Se permitió regresar a «apestados» históricos como el disidente Abraham Serfati o la familia del asesinado Mehdi Ben Barka. Y se liberó de su arresto domiciliario al líder espiritual de los islamistas, el jeque Yasín.
El Rey, intocable y sagrado
Pero todo apunta a que estas medidas no sólo no tenían como finalidad romper con los «años de plomo» sino que lo que realmente pretendía el joven monarca era perpetuar su especie en un momento en el que la sociedad civil empezaba a ser algo más contestataria que en las décadas que siguieron a la independencia. Así, estos movimientos no llevan en ningún caso a atisbar un nuevo equilibrio de poderes. Cinco años después, el Palacio lo sigue controlando absolutamente todo y, a la luz de la Constitución, el Rey sigue siendo intocable y sagrado.
«M 6», como comendador de los creyentes, esto es, la máxima autoridad religiosa, tiene también que torear con las cada vez más influyentes fuerzas islamistas y sus frecuentes vínculos con el terrorismo internacional. Por un lado, se trata de evitar que entren de lleno en el juego de la política, pues acabarían siendo la fuerza mayoritaria e imponiendo su propio sistema, que no sería más democrático que el actual. Por otro, tampoco es posible un enfrentamiento abierto, porque tanto el Partido Justicia y Desarrollo como la Asociación Justicia y Caridad tienen ganada la simpatía de una gran proporción del pueblo marroquí.
A pesar de todo, Marruecos cuenta con una importante sociedad civil que, lejos del ámbito religioso y dentro de sus posibilidades, planta cara a estos abusos consiguiendo pequeños y progresivos pasos. Las organizaciones de Derechos Humanos, la Prensa independiente, las asociaciones de mujeres... todos tienen la libertad de trabajar siempre que no levanten el dedo acusatorio hacia la Monarquía. Gracias a estos grupos de presión se han conseguido algunos avances como la renovación del código de familia para tratar de poner fin a la opresión de la mujer o la creación de un Consejo Consultivo de Derechos Humanos que, sin posibilidad de pedir cuentas a los responsables, tratará de compensar a los damnificados por los «años de plomo».
Pero a menudo, frente a esa centralización del poder y al deseo de restaurar los daños históricos, los marroquíes tienen otras preocupaciones que son las que les tienen atareados la mayor parte del tiempo, ya que los gobernantes no son capaces de plantear soluciones. Se trata del analfabetismo, la pobreza o el paro, que empujan a un porcentaje importante de la población a querer salir del país a toda costa y por cualquier costa.
Frente a este desolador panorama interno, sí que se puede decir que Mohamed VI ha sabido en los últimos años dotar al país de unas buenas relaciones exteriores, sobre todo ahora que la victoria del PSOE en España acelerará de forma definitiva los desencuentros que causaron la graves crisis en los últimos años del Ejecutivo del PP. El Rey lo mismo se abraza con su tradicional aliado francés que con su íntimo colaborador George Bush, que ve en el monarca alauí un apoyo importante para arreglar sus problemas con el terrorismo internacional y los países árabes.
Por su parte, Marruecos espera sacar tajada de su principal preocupación más allá de sus fronteras, como es el Sahara Occidental, ocupado por medio de la Marcha Verde desde noviembre de 1975. Aunque Rabat acabe de firmar un importante acuerdo de libre cambio con Washington y el país magrebí haya sido designado aliado preferente en materia militar, estas alianzas no significan apenas nada con la que es, sin duda, la gran obsesión de Mohamed VI y todos su pueblo, que es ver a la ex colonia española bajo bandera marroquí. De Bush y de Chirac ya tiene el apoyo. El soberano tienta ahora a Zapatero.
Decifrada a bactéria do acne
Jornal do Brasil
Cientistas alemães seqüenciaram os 2.333 genes da bactéria Propionibacterium acnes, associada à acne, uma doença de pele que afeta mais de 80% dos adolescentes do mundo.
O cientista Holger Brüggemann, que trabalha no Instituto Pasteur de Paris e é um dos responsáveis pelo estudo, explicou que esta investigação pode dar novos impulsos ao desenvolvimento de medicamentos para evitar a doença de pele.
Cerca de 15 % dos jovens com acne sofrem de um tipo severo da doença.
O estudo também identificou os outros materiais genéticos que estariam envolvidos na capacidade dos micróbios de atacar e destruir os componentes da pele humana. Entre eles existem substâncias associadas ao desencadeamento da inflamação de certas partes da pele dos jovens.
Segundo Brüggemann, a Propionibacterium acnes é ''um importante habitante'' da pele humana dos adultos, que costuma viver dentro das glândulas que liberam óleos nos folículos do pêlo sem resultar em danos.
No entanto, essa bactéria desempenharia um papel até agora subestimado na formação da acne, mediante diversos mecanismos que lhe permitiriam muitas possibilidades de acesso à substâncias humanas para o crescimento. (EFE)
Cientistas alemães seqüenciaram os 2.333 genes da bactéria Propionibacterium acnes, associada à acne, uma doença de pele que afeta mais de 80% dos adolescentes do mundo.
O cientista Holger Brüggemann, que trabalha no Instituto Pasteur de Paris e é um dos responsáveis pelo estudo, explicou que esta investigação pode dar novos impulsos ao desenvolvimento de medicamentos para evitar a doença de pele.
Cerca de 15 % dos jovens com acne sofrem de um tipo severo da doença.
O estudo também identificou os outros materiais genéticos que estariam envolvidos na capacidade dos micróbios de atacar e destruir os componentes da pele humana. Entre eles existem substâncias associadas ao desencadeamento da inflamação de certas partes da pele dos jovens.
Segundo Brüggemann, a Propionibacterium acnes é ''um importante habitante'' da pele humana dos adultos, que costuma viver dentro das glândulas que liberam óleos nos folículos do pêlo sem resultar em danos.
No entanto, essa bactéria desempenharia um papel até agora subestimado na formação da acne, mediante diversos mecanismos que lhe permitiriam muitas possibilidades de acesso à substâncias humanas para o crescimento. (EFE)
quinta-feira, julho 29, 2004
Índice de hoje
- Vai haver vida em Titã? (Le Figaro, Paris)
- Sharon recebeu 200 judeus franceses que sairam para Israel (La Vanguardia, Barcelona)
- EUA testam o "Jetz" de Israel (ABC, Madrid)
- Salário mínimo: 18 euros (guine-bissau.com)
- Os trabalhos de Barroso - 2 (Público, Lisboa)
- Sharon recebeu 200 judeus franceses que sairam para Israel (La Vanguardia, Barcelona)
- EUA testam o "Jetz" de Israel (ABC, Madrid)
- Salário mínimo: 18 euros (guine-bissau.com)
- Os trabalhos de Barroso - 2 (Público, Lisboa)
Vai haver vida em Titã?
Le Figaro
Dans le cadre de la mission Cassini-Huygens, la sonde Huygens, envoyée dans l'espace en 1997, devrait se détacher du vaisseau spatial Cassini pour explorer Titan et s'y poser en janvier 2005. Titan est l'un des satellites de Saturne, sur lequel la vie pourrait bien apparaître un jour. Une chercheuse française y croit dur comme fer.
PorCaroline de Malet
Si Platon était persuadé que les Terriens étaient les seuls êtres vivants dans l'Univers, Aristote, Darwin et Voltaire ont toujours été convaincus du contraire. Alors que plusieurs missions sont actuellement en cours sur Mars pour y rechercher des traces de vie, Athéna Coustenis, chargée de recherches CNRS à l'Observatoire de Paris-Meudon, elle, est persuadée que c'est davantage du côté de Titan qu'on a un jour une chance de trouver un signe allant dans ce sens.
Méconnu, le plus grand satellite de Saturne et deuxième du système solaire juste derrière Ganymède, est plus grand que Mercure, Pluton ou la Lune. Surtout, «De tous les satellites et planètes, Titan est celui qui ressemble le plus à la Terre. Il présente à peu près les mêmes caractéristiques que notre planète il y a 3,9 milliards d'années». Ce qui ne constitue pas seulement un laboratoire naturel pour explorer les conditions qui ont pu exister sur la Terre primitive. Athéna Coustenis pense qu'il y a beaucoup plus de chances que la vie y apparaisse un jour que sur Mars ou Europe. Un avis original, qui ne fait guère l'unanimité au sein de la communauté des astronomes.
Mais son argument massue est incontestablement le fait que ce satellite de Saturne est doté d'une atmosphère qui la préserve, à la différence de Mars ou Europe. De plus, celle-ci est riche en azote : c'est même son constituant gazeux principal, à hauteur de 90%, plus encore que sur Terre (78%). Le reste de cette atmosphère est composé de méthane et d'hydrogène moléculaire. Or si l'homme a besoin d'oxygène pour respirer, l'azote permet de fabriquer la chimie organique indispensable à la vie. Ce gaz existe à l'inverse en quantité insuffisante sur la lune Europe.
Par ailleurs, la pression, qui fait défaut sur Mars par exemple, y est 1,5 fois celle de la Terre, soit comparable à celle que l'on ressent au fond d'une piscine sur notre planète.
En revanche, l'oxygène existe en quantités infimes et seulement sous forme de traces de monoxyde et de dioxyde de carbone. Pas de quoi décourager Athéna Coustenis. Et l'astrophysicienne de rappeler que «sur Terre l'atmosphère était composée au départ principalement de méthane et l'oxygène est apparu avec la vie». Certains chercheurs ont en effet montré comment, notamment avec le volcanisme, l'atmosphère de notre planète s'est peu à peu transformée en carbone, gaz carbonique et ammoniaque et comment avec l'apparition de la vie, les êtres vivants ont commencé à inspirer du CO2 et à expirer de l'oxygène. La seule différence entre ce scénario éventuel et celui qu'a connu la Terre est l'échelle de temps. Du fait des températures très faibles (– 180 °C en moyenne) sur cette lune à la surface glacée, liées à son éloignement par rapport au soleil (dix fois supérieur à la Terre), ces réactions chimiques seraient alors beaucoup plus lentes.
D'ailleurs, l'oxygène est-il véritablement indispensable à la vie ? Certains biologistes ont déjà lancé l'idée que la silicone et le méthane pourraient remplacer le CNO (les trois atomes à la base de la vie sur Terre : carbone, oxygène et azote). Sans compter que sur le satellite orangé, on trouve des molécules prébiotiques, qui font partie de celles qui ont contribué au développement de la vie, notamment en engendrant des protéines.
Reste la question essentielle de l'eau. Si la surface de Titan, solide et brumeuse, est recouverte en partie de vapeurs et de glace d'eau, c'est en quantité très limitée. Les images du satellite de Saturne livrées par les missions Voyager depuis 1980 ainsi que par la sonde Cassini au début du mois nous ont appris que son sol se partage entre zones brillantes et sombres. De quoi indiquer qu'il peut être recouvert de continents gelés et de lacs d'hydrocarbures. Cette hypothèse devrait être vérifiée lors du prochain survol de Cassini à seulement 1 200 km de Titan en octobre prochain. La glace d'eau existe vraisemblablement à la surface de la planète depuis sa formation. Quant à la vapeur d'eau, elle provient soit d'un apport de météorites, soit des satellites voisins ou de Saturne. «L'important, c'est qu'il existe de l'eau, quelle que soit sa forme», souligne la chercheuse de l'Observatoire de Paris-Meudon. Car si cet objet froid situé aux confins du système solaire se réchauffe, la glace pourrait peut-être se muer un jour sous forme liquide.
Alors, l'imagination d'Athé na Coustenis n'a plus de limites. «Le Soleil n'en est qu'à la moitié de sa vie (4,5 milliards d'années). Lorsque la Terre se sera trop réchauffée, nous devrons déménager. Alors, pourquoi pas sur Titan ?» Encore faudrait-il que la vie soit compatible avec l'univers sombre et froid de cette lune glacée, encore plus hostile en apparence que Mars. Seul un centième de la lumière du soleil que nous recevons sur Terre y pénètre en effet, l'éclairage à midi ne dépassant jamais notre crépuscule. Mais on pénètre là dans le domaine de la science-fiction. Or celle-ci n'a-t-elle pas déjà été parfois rattrapée par la réalité ?
Dans le cadre de la mission Cassini-Huygens, la sonde Huygens, envoyée dans l'espace en 1997, devrait se détacher du vaisseau spatial Cassini pour explorer Titan et s'y poser en janvier 2005. Titan est l'un des satellites de Saturne, sur lequel la vie pourrait bien apparaître un jour. Une chercheuse française y croit dur comme fer.
PorCaroline de Malet
Si Platon était persuadé que les Terriens étaient les seuls êtres vivants dans l'Univers, Aristote, Darwin et Voltaire ont toujours été convaincus du contraire. Alors que plusieurs missions sont actuellement en cours sur Mars pour y rechercher des traces de vie, Athéna Coustenis, chargée de recherches CNRS à l'Observatoire de Paris-Meudon, elle, est persuadée que c'est davantage du côté de Titan qu'on a un jour une chance de trouver un signe allant dans ce sens.
Méconnu, le plus grand satellite de Saturne et deuxième du système solaire juste derrière Ganymède, est plus grand que Mercure, Pluton ou la Lune. Surtout, «De tous les satellites et planètes, Titan est celui qui ressemble le plus à la Terre. Il présente à peu près les mêmes caractéristiques que notre planète il y a 3,9 milliards d'années». Ce qui ne constitue pas seulement un laboratoire naturel pour explorer les conditions qui ont pu exister sur la Terre primitive. Athéna Coustenis pense qu'il y a beaucoup plus de chances que la vie y apparaisse un jour que sur Mars ou Europe. Un avis original, qui ne fait guère l'unanimité au sein de la communauté des astronomes.
Mais son argument massue est incontestablement le fait que ce satellite de Saturne est doté d'une atmosphère qui la préserve, à la différence de Mars ou Europe. De plus, celle-ci est riche en azote : c'est même son constituant gazeux principal, à hauteur de 90%, plus encore que sur Terre (78%). Le reste de cette atmosphère est composé de méthane et d'hydrogène moléculaire. Or si l'homme a besoin d'oxygène pour respirer, l'azote permet de fabriquer la chimie organique indispensable à la vie. Ce gaz existe à l'inverse en quantité insuffisante sur la lune Europe.
Par ailleurs, la pression, qui fait défaut sur Mars par exemple, y est 1,5 fois celle de la Terre, soit comparable à celle que l'on ressent au fond d'une piscine sur notre planète.
En revanche, l'oxygène existe en quantités infimes et seulement sous forme de traces de monoxyde et de dioxyde de carbone. Pas de quoi décourager Athéna Coustenis. Et l'astrophysicienne de rappeler que «sur Terre l'atmosphère était composée au départ principalement de méthane et l'oxygène est apparu avec la vie». Certains chercheurs ont en effet montré comment, notamment avec le volcanisme, l'atmosphère de notre planète s'est peu à peu transformée en carbone, gaz carbonique et ammoniaque et comment avec l'apparition de la vie, les êtres vivants ont commencé à inspirer du CO2 et à expirer de l'oxygène. La seule différence entre ce scénario éventuel et celui qu'a connu la Terre est l'échelle de temps. Du fait des températures très faibles (– 180 °C en moyenne) sur cette lune à la surface glacée, liées à son éloignement par rapport au soleil (dix fois supérieur à la Terre), ces réactions chimiques seraient alors beaucoup plus lentes.
D'ailleurs, l'oxygène est-il véritablement indispensable à la vie ? Certains biologistes ont déjà lancé l'idée que la silicone et le méthane pourraient remplacer le CNO (les trois atomes à la base de la vie sur Terre : carbone, oxygène et azote). Sans compter que sur le satellite orangé, on trouve des molécules prébiotiques, qui font partie de celles qui ont contribué au développement de la vie, notamment en engendrant des protéines.
Reste la question essentielle de l'eau. Si la surface de Titan, solide et brumeuse, est recouverte en partie de vapeurs et de glace d'eau, c'est en quantité très limitée. Les images du satellite de Saturne livrées par les missions Voyager depuis 1980 ainsi que par la sonde Cassini au début du mois nous ont appris que son sol se partage entre zones brillantes et sombres. De quoi indiquer qu'il peut être recouvert de continents gelés et de lacs d'hydrocarbures. Cette hypothèse devrait être vérifiée lors du prochain survol de Cassini à seulement 1 200 km de Titan en octobre prochain. La glace d'eau existe vraisemblablement à la surface de la planète depuis sa formation. Quant à la vapeur d'eau, elle provient soit d'un apport de météorites, soit des satellites voisins ou de Saturne. «L'important, c'est qu'il existe de l'eau, quelle que soit sa forme», souligne la chercheuse de l'Observatoire de Paris-Meudon. Car si cet objet froid situé aux confins du système solaire se réchauffe, la glace pourrait peut-être se muer un jour sous forme liquide.
Alors, l'imagination d'Athé na Coustenis n'a plus de limites. «Le Soleil n'en est qu'à la moitié de sa vie (4,5 milliards d'années). Lorsque la Terre se sera trop réchauffée, nous devrons déménager. Alors, pourquoi pas sur Titan ?» Encore faudrait-il que la vie soit compatible avec l'univers sombre et froid de cette lune glacée, encore plus hostile en apparence que Mars. Seul un centième de la lumière du soleil que nous recevons sur Terre y pénètre en effet, l'éclairage à midi ne dépassant jamais notre crépuscule. Mais on pénètre là dans le domaine de la science-fiction. Or celle-ci n'a-t-elle pas déjà été parfois rattrapée par la réalité ?
Sharon recebeu 200 judeus franceses que sairam para Israel
La Vanguardia
Por HENRIQUE CYMERMAN
El primer ministro israelí, Ariel Sharon, recibió personalmente a unos doscientos inmigrantes judíos franceses que llegaron ayer al aeropuerto de Tel Aviv. Los inmigrantes fueron obsequiados con una ceremonia oficial, a la que también asistió el jefe de la oposición, el laborista Shimon Peres.
Varias cadenas internacionales, entre ellas la BBC, transmitieron en directo la llegada de los judíos franceses a Tel Aviv. Entre estos, se encontraban Nelly y Moris Almallé, de 28 años, padres de una niña de 3 años. “No dejamos Francia por el antisemitismo, sino porque somos sionistas”, declaró Moris. “Nunca me sentí afectado por el antisemitismo porque no vivía en un barrio con población musulmana. Aunque cuando visitaba amigos en esas zonas, a menudo veía pintadas antisemitas y esvásticas por las calles”, añadió. Algunos de los inmigrantes señalaron que la política proárabe francesa también contribuyó a su decisión de dejar el país galo.
“Dejamos Francia porque somos judíos y porque Israel es el Estado de los judíos”, explica Calmon Sami. “Tras 60 años, vemos que en algunos países europeos se repiten fenómenos que creíamos ya enterrados”, se lamentó. Durante el mes de julio, han llegado a Israel 600 judíos de Francia, de un total de 1.500 desde principios de año.
La semana pasada, Sharon llamó a la comunidad judía francesa, la más numerosa de Europa occidental, con cerca de 700.000 miembros, a emigrar a Israel en un momento que define como “histórico para el pueblo judío”. Sin embargo ayer, en su discurso al dar la bienvenida a los judíos franceses, optó por cambiar el tono de su discurso y rendir homenaje a la lucha contra el antisemitismo encabezada por el presidente francés, Jacques Chirac.
Sharon afirmó que “todos somos testigos estos últimos años de un recrudecimiento del antisemitismo y experimentamos una profunda estima por la movilización de Jacques Chirac y de su Gobierno contra el antisemitismo”.
Precisamente ayer, treinta y dos tumbas de un cementerio judío de Saverne, en la región de Alsacia, al norte de Francia, fueron profanadas. Un visitante del recinto descubrió las lápidas pintadas con inscripciones nazis y antisemitas. La puerta del recinto tampoco escapó de los actos vandálicos. La agresión de ayer es más importante si cabe puesto que el cementerio de Saverne alberga en su interior sepulcros que datan del siglo XVII. Sin embargo, no parece que este acto pueda ser atribuido a la comunidad musulmana de la región, puesto que este colectivo también ha sido objetivo de varios ataques y asaltos contra mezquitas y comercios.
No se trata del primer caso de profanación de tumbas. El pasado 27 de abril otras ciento veintisiete tumbas judías fueron asaltadas. Las acciones antisemitas se han multiplicado en las últimas semanas en Francia, que incluso vivió un par de días sumida en la más absoluta consternación por una agresión racista que finalmente resultó ser falsa. Una joven con problemas personales urdió una mentira para llamar la atención de su familia, desencadenando la polémica entre Francia e Israel. Un conflicto que parece cerrado, según el presidente de Israel, Moshe Katsav, que dijo ayer haber recibido la llamada de un ministro galo confirmándole que la crisis estaba superada. No obstante, fuentes oficiales francesas citadas en Jerusalén, afirmaron que “la tensión en torno a las declaraciones del primer ministro israelí se mantiene”.
Por HENRIQUE CYMERMAN
El primer ministro israelí, Ariel Sharon, recibió personalmente a unos doscientos inmigrantes judíos franceses que llegaron ayer al aeropuerto de Tel Aviv. Los inmigrantes fueron obsequiados con una ceremonia oficial, a la que también asistió el jefe de la oposición, el laborista Shimon Peres.
Varias cadenas internacionales, entre ellas la BBC, transmitieron en directo la llegada de los judíos franceses a Tel Aviv. Entre estos, se encontraban Nelly y Moris Almallé, de 28 años, padres de una niña de 3 años. “No dejamos Francia por el antisemitismo, sino porque somos sionistas”, declaró Moris. “Nunca me sentí afectado por el antisemitismo porque no vivía en un barrio con población musulmana. Aunque cuando visitaba amigos en esas zonas, a menudo veía pintadas antisemitas y esvásticas por las calles”, añadió. Algunos de los inmigrantes señalaron que la política proárabe francesa también contribuyó a su decisión de dejar el país galo.
“Dejamos Francia porque somos judíos y porque Israel es el Estado de los judíos”, explica Calmon Sami. “Tras 60 años, vemos que en algunos países europeos se repiten fenómenos que creíamos ya enterrados”, se lamentó. Durante el mes de julio, han llegado a Israel 600 judíos de Francia, de un total de 1.500 desde principios de año.
La semana pasada, Sharon llamó a la comunidad judía francesa, la más numerosa de Europa occidental, con cerca de 700.000 miembros, a emigrar a Israel en un momento que define como “histórico para el pueblo judío”. Sin embargo ayer, en su discurso al dar la bienvenida a los judíos franceses, optó por cambiar el tono de su discurso y rendir homenaje a la lucha contra el antisemitismo encabezada por el presidente francés, Jacques Chirac.
Sharon afirmó que “todos somos testigos estos últimos años de un recrudecimiento del antisemitismo y experimentamos una profunda estima por la movilización de Jacques Chirac y de su Gobierno contra el antisemitismo”.
Precisamente ayer, treinta y dos tumbas de un cementerio judío de Saverne, en la región de Alsacia, al norte de Francia, fueron profanadas. Un visitante del recinto descubrió las lápidas pintadas con inscripciones nazis y antisemitas. La puerta del recinto tampoco escapó de los actos vandálicos. La agresión de ayer es más importante si cabe puesto que el cementerio de Saverne alberga en su interior sepulcros que datan del siglo XVII. Sin embargo, no parece que este acto pueda ser atribuido a la comunidad musulmana de la región, puesto que este colectivo también ha sido objetivo de varios ataques y asaltos contra mezquitas y comercios.
No se trata del primer caso de profanación de tumbas. El pasado 27 de abril otras ciento veintisiete tumbas judías fueron asaltadas. Las acciones antisemitas se han multiplicado en las últimas semanas en Francia, que incluso vivió un par de días sumida en la más absoluta consternación por una agresión racista que finalmente resultó ser falsa. Una joven con problemas personales urdió una mentira para llamar la atención de su familia, desencadenando la polémica entre Francia e Israel. Un conflicto que parece cerrado, según el presidente de Israel, Moshe Katsav, que dijo ayer haber recibido la llamada de un ministro galo confirmándole que la crisis estaba superada. No obstante, fuentes oficiales francesas citadas en Jerusalén, afirmaron que “la tensión en torno a las declaraciones del primer ministro israelí se mantiene”.
EUA testam o "Jetz" de Israel
ABC
El primer examen «en vivo» para el cohete israelí capaz de interceptar misiles balísticos, el Jetz (flecha), se hará sobre el Océano Pacífico desde una base de la Fuerza Naval de los Estados Unidos en California. La prueba de la versión israelí del Patriot se hará contra un misil del tipo Scud, aprehendido por el Ejército estadounidense en Irak, y del resultado dependerá el futuro de las baterías montadas por la Industria Aeronáutica de Israel (IAI) en sociedad con la Compañía Boeing, con sede en Chicago, en un proyecto de 1.000 millones de dólares. El punto del impacto, allí donde el misil israelí ha de interceptar el Scud, estará a «decenas de kilómetros sobre el océano», altura que se mantiene en secreto. Hasta la fecha, todas las pruebas «en seco» y los simulacros por medio de ordenadores han sido
favorables, y este misil cazamisiles se perfila como el mejor del mundo en su clase.
El disparo se hará mediante una batería de cohetes Jetz trasladada a EE.UU., aunque Israel ya ha desplegado algunas en su territorio para el caso de ser atacado con misiles balísticos por Irán o Siria, su mayores enemigos potenciales.
El proyecto del Jetz, por el que Estados Unidos ha mostrado un gran interés, comenzó tras la Guerra del Golfo en 1991, cuando Sadam Husein ordenó el disparo sobre Israel de 42 de sus cohetes Scud, que en cuatro minutos y desde una distancia de 500 kilómetros alcanzaban Tel Aviv y Haifa, entre otros
objetivos.
En su última prueba, en diciembre de 2003, el Jetz interceptó y destruyó un misil bautizado «Flecha Negra», montado especialmente para ese test por Rafael, la compañía estatal para el desarrollo de armamento.
El primer examen «en vivo» para el cohete israelí capaz de interceptar misiles balísticos, el Jetz (flecha), se hará sobre el Océano Pacífico desde una base de la Fuerza Naval de los Estados Unidos en California. La prueba de la versión israelí del Patriot se hará contra un misil del tipo Scud, aprehendido por el Ejército estadounidense en Irak, y del resultado dependerá el futuro de las baterías montadas por la Industria Aeronáutica de Israel (IAI) en sociedad con la Compañía Boeing, con sede en Chicago, en un proyecto de 1.000 millones de dólares. El punto del impacto, allí donde el misil israelí ha de interceptar el Scud, estará a «decenas de kilómetros sobre el océano», altura que se mantiene en secreto. Hasta la fecha, todas las pruebas «en seco» y los simulacros por medio de ordenadores han sido
favorables, y este misil cazamisiles se perfila como el mejor del mundo en su clase.
El disparo se hará mediante una batería de cohetes Jetz trasladada a EE.UU., aunque Israel ya ha desplegado algunas en su territorio para el caso de ser atacado con misiles balísticos por Irán o Siria, su mayores enemigos potenciales.
El proyecto del Jetz, por el que Estados Unidos ha mostrado un gran interés, comenzó tras la Guerra del Golfo en 1991, cuando Sadam Husein ordenó el disparo sobre Israel de 42 de sus cohetes Scud, que en cuatro minutos y desde una distancia de 500 kilómetros alcanzaban Tel Aviv y Haifa, entre otros
objetivos.
En su última prueba, en diciembre de 2003, el Jetz interceptó y destruyó un misil bautizado «Flecha Negra», montado especialmente para ese test por Rafael, la compañía estatal para el desarrollo de armamento.
Salário mínimo: 18 euros
guine-bissau.com
O Governo de Carlos Gomes aprovou recentemente junto dos parceiros sociais uma grelha salarial que pretende aplicar na função pública nos próximos seis meses (contar a partir de Julho) e melhorá-la caso o país venha a conseguir ganhos. A grelha em causa fixa como salário mínimo 19.200 Fcfa (18 euros) para os funcionários públicos.
Os militares foram a primeira classe dos trabalhadores a criticar a proposta tendo inclusive endereçado uma contraproposta ao Governo.
A seguir vieram os deputados e agora a contestação chegou aos tribunais. Os magistrados acham injusto o salário que lhes foi fixado 121 mil Fcfa (175 euros) salário mínimo para os não licenciados. O assunto está a ser debatido ainda pelos magistrados tanto do Ministério Público como os do Supremo Tribunal de Justiça e ambos poderem a apresentação de um caderno reivindicativo conjunto. A guine-bissau.com tem informações de que o chefe do Governo já instruiu ao ministro tutela no sentido de negociar com os magistrados e exortá-los a aceitarem a grelha.
O Governo de Carlos Gomes aprovou recentemente junto dos parceiros sociais uma grelha salarial que pretende aplicar na função pública nos próximos seis meses (contar a partir de Julho) e melhorá-la caso o país venha a conseguir ganhos. A grelha em causa fixa como salário mínimo 19.200 Fcfa (18 euros) para os funcionários públicos.
Os militares foram a primeira classe dos trabalhadores a criticar a proposta tendo inclusive endereçado uma contraproposta ao Governo.
A seguir vieram os deputados e agora a contestação chegou aos tribunais. Os magistrados acham injusto o salário que lhes foi fixado 121 mil Fcfa (175 euros) salário mínimo para os não licenciados. O assunto está a ser debatido ainda pelos magistrados tanto do Ministério Público como os do Supremo Tribunal de Justiça e ambos poderem a apresentação de um caderno reivindicativo conjunto. A guine-bissau.com tem informações de que o chefe do Governo já instruiu ao ministro tutela no sentido de negociar com os magistrados e exortá-los a aceitarem a grelha.
Os trabalhos de Barroso - 2
Público
Por JOSÉ PACHECO PEREIRA
A máquina eurocrática
Por ignorância e falta de experiência, pensava, quando fui para o Parlamento Europeu, que as afirmações dos tablóides ingleses sobre a burocracia de Bruxelas eram exageradas. Os ingleses atribuíam-lhe um vezo autoritário e ultra-regulador, uma fobia ao escrutínio democrático, uma predisposição para gastar muito dinheiro com inutilidades, incluindo a do seu próprio conforto, e bastante corrupção. Agora, cinco anos depois, tendo-a visto funcionar de perto, nalguns casos de muito perto, estou muito mais inclinado em considerar que, descontados os exageros tablóides, têm no essencial razão. Trata-se de uma burocracia muito especial, mais cosmopolita do que apátrida, diferente da "fauna" da ONU porque só vem de países "civilizados" e frequentou as escolas certas. Mas, no fundo, comporta-se como uma multidão de discípulos de Sir Humphrey Appleby, chefiados por uma colecção de Sir Humphreys que parecem tirados a papel químico do modelo do "Sim, senhor primeiro-ministro". Muitos dos aspectos desta burocracia têm vindo a ser moldados ao modelo inglês do "civil servant", modelo acentuado nos últimos anos pelas reformas do Comissário Kinnock, que prejudica tendencialmente mesmo os candidatos das grandes escolas ao modelo francês, como os "enarques".
A primeira das características desta burocracia é a de ser, em particular nos lugares de topo, altamente qualificada. Embora a sua promoção seja muito politizada, dependente de acordos entre os grandes países, e entre os grandes grupos políticos do PPE e PSE, ninguém se arrisca a escolher a não ser quadros com enorme experiência administrativa e profissional. Esta qualificação, e o conhecimento dos serviços e dos poderes em cima e em baixo da mesa, dá-lhes uma enorme vantagem sobre os políticos que "passam", que ficam prisioneiros do seu conhecimento e capacidade. Daqui a serem eles a tomarem as principais decisões políticas vai um minúsculo passo que, todos os dias, é dado. Nessas decisões conta, como é típico das burocracias o interesse próprio e os interesses dos dadores dos lugares, ou seja dos grandes países que controlam a União Europeia. Tudo o resto, que vem caricaturalmente nos tablóides ingleses, resulta daqui.
(É patético ver como, nos concursos para a burocracia europeia, a esmagadora maioria dos candidatos portugueses nem sequer os papéis apresenta correctamente e fica logo no caminho. E os que passam, têm que defrontar provas que incluem um conhecimento detalhado das instituições em que vão trabalhar, entrevistas em várias línguas, e a capacidade de elaborar planos e projectos para resolver os "problemas" do cargo a que concorrem. Se bem que, para os cargos de topo, o apoio político seja essencial para que um português seja escolhido em vez de um inglês, um alemão ou um holandês, - talvez o país médio com mais funcionários qualificados por mérito da sua preparação -, ninguém tenha ilusões que sem uma maior competência e internacionalização, a nossa administração possa produzir candidatos capazes de ombrear com os seus rivais estrangeiros. A bravata nacional perde-se rapidamente nos corredores de Bruxelas e o presidente Barroso pouco pode fazer.)
Terrorismo
Já disse tudo o que havia a dizer sobre a atitude da Europa face ao novo terrorismo apocalíptico. Estando em vários aspectos mais no centro do furacão do que os EUA, os europeus não querem ver o risco e tirar as consequências. O escapismo é a atitude mais comum e o derrotismo a sua base. O presidente Barroso, se não se sentir atado pela sua reviravolta americana, tem aqui um problema maior, mas também um daqueles em que as suas funções mais poder e instrumentos dispõem. O seu mandato vai ser aferido pela capacidade que mostrar em ir o mais longe possível na protecção dos cidadãos da Europa face aos perigos inevitáveis.
Fronteiras: Turquia e Rússia
A União Europeia tem fronteiras, embora não seja um país. Aliás percebe-se muito bem que não é um país quando se vê a ausência de pensamento sobre as fronteiras. São elas que, para dentro, forjam a identidade a partir do "fora". No caso europeu é o exacto contrário: o "fora" dissolve a identidade. Vejam-se os dois casos paradigmáticos da Rússia e da Turquia. Trata-se de países com uma história imperial nos limites da Europa: a Rússia com o império czarista e a URSS e a Turquia com o império otomano. Ambos foram parceiros maiores da política europeia, a Rússia de "dentro" como país cristão, a Turquia meio de "dentro" como potência imperial que controlava toda a Europa do sudeste, dos Balcãs ao Cáucaso, e meio de "fora", porque passava pela Ásia e era a sede do poder temporal de uma religião combatente, o Islão.
Os dois países têm políticas aparentemente contraditórias face à União: a Turquia quer entrar e a Rússia manifesta indiferença, e mesmo uma certa hostilidade. A Turquia quer entrar pelas suas fraquezas e a Rússia não quer por aquilo que pensa serem as suas forças. Mas, em ambos os casos, a sua mera presença perturba o projecto europeu tornando-lhe indefinida a identidade.
Se a Rússia vier a querer entrar na União, cumpridas as condições, mais ou menos elásticas como se viu com a entrada dos dez, a União Europeia vai até à China e ao mar do Japão? Como funcionarão os "eixos" tradicionais com um país poderoso como a Rússia? Como lidará a Europa com os problemas imperiais da Rússia? Escondendo-os debaixo do tapete como já faz com a Tchetchénia e com os seus próprios restos de história convulsa, como o enclave de Kalininegrado, com a secessão de parte da Moldova, com os mil e um restos da II Guerra, os decretos Benes, as fronteiras nos Balcãs, o país sem nome, FYROM, o Kosovo, etc?
Quanto à Turquia, se cumpridas as condições, como impedir que a promessa de entrada não se cumpra? Como sempre as perguntas estão por responder: com uma União Europeia com fronteiras com a Síria e o Iraque, como evoluirá a política face ao Médio Oriente? Como defrontar o cada vez mais caseiro problema do Islão militante, com um grande país muçulmano na União? Como querer a Turquia mais democrática sabendo que isso significa que ficará mais "religiosa"?
O presidente Barroso terá que mostrar, numa área da sua especial competência, se aqui o novo ministro dos Negócios Estrangeiros o é da União ou do Conselho, e nesse exercício de autoridade substancial, para além da formalidade dos tratados, tentar dar conteúdo aos enormes vazios de definição estratégica da União.
Outros desafios
Que ficam apenas enunciados: o Iraque e a NATO, como se vão comportar os novos dez dos Vinte e Cinco e os velhos 15 dos Vinte e Cinco, o imenso problema das relações transatlânticas com os EUA, a competição entre os novos poderes criados pela Constituição, um Parlamento fortalecido, uma Presidente de que apenas se suspeita o que se quer, e uma Comissão enfraquecida nos últimos anos. E ainda há muito mais.
*
Boa sorte, com sinceridade e franqueza, presidente Barroso, que sejas capaz de minimizar, trabalhando pelo bem de todos os europeus, o mal que deixaste em casa.
Por JOSÉ PACHECO PEREIRA
A máquina eurocrática
Por ignorância e falta de experiência, pensava, quando fui para o Parlamento Europeu, que as afirmações dos tablóides ingleses sobre a burocracia de Bruxelas eram exageradas. Os ingleses atribuíam-lhe um vezo autoritário e ultra-regulador, uma fobia ao escrutínio democrático, uma predisposição para gastar muito dinheiro com inutilidades, incluindo a do seu próprio conforto, e bastante corrupção. Agora, cinco anos depois, tendo-a visto funcionar de perto, nalguns casos de muito perto, estou muito mais inclinado em considerar que, descontados os exageros tablóides, têm no essencial razão. Trata-se de uma burocracia muito especial, mais cosmopolita do que apátrida, diferente da "fauna" da ONU porque só vem de países "civilizados" e frequentou as escolas certas. Mas, no fundo, comporta-se como uma multidão de discípulos de Sir Humphrey Appleby, chefiados por uma colecção de Sir Humphreys que parecem tirados a papel químico do modelo do "Sim, senhor primeiro-ministro". Muitos dos aspectos desta burocracia têm vindo a ser moldados ao modelo inglês do "civil servant", modelo acentuado nos últimos anos pelas reformas do Comissário Kinnock, que prejudica tendencialmente mesmo os candidatos das grandes escolas ao modelo francês, como os "enarques".
A primeira das características desta burocracia é a de ser, em particular nos lugares de topo, altamente qualificada. Embora a sua promoção seja muito politizada, dependente de acordos entre os grandes países, e entre os grandes grupos políticos do PPE e PSE, ninguém se arrisca a escolher a não ser quadros com enorme experiência administrativa e profissional. Esta qualificação, e o conhecimento dos serviços e dos poderes em cima e em baixo da mesa, dá-lhes uma enorme vantagem sobre os políticos que "passam", que ficam prisioneiros do seu conhecimento e capacidade. Daqui a serem eles a tomarem as principais decisões políticas vai um minúsculo passo que, todos os dias, é dado. Nessas decisões conta, como é típico das burocracias o interesse próprio e os interesses dos dadores dos lugares, ou seja dos grandes países que controlam a União Europeia. Tudo o resto, que vem caricaturalmente nos tablóides ingleses, resulta daqui.
(É patético ver como, nos concursos para a burocracia europeia, a esmagadora maioria dos candidatos portugueses nem sequer os papéis apresenta correctamente e fica logo no caminho. E os que passam, têm que defrontar provas que incluem um conhecimento detalhado das instituições em que vão trabalhar, entrevistas em várias línguas, e a capacidade de elaborar planos e projectos para resolver os "problemas" do cargo a que concorrem. Se bem que, para os cargos de topo, o apoio político seja essencial para que um português seja escolhido em vez de um inglês, um alemão ou um holandês, - talvez o país médio com mais funcionários qualificados por mérito da sua preparação -, ninguém tenha ilusões que sem uma maior competência e internacionalização, a nossa administração possa produzir candidatos capazes de ombrear com os seus rivais estrangeiros. A bravata nacional perde-se rapidamente nos corredores de Bruxelas e o presidente Barroso pouco pode fazer.)
Terrorismo
Já disse tudo o que havia a dizer sobre a atitude da Europa face ao novo terrorismo apocalíptico. Estando em vários aspectos mais no centro do furacão do que os EUA, os europeus não querem ver o risco e tirar as consequências. O escapismo é a atitude mais comum e o derrotismo a sua base. O presidente Barroso, se não se sentir atado pela sua reviravolta americana, tem aqui um problema maior, mas também um daqueles em que as suas funções mais poder e instrumentos dispõem. O seu mandato vai ser aferido pela capacidade que mostrar em ir o mais longe possível na protecção dos cidadãos da Europa face aos perigos inevitáveis.
Fronteiras: Turquia e Rússia
A União Europeia tem fronteiras, embora não seja um país. Aliás percebe-se muito bem que não é um país quando se vê a ausência de pensamento sobre as fronteiras. São elas que, para dentro, forjam a identidade a partir do "fora". No caso europeu é o exacto contrário: o "fora" dissolve a identidade. Vejam-se os dois casos paradigmáticos da Rússia e da Turquia. Trata-se de países com uma história imperial nos limites da Europa: a Rússia com o império czarista e a URSS e a Turquia com o império otomano. Ambos foram parceiros maiores da política europeia, a Rússia de "dentro" como país cristão, a Turquia meio de "dentro" como potência imperial que controlava toda a Europa do sudeste, dos Balcãs ao Cáucaso, e meio de "fora", porque passava pela Ásia e era a sede do poder temporal de uma religião combatente, o Islão.
Os dois países têm políticas aparentemente contraditórias face à União: a Turquia quer entrar e a Rússia manifesta indiferença, e mesmo uma certa hostilidade. A Turquia quer entrar pelas suas fraquezas e a Rússia não quer por aquilo que pensa serem as suas forças. Mas, em ambos os casos, a sua mera presença perturba o projecto europeu tornando-lhe indefinida a identidade.
Se a Rússia vier a querer entrar na União, cumpridas as condições, mais ou menos elásticas como se viu com a entrada dos dez, a União Europeia vai até à China e ao mar do Japão? Como funcionarão os "eixos" tradicionais com um país poderoso como a Rússia? Como lidará a Europa com os problemas imperiais da Rússia? Escondendo-os debaixo do tapete como já faz com a Tchetchénia e com os seus próprios restos de história convulsa, como o enclave de Kalininegrado, com a secessão de parte da Moldova, com os mil e um restos da II Guerra, os decretos Benes, as fronteiras nos Balcãs, o país sem nome, FYROM, o Kosovo, etc?
Quanto à Turquia, se cumpridas as condições, como impedir que a promessa de entrada não se cumpra? Como sempre as perguntas estão por responder: com uma União Europeia com fronteiras com a Síria e o Iraque, como evoluirá a política face ao Médio Oriente? Como defrontar o cada vez mais caseiro problema do Islão militante, com um grande país muçulmano na União? Como querer a Turquia mais democrática sabendo que isso significa que ficará mais "religiosa"?
O presidente Barroso terá que mostrar, numa área da sua especial competência, se aqui o novo ministro dos Negócios Estrangeiros o é da União ou do Conselho, e nesse exercício de autoridade substancial, para além da formalidade dos tratados, tentar dar conteúdo aos enormes vazios de definição estratégica da União.
Outros desafios
Que ficam apenas enunciados: o Iraque e a NATO, como se vão comportar os novos dez dos Vinte e Cinco e os velhos 15 dos Vinte e Cinco, o imenso problema das relações transatlânticas com os EUA, a competição entre os novos poderes criados pela Constituição, um Parlamento fortalecido, uma Presidente de que apenas se suspeita o que se quer, e uma Comissão enfraquecida nos últimos anos. E ainda há muito mais.
*
Boa sorte, com sinceridade e franqueza, presidente Barroso, que sejas capaz de minimizar, trabalhando pelo bem de todos os europeus, o mal que deixaste em casa.
quarta-feira, julho 28, 2004
Sombras no Parlamento
Público
Por José Manuel Fernandes
Santana voltou a estar abaixo das expectativas, desta vez num palco que diziam ser o seu por excelência: o de tribuno com um Parlamento pela frente
Há uns anos perguntei a um dos vários moderadores de um dos muitos debates televisivos em que Santana Lopes se especializara como é que ele fazia. É que, vistos do sofá, esses debates revelavam que a telegenia e habilidade do agora primeiro-ministro escondiam mal a sua ausência de ideias ou de conhecimento dos temas que tinha de discutir. Ele explicou-me que o truque era dirigir sempre a primeira pergunta ao adversário no debate, que Santana depois arranjava sempre forma de reagir. Umas vezes com umas generalidades, outras com ideias soltas, mas assim a coisa disfarçava-se. O risco era colocar directamente, em primeiro lugar, uma questão concreta à popular figura televisiva: o mais provável era não ter nada para dizer e o debate arrancar engasgado.
Ontem lembrei-me desta conversa ao verificar como, na Assembleia, depois de ler o seu discurso, quando começou a ser confrontado pelos deputados das bancadas da oposição com questões concretas, logo se percebeu a vacuidade que mora na cabeça do novo titular de São Bento. O pouco que sabe sobre alguns dos grandes problemas que vai encontrar. O nada que já terá lido dos "dossiers" que deve ter na secretária. Pior: o homem que era tido por um parlamentar terrível, de resposta pronta e língua afiada, engasgava-se, hesitava, saltitava de tema em tema e nem sequer conseguia inspiração para tiradas capazes de levantarem a sua bancada. Nervoso (?), inseguro, momentos houve em que mais parecia um principiante e não o homem que gosta de recordar a todo o momento que anda pelos corredores do poder desde 1979, desde Sá Carneiro - isto é, desde há 25 anos.
É certo que a sua fraca prestação, a quase total ausência de novidades, ainda poderia passar despercebida se seleccionássemos apenas, para os telejornais, os seus melhores momentos, mas o que a tornou mais indigente foi o contraste com as intervenções de três dos seus ministros, talvez os principais trunfos da sua equipa: Álvaro Barreto, Bagão Félix e Aguiar Branco. Os dois primeiros, com muitos anos de governo e traquejo parlamentar, foram directos, concretos e, para além de se perceber que sabiam do que falavam, não deixaram de utilizar o humor quando isso se proporcionou. O terceiro, que herdou uma pasta muito problemática, mostrou-se seguro e nem parecia um estreante naquela bancada.
Por outras palavras: se antes já se percebera que o Governo era desequilibrado e se temia o pior sobre a capacidade de quem está ao leme, também se confirmou que os raros pesos-pesados do Executivo podem revelar-se preciosos, nomeadamente por já terem vindo corrigir, em baixa, algumas das expectativas irrealistas criadas pelo próprio Santana Lopes em entrevistas televisivas. Ajuda, mas pode ser muito insuficiente para equilibrar um barco que mete água pelas amplas janelas do camarote do comandante.
Por outro lado, a verdade é que num dia em que os incêndios continuaram a lavrar por todo um país submetido a implacável vaga de calor, o único calor que se sentiu no Parlamento foi o atmosférico, que submeteu deputados e ministros a uma sauna forçada. O que ajudou à depressão geral, à sensação penosa de que se estava num ritual de sacrifício celebrado por obrigação e muito pouca convicção. De tal forma que mesmo os que esperavam de Santana surpresas fulminantes talvez tenham começado a perceber que dele só têm vindo decepções e tropeções.
Por José Manuel Fernandes
Santana voltou a estar abaixo das expectativas, desta vez num palco que diziam ser o seu por excelência: o de tribuno com um Parlamento pela frente
Há uns anos perguntei a um dos vários moderadores de um dos muitos debates televisivos em que Santana Lopes se especializara como é que ele fazia. É que, vistos do sofá, esses debates revelavam que a telegenia e habilidade do agora primeiro-ministro escondiam mal a sua ausência de ideias ou de conhecimento dos temas que tinha de discutir. Ele explicou-me que o truque era dirigir sempre a primeira pergunta ao adversário no debate, que Santana depois arranjava sempre forma de reagir. Umas vezes com umas generalidades, outras com ideias soltas, mas assim a coisa disfarçava-se. O risco era colocar directamente, em primeiro lugar, uma questão concreta à popular figura televisiva: o mais provável era não ter nada para dizer e o debate arrancar engasgado.
Ontem lembrei-me desta conversa ao verificar como, na Assembleia, depois de ler o seu discurso, quando começou a ser confrontado pelos deputados das bancadas da oposição com questões concretas, logo se percebeu a vacuidade que mora na cabeça do novo titular de São Bento. O pouco que sabe sobre alguns dos grandes problemas que vai encontrar. O nada que já terá lido dos "dossiers" que deve ter na secretária. Pior: o homem que era tido por um parlamentar terrível, de resposta pronta e língua afiada, engasgava-se, hesitava, saltitava de tema em tema e nem sequer conseguia inspiração para tiradas capazes de levantarem a sua bancada. Nervoso (?), inseguro, momentos houve em que mais parecia um principiante e não o homem que gosta de recordar a todo o momento que anda pelos corredores do poder desde 1979, desde Sá Carneiro - isto é, desde há 25 anos.
É certo que a sua fraca prestação, a quase total ausência de novidades, ainda poderia passar despercebida se seleccionássemos apenas, para os telejornais, os seus melhores momentos, mas o que a tornou mais indigente foi o contraste com as intervenções de três dos seus ministros, talvez os principais trunfos da sua equipa: Álvaro Barreto, Bagão Félix e Aguiar Branco. Os dois primeiros, com muitos anos de governo e traquejo parlamentar, foram directos, concretos e, para além de se perceber que sabiam do que falavam, não deixaram de utilizar o humor quando isso se proporcionou. O terceiro, que herdou uma pasta muito problemática, mostrou-se seguro e nem parecia um estreante naquela bancada.
Por outras palavras: se antes já se percebera que o Governo era desequilibrado e se temia o pior sobre a capacidade de quem está ao leme, também se confirmou que os raros pesos-pesados do Executivo podem revelar-se preciosos, nomeadamente por já terem vindo corrigir, em baixa, algumas das expectativas irrealistas criadas pelo próprio Santana Lopes em entrevistas televisivas. Ajuda, mas pode ser muito insuficiente para equilibrar um barco que mete água pelas amplas janelas do camarote do comandante.
Por outro lado, a verdade é que num dia em que os incêndios continuaram a lavrar por todo um país submetido a implacável vaga de calor, o único calor que se sentiu no Parlamento foi o atmosférico, que submeteu deputados e ministros a uma sauna forçada. O que ajudou à depressão geral, à sensação penosa de que se estava num ritual de sacrifício celebrado por obrigação e muito pouca convicção. De tal forma que mesmo os que esperavam de Santana surpresas fulminantes talvez tenham começado a perceber que dele só têm vindo decepções e tropeções.
terça-feira, julho 27, 2004
Índice de hoje
- Spirit e Opportunity, marcianos duros de roer (Le Temps, Genève)
- Navios roubam água do Rio Amazonas (Ambiente Brasil)
- Google em Bolsa a mais de 100 dólares (Le Soir, Bruxelas)
- Darfur e a relevância da Europa (Público, Lisboa)
- "Falhanço catastrófico" da NATO e ONU no Kosovo (Público, Lisboa)
- Navios roubam água do Rio Amazonas (Ambiente Brasil)
- Google em Bolsa a mais de 100 dólares (Le Soir, Bruxelas)
- Darfur e a relevância da Europa (Público, Lisboa)
- "Falhanço catastrófico" da NATO e ONU no Kosovo (Público, Lisboa)
Spirit e Opportunity, marcianos duros de roer
Le Temps
Les robots géologues battent et rebattent les records d'endurance que la NASA avait fixés pour eux. Leurs moteurs électriques, fabriqués en Suisse au bord du lac de Sarnen, se montrent particulièrement résistants. Les jumeaux ont plutôt des soucis de roues et de chauffage, voire de lumière. Et l'hiver arrive sur la planète rouge
Por Luc Debraine
Au printemps dernier, Albert Haldemann, l'un des responsables de l'actuelle mission sur Mars, pronostiquait que les premières pièces qui casseraient sur Spirit et Opportunity seraient leurs moteurs électriques. Le scientifique avait lâché sa prévision dans un grand sourire, et pour cause: il est Suisse, et les moteurs des deux robots le sont tout autant (LT 02.04.04). C'est raté: six mois après le début de leur mission, les jumeaux martiens ont plutôt des soucis de roues et de chauffage, voire de lumière, mais pas de moteurs, pourtant au nombre de trente et un dans chacun des véhicules.
Tant mieux: déjà prolongée une fois, la «Mars Exploration Rover Mission» pourrait bien se poursuivre jusqu'au début de l'année prochaine. Le travail géologique de Spirit et Opportunity durerait ainsi une année, un exploit compte tenu que leur tâche initiale ne devait pas excéder les trois mois. Les robots ont déjà parcouru sur la planète rouge six fois la distance pour laquelle ils ont été conçus. Spirit, un bolide qui peut atteindre les 40 mètres à l'heure, a avalé 3,5 kilomètres depuis ses premiers tours de roue en janvier dernier. Leur prédécesseur sur Mars, Sojourner, n'avait couvert en 1997 qu'une cinquantaine de mètres durant sa mission exploratrice.
Les deux robots, qui ont coûté chacun 538 millions de dollars, ont jusqu'ici fait preuve d'une remarquable fiabilité. Opportunity a connu au début de son périple une panne informatique qui a pu être résolue depuis la Terre, puis le chauffage qui préserve son électronique durant les nuits glaciales de Mars est tombé en rade, sans trop de conséquences heureusement. Spirit a actuellement un problème plus embêtant sur l'une de ses six roues. Celle de l'avant droit consomme deux fois plus d'électricité que les autres. C'est un signe de résistance du mécanisme, qui est sans doute en passe de se gripper faute de lubrifiant. A Pasadena, au centre de commandement de la mission, les techniciens ont décidé de ne déplacer Spirit qu'en marche arrière, qui traîne ainsi sa patte folle plutôt que de l'avoir devant lui. Même éclopé, le robot de 180 kg accomplit de bonne grâce ses tâches quotidiennes, lesquelles visent à repérer les traces géologiques de la présence passée de l'eau sur Mars.
En revanche, pour l'heure, pas de soucis du côté des servomoteurs électriques qui animent les agrégats mobiles des véhicules tout-terrain, qui ont chacun la taille d'une voiture de golf. Ces moteurs de 20 ou 25 mm de diamètre meuvent aussi bien les roues que les caméras ou le bras robotique de Spirit et Opportunity. Comme ceux qui équipaient Sojourner, ils sont fabriqués à Sachseln (OW), au centre géographique de la Suisse. Conçus pour un usage industriel, dans les semi-conducteurs, l'optique ou la distribution de tickets, les moteurs de la société Maxon ont été choisis par la NASA en raison de leur coût réduit, environ 300 francs pièce, leurs performances (leur rendement de 80 à 90%) et leur longue durée de vie. Les moteurs électriques qui mettent les robots en mouvement ont toutefois été adaptés à leur mission spatiale: «Le vide, le rayonnement, les températures qui varient entre -120° et +25 degrés sont autant de contraintes dont il s'agit de tenir compte, notamment dans le choix des graisses, des colles ou des plastiques de nos moteurs», note Pierre Lebet, ingénieur chez Maxon motor.
De toute manière, les deux larrons martiens, qui travaillent aux antipodes l'un de l'autre, vont peu à peu réduire leurs activités en raison de l'arrivée de l'hiver sur Mars. La saison froide, ou plutôt super-froide, signifie moins de lumière sur les panneaux solaires, donc moins d'électricité pour se mouvoir et accomplir le labeur scientifique. La nuit, Spirit et Opportunity seront plongés dans un sommeil profond, déconnectés de tout, et ne se réveilleront que vaguement pendant la courte journée. Si leur bonne fortune les accompagne toujours à l'arrivée des beaux jours, en tout début d'année prochaine, les deux robots se remettront à écumer la surface martienne.
En attendant, à chacun ses travaux d'Hercule. Spirit se prépare à gravir une colline d'une trentaine de mètres de hauteur pour y examiner une roche affleurante, laquelle serait très prometteuse dans le cadre de sa mission de sourcier. Opportunity s'est lancé dans la descente vertigineuse d'un cratère large de 130 mètres, lui aussi en quête de minéraux qui trahiraient la présence, voilà très longtemps, d'eau sur Mars.
Les robots géologues battent et rebattent les records d'endurance que la NASA avait fixés pour eux. Leurs moteurs électriques, fabriqués en Suisse au bord du lac de Sarnen, se montrent particulièrement résistants. Les jumeaux ont plutôt des soucis de roues et de chauffage, voire de lumière. Et l'hiver arrive sur la planète rouge
Por Luc Debraine
Au printemps dernier, Albert Haldemann, l'un des responsables de l'actuelle mission sur Mars, pronostiquait que les premières pièces qui casseraient sur Spirit et Opportunity seraient leurs moteurs électriques. Le scientifique avait lâché sa prévision dans un grand sourire, et pour cause: il est Suisse, et les moteurs des deux robots le sont tout autant (LT 02.04.04). C'est raté: six mois après le début de leur mission, les jumeaux martiens ont plutôt des soucis de roues et de chauffage, voire de lumière, mais pas de moteurs, pourtant au nombre de trente et un dans chacun des véhicules.
Tant mieux: déjà prolongée une fois, la «Mars Exploration Rover Mission» pourrait bien se poursuivre jusqu'au début de l'année prochaine. Le travail géologique de Spirit et Opportunity durerait ainsi une année, un exploit compte tenu que leur tâche initiale ne devait pas excéder les trois mois. Les robots ont déjà parcouru sur la planète rouge six fois la distance pour laquelle ils ont été conçus. Spirit, un bolide qui peut atteindre les 40 mètres à l'heure, a avalé 3,5 kilomètres depuis ses premiers tours de roue en janvier dernier. Leur prédécesseur sur Mars, Sojourner, n'avait couvert en 1997 qu'une cinquantaine de mètres durant sa mission exploratrice.
Les deux robots, qui ont coûté chacun 538 millions de dollars, ont jusqu'ici fait preuve d'une remarquable fiabilité. Opportunity a connu au début de son périple une panne informatique qui a pu être résolue depuis la Terre, puis le chauffage qui préserve son électronique durant les nuits glaciales de Mars est tombé en rade, sans trop de conséquences heureusement. Spirit a actuellement un problème plus embêtant sur l'une de ses six roues. Celle de l'avant droit consomme deux fois plus d'électricité que les autres. C'est un signe de résistance du mécanisme, qui est sans doute en passe de se gripper faute de lubrifiant. A Pasadena, au centre de commandement de la mission, les techniciens ont décidé de ne déplacer Spirit qu'en marche arrière, qui traîne ainsi sa patte folle plutôt que de l'avoir devant lui. Même éclopé, le robot de 180 kg accomplit de bonne grâce ses tâches quotidiennes, lesquelles visent à repérer les traces géologiques de la présence passée de l'eau sur Mars.
En revanche, pour l'heure, pas de soucis du côté des servomoteurs électriques qui animent les agrégats mobiles des véhicules tout-terrain, qui ont chacun la taille d'une voiture de golf. Ces moteurs de 20 ou 25 mm de diamètre meuvent aussi bien les roues que les caméras ou le bras robotique de Spirit et Opportunity. Comme ceux qui équipaient Sojourner, ils sont fabriqués à Sachseln (OW), au centre géographique de la Suisse. Conçus pour un usage industriel, dans les semi-conducteurs, l'optique ou la distribution de tickets, les moteurs de la société Maxon ont été choisis par la NASA en raison de leur coût réduit, environ 300 francs pièce, leurs performances (leur rendement de 80 à 90%) et leur longue durée de vie. Les moteurs électriques qui mettent les robots en mouvement ont toutefois été adaptés à leur mission spatiale: «Le vide, le rayonnement, les températures qui varient entre -120° et +25 degrés sont autant de contraintes dont il s'agit de tenir compte, notamment dans le choix des graisses, des colles ou des plastiques de nos moteurs», note Pierre Lebet, ingénieur chez Maxon motor.
De toute manière, les deux larrons martiens, qui travaillent aux antipodes l'un de l'autre, vont peu à peu réduire leurs activités en raison de l'arrivée de l'hiver sur Mars. La saison froide, ou plutôt super-froide, signifie moins de lumière sur les panneaux solaires, donc moins d'électricité pour se mouvoir et accomplir le labeur scientifique. La nuit, Spirit et Opportunity seront plongés dans un sommeil profond, déconnectés de tout, et ne se réveilleront que vaguement pendant la courte journée. Si leur bonne fortune les accompagne toujours à l'arrivée des beaux jours, en tout début d'année prochaine, les deux robots se remettront à écumer la surface martienne.
En attendant, à chacun ses travaux d'Hercule. Spirit se prépare à gravir une colline d'une trentaine de mètres de hauteur pour y examiner une roche affleurante, laquelle serait très prometteuse dans le cadre de sa mission de sourcier. Opportunity s'est lancé dans la descente vertigineuse d'un cratère large de 130 mètres, lui aussi en quête de minéraux qui trahiraient la présence, voilà très longtemps, d'eau sur Mars.
Navios roubam água do Rio Amazonas
Ambiente Brasil
Depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. Uma nova modalidade de saque aos recursos naturais denominada de hidropirataria. Cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais. Porém a falta de uma denúncia formal tem impedido a Agência Nacional de Águas (ANA), responsável por esse tipo de fiscalização, de atuar no caso.
Enquanto as grandes embarcações estrangeiras recriam a pirataria do século 16, a burocracia impede o bloqueio desta nova forma de saque das riquezas nacionais. O diretor de outorga, cobrança e fiscalização da ANA, Ivo Brasil, sabe desta ação ilegal. Contudo, aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, informou.
O dirigente está preocupado com a situação. Porém precisa dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz do rio. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.
A defesa das águas brasileiras está na Constituição Federal, no artigo 20, que trata dos Bens da União. Em seu inciso III, a legislação determina que rios e quaisquer correntes de água no território nacional, inclusive o espaço do mar territorial, é pertencente à União.
Isto é complementado pela Lei 9.433/97, sobre Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu artigo 1, no inciso II, que estabelece ser a água é um recurso limitado, dotado de valor econômico. E ainda determina que o poder público seja o responsável pela licença para uso dos recursos hídricos, “como derivação ou captação de parcela de água”.
O gerente do Projeto Panamazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o geólogo Paulo Roberto Martini, também tomou conhecimento do caso em conversa com técnicos de outros órgãos estatais. “Tem nos chegado diversas informações neste sentido, infelizmente sempre estão tirando irregularmente algo da Amazônia”, comentou o cientista, preocupado com o contrabando.
Os cálculos preliminares mostram que cada navio tem se abastecido com 250 milhões de litros. A ingerência estrangeira nos recursos naturais da região amazônica tem aumentado significativamente nos últimos anos. Seja por ação de empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou pelas missões religiosas internacionais. Mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) ainda não foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A repercussão desta nova prática chegou, de maneira não oficial, até o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão ligado ao governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e temos que ter auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibirmos essa prática”, reafirmou o diretor Ivo Brasil.
Águas amazônicas
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do desague do Amazonas no Oceano Atlântico tem 320 quilômetros de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 metros, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
As águas salinizadas estão presentes no subsolo de vários países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, Kuwait e Israel. Eles praticamente só dispõem desta fonte para seus abastecimentos. O Brasil importa desta região cerca de 5% de todo o petróleo que será convertido para gasolina e outros derivados considerados de densidade leve. Esse procedimento de retirada do sal é feito por osmose reversa, algo extremamente caro. Na dessalinização é gasto US$ 1,50 por metro cúbico e US$ 0,80 com o mesmo volume de água doce tratada.
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potavel. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
Hidro ou biopirataria?
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazonia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do departamento de hidráulica e saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na hidropirataria seria pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de ser levar apenas água doce”, comentou.
Saturação
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial, e a Amazônia é considerada a grande reserva do planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontra no território amazônico. “ Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o planeta, dois terços são ocupado por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume é de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o porcentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais. Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar.
Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos. (Tudo Paraná)
Depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. Uma nova modalidade de saque aos recursos naturais denominada de hidropirataria. Cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais. Porém a falta de uma denúncia formal tem impedido a Agência Nacional de Águas (ANA), responsável por esse tipo de fiscalização, de atuar no caso.
Enquanto as grandes embarcações estrangeiras recriam a pirataria do século 16, a burocracia impede o bloqueio desta nova forma de saque das riquezas nacionais. O diretor de outorga, cobrança e fiscalização da ANA, Ivo Brasil, sabe desta ação ilegal. Contudo, aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, informou.
O dirigente está preocupado com a situação. Porém precisa dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz do rio. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.
A defesa das águas brasileiras está na Constituição Federal, no artigo 20, que trata dos Bens da União. Em seu inciso III, a legislação determina que rios e quaisquer correntes de água no território nacional, inclusive o espaço do mar territorial, é pertencente à União.
Isto é complementado pela Lei 9.433/97, sobre Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu artigo 1, no inciso II, que estabelece ser a água é um recurso limitado, dotado de valor econômico. E ainda determina que o poder público seja o responsável pela licença para uso dos recursos hídricos, “como derivação ou captação de parcela de água”.
O gerente do Projeto Panamazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o geólogo Paulo Roberto Martini, também tomou conhecimento do caso em conversa com técnicos de outros órgãos estatais. “Tem nos chegado diversas informações neste sentido, infelizmente sempre estão tirando irregularmente algo da Amazônia”, comentou o cientista, preocupado com o contrabando.
Os cálculos preliminares mostram que cada navio tem se abastecido com 250 milhões de litros. A ingerência estrangeira nos recursos naturais da região amazônica tem aumentado significativamente nos últimos anos. Seja por ação de empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou pelas missões religiosas internacionais. Mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) ainda não foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A repercussão desta nova prática chegou, de maneira não oficial, até o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão ligado ao governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e temos que ter auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibirmos essa prática”, reafirmou o diretor Ivo Brasil.
Águas amazônicas
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do desague do Amazonas no Oceano Atlântico tem 320 quilômetros de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 metros, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus.
As águas salinizadas estão presentes no subsolo de vários países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, Kuwait e Israel. Eles praticamente só dispõem desta fonte para seus abastecimentos. O Brasil importa desta região cerca de 5% de todo o petróleo que será convertido para gasolina e outros derivados considerados de densidade leve. Esse procedimento de retirada do sal é feito por osmose reversa, algo extremamente caro. Na dessalinização é gasto US$ 1,50 por metro cúbico e US$ 0,80 com o mesmo volume de água doce tratada.
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potavel. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
Hidro ou biopirataria?
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazonia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do departamento de hidráulica e saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na hidropirataria seria pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de ser levar apenas água doce”, comentou.
Saturação
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial, e a Amazônia é considerada a grande reserva do planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontra no território amazônico. “ Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o planeta, dois terços são ocupado por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume é de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o porcentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais. Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar.
Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos. (Tudo Paraná)
Google em Bolsa a mais de 100 dólares
Le Soir
Google peaufine une prochaine introduction en Bourse encore plus ambitieuse que prévu : avec une action bien au-delà de 100 dollars à l'émission, le plus célèbre moteur de recherche sur l'internet pourrait récolter jusqu'à 3,3 milliards de dollars.
La société californienne, maison-mère du moteur de recherche, a annoncé son intention d'émettre quelque 24,64 millions de titres de classe A, ceux qu'elle destine au public. «Nous anticipons que le prix à l'introduction en Bourse sera fixé entre 108 et 135 dollars», a ajouté Google dans un document déposé à la commission des opérations de Bourse (SEC), soulignant que «les actions seront livrés aux acheteurs en août ou autour de ce mois».
Google compte ainsi lever entre 2,66 et 3,32 milliards de dollars, alors que jusqu'à présent la barre avait été placée à un maximum de 2,7 milliards. La société, fondée en 1998 par Larry Page et Sergey Brin, a souligné qu'en comptant les actions non offertes au public, elle en aura un total de 268,5 millions en circulation. Cela laisse envisager une capitalisation boursière de 36,2 milliards USD presque au niveau de celle de Yahoo! (37,98 milliards).
Cette entrée en Bourse, officialisée fin avril, est la plus attendue dans la «high tech» depuis la bulle technologique de la fin des années 90. Elle s'annonce non seulement comme la première du secteur de l'internet en termes de dollars générés, mais pourrait aussi nettement dépasser les 2,83 milliards de dollars levés lors de l'introduction de Genworth Financial (assurance-vie, prêts hypothécaires), jusqu'alors la plus importante en 2004.
Selon David Menlow, analyste du site spécialisé IPOfinancial.com, la fourchette de prix proposée par Google pour son action n'est pas vraiment une surprise. Nous avions anticipé depuis un moment déjà que le prix minimum allait être 100 dollars. En mettant la barre haut, l'entreprise estime qu'elle va davantage contrôler la marge d'évolution à la hausse lors de la première cotation, a-t-il indiqué. Le prix effectif d'introduction dépendra du nombre de demandeurs lors de l'allocation, prévue selon un système d'enchères. Si la fourchette offerte est déjà élevée, c'est que l'entreprise cherche au maximum à éviter la volatilité, a ajouté M. Menlow.
En avril, Google avait déjà expliqué que sa méthode visait à échapper aux spéculateurs uniquement intéressés par une rapide plus-value. Mais pour certains esprits critique il s'agit de permettre aux fondateurs, qui garderont le contrôle majoritaire, de valoriser au maximum leur investissement de départ en fixant un prix élevé pour l'action. L'action Google sera cotée sur le marché boursier électronique du Nasdaq sous le symbole «GOOG». Il y a deux semaines elle avait fait acte de candidature sur ce marché rival du New York Stock Exchange.
Lundi, en détaillant son projet d'introduction, Google a aussi levé le voile sur des résultats flatteurs. Au premier semestre 2004 la société de la Silicon Valley a dégagé un chiffre d'affaire de 1,35 milliard de dollars, quasiment le niveau de ventes atteint sur l'ensemble de 2003. L'entreprise, rentable depuis 2001, a dégagé sur les six premiers mois de l'année un bénéfice net de 143 millions de dollars, contre 58 millions au premier semestre 2003.
«Si Microsoft et Yahoo! réussissent à fournir des résutats de recherche sur le web équivalents ou meilleurs que les nôtres, ou s'ils améliorent leurs plate-formes pour rendre leurs services de recherche plus faciles d'accès, nous pourrions subir un déclin significatif du trafic qui affecterait nos ventes», a toutefois prévenu Google.
(D'après AFP)
Google peaufine une prochaine introduction en Bourse encore plus ambitieuse que prévu : avec une action bien au-delà de 100 dollars à l'émission, le plus célèbre moteur de recherche sur l'internet pourrait récolter jusqu'à 3,3 milliards de dollars.
La société californienne, maison-mère du moteur de recherche, a annoncé son intention d'émettre quelque 24,64 millions de titres de classe A, ceux qu'elle destine au public. «Nous anticipons que le prix à l'introduction en Bourse sera fixé entre 108 et 135 dollars», a ajouté Google dans un document déposé à la commission des opérations de Bourse (SEC), soulignant que «les actions seront livrés aux acheteurs en août ou autour de ce mois».
Google compte ainsi lever entre 2,66 et 3,32 milliards de dollars, alors que jusqu'à présent la barre avait été placée à un maximum de 2,7 milliards. La société, fondée en 1998 par Larry Page et Sergey Brin, a souligné qu'en comptant les actions non offertes au public, elle en aura un total de 268,5 millions en circulation. Cela laisse envisager une capitalisation boursière de 36,2 milliards USD presque au niveau de celle de Yahoo! (37,98 milliards).
Cette entrée en Bourse, officialisée fin avril, est la plus attendue dans la «high tech» depuis la bulle technologique de la fin des années 90. Elle s'annonce non seulement comme la première du secteur de l'internet en termes de dollars générés, mais pourrait aussi nettement dépasser les 2,83 milliards de dollars levés lors de l'introduction de Genworth Financial (assurance-vie, prêts hypothécaires), jusqu'alors la plus importante en 2004.
Selon David Menlow, analyste du site spécialisé IPOfinancial.com, la fourchette de prix proposée par Google pour son action n'est pas vraiment une surprise. Nous avions anticipé depuis un moment déjà que le prix minimum allait être 100 dollars. En mettant la barre haut, l'entreprise estime qu'elle va davantage contrôler la marge d'évolution à la hausse lors de la première cotation, a-t-il indiqué. Le prix effectif d'introduction dépendra du nombre de demandeurs lors de l'allocation, prévue selon un système d'enchères. Si la fourchette offerte est déjà élevée, c'est que l'entreprise cherche au maximum à éviter la volatilité, a ajouté M. Menlow.
En avril, Google avait déjà expliqué que sa méthode visait à échapper aux spéculateurs uniquement intéressés par une rapide plus-value. Mais pour certains esprits critique il s'agit de permettre aux fondateurs, qui garderont le contrôle majoritaire, de valoriser au maximum leur investissement de départ en fixant un prix élevé pour l'action. L'action Google sera cotée sur le marché boursier électronique du Nasdaq sous le symbole «GOOG». Il y a deux semaines elle avait fait acte de candidature sur ce marché rival du New York Stock Exchange.
Lundi, en détaillant son projet d'introduction, Google a aussi levé le voile sur des résultats flatteurs. Au premier semestre 2004 la société de la Silicon Valley a dégagé un chiffre d'affaire de 1,35 milliard de dollars, quasiment le niveau de ventes atteint sur l'ensemble de 2003. L'entreprise, rentable depuis 2001, a dégagé sur les six premiers mois de l'année un bénéfice net de 143 millions de dollars, contre 58 millions au premier semestre 2003.
«Si Microsoft et Yahoo! réussissent à fournir des résutats de recherche sur le web équivalents ou meilleurs que les nôtres, ou s'ils améliorent leurs plate-formes pour rendre leurs services de recherche plus faciles d'accès, nous pourrions subir un déclin significatif du trafic qui affecterait nos ventes», a toutefois prévenu Google.
(D'après AFP)
Darfur e a relevância da Europa
Público
Por TERESA DE SOUSA
Cinquenta mil mortos, um milhão de deslocados em risco de morrer das mil maneiras possíveis de que se morre em África. A lentidão da reacção internacional. As hesitações da Europa. Um quadro dramático com um insuportável sabor a "dejá vu".
Há quatro meses, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertiu para a necessidade de uma intervenção militar em Darfur, na região oeste do Sudão, se não para pôr cobro à violência étnica, pelo menos para garantir o acesso da ajuda humanitária.
Colin Powell visitou recentemente a região e esteve em Cartum para pressionar as autoridades sudanesas a desarmar, de facto e não em palavras, as milícias árabes pró-governamentais responsáveis pela violência étnica. As coisas melhoraram um pouco. Alguma ajuda humanitária está a começar a chegar. Muito lentamente.
Os seus homólogos francês, Michel Barnier, e britânico, Jack Straw, prepararam-se para fazer o mesmo trajecto. A França tem duas bases militares nas proximidades - em Djibuti e no Tchade - mas, até agora, não manifestou a mais leve intenção de agir. Londres defendeu há dois dias o envio de uma missão da UE, parte civil e parte militar, disponibilizando para o efeito 5 mil homens. Até agora, a ideia não recolheu apoio entre os seus pares europeus.
2. Os chefes da diplomacia da União reuniram-se ontem para debater a crise, já definida por Kofi Annan, como "a mais grave crise humanitária" que as Nações Unidas têm em mãos neste momento. No fim, limitaram-se a apelar ao Conselho de Segurança da ONU que utilize a ameaça de sanções económicas, caso Cartum não dê mostras de querer desarmar as milícias armadas.
Apesar da dureza das palavras da declaração aprovada, o ministro holandês, Bernard Bot, presidente em exercício do Conselho, afastou qualquer possibilidade de acção imediata. Antes da reunião, até mesmo as sanções lhe pareciam prematuras, considerando, aliás, que não resolveriam nada.
O alto representante para a política externa europeia, Javier Solana, disse, por seu turno, que "havia a impressão de que, do ponto de vista humanitário, a situação evoluiu ligeiramente para melhor". No terreno, as organizações humanitárias advertem para a época das chuvas, que está a começar e que pode tornar a situação ainda mais terrível.
Em Cartum, o governo recusa, naturalmente, qualquer intervenção militar estrangeira e o Presidente sudanês Omar al-Bashir acusa a comunidade internacional "de visar o Islão", tentando "impedir a sua progressão no país."
O Congresso americano aprovou por unanimidade na quinta-feira uma resolução que qualifica de "genocídio" as atrocidades cometidas contra a população civil de Darfur e apela os EUA a agir urgentemente, incluindo "unilateralmente". Mesmo descontados os excessos de linguagem inerentes à campanha eleitoral, a resolução sublinha a gravidade da situação.
As democracias ocidentais, sem excepção, fizeram belos discursos sobre o "dever moral" (a expressão é de Tony Blair) de não mais permitir um segundo Ruanda quando, em 1994, quase um milhão de cidadãos de etnia tutsi foram massacrados por milícias da etnia hutu enquanto a comunidade internacional olhava convenientemente para o lado e os europeus tentavam desesperadamente reagir à limpeza étnica na Bósnia. Darfur ainda não atingiu a mesma escala de violência e de aniquilação humana. Qual será o limite de tolerância fixado pelas democracias ocidentais?
3. A UE reconheceu recentemente - e por iniciativa franco-britânica - a necessidade de dispor de "grupos de batalha" de 1500 homens para agir em situações de emergência em qualquer parte do mundo, incluindo em cenários da natureza do que se vive hoje em Darfur. Toda a doutrina europeia sobre a sua política de segurança e defesa, desenvolvida nos últimos anos, expressa no Tratado e reforçada na Constituição, visa primordialmente responder a situações como a que se vive hoje em Darfur. Pergunta-se: de que estão à espera os responsáveis europeus para, pelo menos, mostrarem alguma determinação face às autoridades de Cartum?
Ou será que os milhares de páginas dedicadas à construção de uma política externa europeia e de uma capacidade militar autónoma suficiente para lhe dar credibilidade servem apenas para alimentar a ilusão de uma identidade europeia construída contra a América? O sonho de papel de vir a ser uma "superpotência" capaz de rivalizar com a única superpotência?
3. De crise internacional em crise internacional, o padrão de comportamento da União teima a não se alterar. Demasiadas vezes, as suas belas declarações (como, provavelmente, a de hoje) não são mais do que um consenso mínimo possível entre os seus membros, que as torna quase imediatamente irrelevantes. Resta-lhe sempre a alternativa de despejar dinheiro sobre os problemas, na ânsia quase sempre vã de fazê-los desaparecer. Poucas vezes age e quando age é, normalmente, tarde demais ou com menos meios do que os necessários.
Antes de George W. Bush e antes do 11 de Setembro, a União podia, apesar de tudo, encontrar do outro lado do Atlântico uma administração internacionalista e reformista com preocupações semelhantes às suas e com os meios e a vontade necessários para poder agir. Com o 11 de Setembro e a profunda crise que a viragem da política externa americana abriu na Europa, dividindo-a e paralisando-a, a União arrisca-se a ser ainda mais irrelevante no mundo. Pior ainda, a ser olhada pelo mundo, cada vez mais, como irrelevante.
Por TERESA DE SOUSA
Cinquenta mil mortos, um milhão de deslocados em risco de morrer das mil maneiras possíveis de que se morre em África. A lentidão da reacção internacional. As hesitações da Europa. Um quadro dramático com um insuportável sabor a "dejá vu".
Há quatro meses, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertiu para a necessidade de uma intervenção militar em Darfur, na região oeste do Sudão, se não para pôr cobro à violência étnica, pelo menos para garantir o acesso da ajuda humanitária.
Colin Powell visitou recentemente a região e esteve em Cartum para pressionar as autoridades sudanesas a desarmar, de facto e não em palavras, as milícias árabes pró-governamentais responsáveis pela violência étnica. As coisas melhoraram um pouco. Alguma ajuda humanitária está a começar a chegar. Muito lentamente.
Os seus homólogos francês, Michel Barnier, e britânico, Jack Straw, prepararam-se para fazer o mesmo trajecto. A França tem duas bases militares nas proximidades - em Djibuti e no Tchade - mas, até agora, não manifestou a mais leve intenção de agir. Londres defendeu há dois dias o envio de uma missão da UE, parte civil e parte militar, disponibilizando para o efeito 5 mil homens. Até agora, a ideia não recolheu apoio entre os seus pares europeus.
2. Os chefes da diplomacia da União reuniram-se ontem para debater a crise, já definida por Kofi Annan, como "a mais grave crise humanitária" que as Nações Unidas têm em mãos neste momento. No fim, limitaram-se a apelar ao Conselho de Segurança da ONU que utilize a ameaça de sanções económicas, caso Cartum não dê mostras de querer desarmar as milícias armadas.
Apesar da dureza das palavras da declaração aprovada, o ministro holandês, Bernard Bot, presidente em exercício do Conselho, afastou qualquer possibilidade de acção imediata. Antes da reunião, até mesmo as sanções lhe pareciam prematuras, considerando, aliás, que não resolveriam nada.
O alto representante para a política externa europeia, Javier Solana, disse, por seu turno, que "havia a impressão de que, do ponto de vista humanitário, a situação evoluiu ligeiramente para melhor". No terreno, as organizações humanitárias advertem para a época das chuvas, que está a começar e que pode tornar a situação ainda mais terrível.
Em Cartum, o governo recusa, naturalmente, qualquer intervenção militar estrangeira e o Presidente sudanês Omar al-Bashir acusa a comunidade internacional "de visar o Islão", tentando "impedir a sua progressão no país."
O Congresso americano aprovou por unanimidade na quinta-feira uma resolução que qualifica de "genocídio" as atrocidades cometidas contra a população civil de Darfur e apela os EUA a agir urgentemente, incluindo "unilateralmente". Mesmo descontados os excessos de linguagem inerentes à campanha eleitoral, a resolução sublinha a gravidade da situação.
As democracias ocidentais, sem excepção, fizeram belos discursos sobre o "dever moral" (a expressão é de Tony Blair) de não mais permitir um segundo Ruanda quando, em 1994, quase um milhão de cidadãos de etnia tutsi foram massacrados por milícias da etnia hutu enquanto a comunidade internacional olhava convenientemente para o lado e os europeus tentavam desesperadamente reagir à limpeza étnica na Bósnia. Darfur ainda não atingiu a mesma escala de violência e de aniquilação humana. Qual será o limite de tolerância fixado pelas democracias ocidentais?
3. A UE reconheceu recentemente - e por iniciativa franco-britânica - a necessidade de dispor de "grupos de batalha" de 1500 homens para agir em situações de emergência em qualquer parte do mundo, incluindo em cenários da natureza do que se vive hoje em Darfur. Toda a doutrina europeia sobre a sua política de segurança e defesa, desenvolvida nos últimos anos, expressa no Tratado e reforçada na Constituição, visa primordialmente responder a situações como a que se vive hoje em Darfur. Pergunta-se: de que estão à espera os responsáveis europeus para, pelo menos, mostrarem alguma determinação face às autoridades de Cartum?
Ou será que os milhares de páginas dedicadas à construção de uma política externa europeia e de uma capacidade militar autónoma suficiente para lhe dar credibilidade servem apenas para alimentar a ilusão de uma identidade europeia construída contra a América? O sonho de papel de vir a ser uma "superpotência" capaz de rivalizar com a única superpotência?
3. De crise internacional em crise internacional, o padrão de comportamento da União teima a não se alterar. Demasiadas vezes, as suas belas declarações (como, provavelmente, a de hoje) não são mais do que um consenso mínimo possível entre os seus membros, que as torna quase imediatamente irrelevantes. Resta-lhe sempre a alternativa de despejar dinheiro sobre os problemas, na ânsia quase sempre vã de fazê-los desaparecer. Poucas vezes age e quando age é, normalmente, tarde demais ou com menos meios do que os necessários.
Antes de George W. Bush e antes do 11 de Setembro, a União podia, apesar de tudo, encontrar do outro lado do Atlântico uma administração internacionalista e reformista com preocupações semelhantes às suas e com os meios e a vontade necessários para poder agir. Com o 11 de Setembro e a profunda crise que a viragem da política externa americana abriu na Europa, dividindo-a e paralisando-a, a União arrisca-se a ser ainda mais irrelevante no mundo. Pior ainda, a ser olhada pelo mundo, cada vez mais, como irrelevante.
"Falhanço catastrófico" da NATO e ONU no Kosovo
Público
Por PEDRO CALDEIRA RODRIGUES
Num contundente relatório, a mais prestigiada organização norte-americana de direitos humanos acusou ontem a NATO, a polícia da administração das Nações Unidas (Unmik) e o Serviço de Polícia do Kosovo (KPS), recrutada localmente, de "falhanço catastrófico" na protecção das populações não-albanesas do Kosovo, no decurso dos incidentes de Março passado nesta província do Sul da Sérvia.
Entre outras acusações a Human Rights Watch (HRW), sediada em Nova Iorque, refere que a força multinacional da NATO estacionada no Kosovo desde Junho de 1999 decidiu encerrar os portões das bases e permanecer imóvel quando as casas de sérvios eram consumidas pelas chamas nas imediações das suas instalações militares, no decurso da vaga de violência que provocou 19 mortos e 900 feridos.
"A força dirigida pela NATO no Kosovo e a polícia internacional da ONU falharam catastroficamente na protecção das minorias durante os tumultos generalizados", refere o relatório de 66 páginas intitulado "Falhanço na Protecção: violência anti-minorias no Kosovo, Março 2004", e que documenta de forma pormenoriza os ataques generalizados contra a população sérvia, rom (cigana), ashkali (ciganos de língua albanesa) e outros grupos minoritários na província com larga maioria de população albanesa e actual protectorado internacional.
O relatório da HRW pormenoriza o quase completo colapso das instituições de segurança durante os incidentes de 17 e 18 de Março e fornece uma perspectiva muito detalhada sobre aquilo que ocorreu em dezenas de comunidades, baseando-se em inúmeras entrevistas com as vítimas e com responsáveis oficiais.
"Este foi o maior teste de segurança para a NATO e Nações Unidas no Kosovo desde 1999, quando as minorias foram forçadas a abandonar as suas casas enquanto a comunidade internacional se limitava a presenciar", disse Rachel Denber, actual responsável da divisão Europa e Ásia Central da HRW. "Mas falharam o teste", sublinhou.
Em 17 de Março passado, registaram-se pelo menos 37 incidentes que se prolongaram por dois dias e que envolveram cerca de 51 mil "manifestantes". Para além dos 19 mortos e quase 1000 feridos, foram incendiadas pelo menos 550 casas e 27 Igrejas e mosteiros ortodoxos. Pelo menos 4.100 pessoas das comunidades minoritárias foram ainda forçadas a deixar as suas casas, refere a contabilidade da organização de direitos humanos.
A investigação da HRW conclui que as multidões de albaneses actuaram com "eficaz ferocidade" para terminarem com os vestígios de presença sérvia em muitas áreas do Kosovo, para além de não terem poupado outras comunidades minoritárias. Em muitas povoações atingidas pela violência, espontânea ou organizada, todas as casas de sérvios, rom e ashkali foram destruídas.
NATO refuta críticas
Numa primeira reacção, um porta-voz da NATO considerou que o relatório não teve em consideração os esforços da força multinacional para normalizar a situação. "Estes relatórios que provêm de um trabalho de secretaria não demonstram qualquer respeito pelos esforços dos soldados", considerou o coronel Horst Pieper da Kfor, citado pela Associated Press. O responsável militar assegurou ainda que os soldados da NATO "estabilizaram a situação em algumas horas e impediram uma guerra civil".
Cerca de 18 mil soldados da NATO e 10 mil polícias da Unmik e do corpo de polícia local patrulham actualmente a província, na sequência do fim guerra civil de 1998-99. A "guerra do Kosovo" implicou uma intervenção militar aérea da NATO contra a ex-Jugoslávia devido à actuação das forças militares e paramilitares sérvias na província, que então combatiam uma rebelião independentista.
No âmbito de uma série de esforços no terreno, um funcionário da Unmik e um líder sérvio do Kosovska Mitrovica (Norte do Kosovo) asseguraram ontem o seu empenho no regresso de 300 famílias sérvias ao Kosovo até ao final deste ano.
Por PEDRO CALDEIRA RODRIGUES
Num contundente relatório, a mais prestigiada organização norte-americana de direitos humanos acusou ontem a NATO, a polícia da administração das Nações Unidas (Unmik) e o Serviço de Polícia do Kosovo (KPS), recrutada localmente, de "falhanço catastrófico" na protecção das populações não-albanesas do Kosovo, no decurso dos incidentes de Março passado nesta província do Sul da Sérvia.
Entre outras acusações a Human Rights Watch (HRW), sediada em Nova Iorque, refere que a força multinacional da NATO estacionada no Kosovo desde Junho de 1999 decidiu encerrar os portões das bases e permanecer imóvel quando as casas de sérvios eram consumidas pelas chamas nas imediações das suas instalações militares, no decurso da vaga de violência que provocou 19 mortos e 900 feridos.
"A força dirigida pela NATO no Kosovo e a polícia internacional da ONU falharam catastroficamente na protecção das minorias durante os tumultos generalizados", refere o relatório de 66 páginas intitulado "Falhanço na Protecção: violência anti-minorias no Kosovo, Março 2004", e que documenta de forma pormenoriza os ataques generalizados contra a população sérvia, rom (cigana), ashkali (ciganos de língua albanesa) e outros grupos minoritários na província com larga maioria de população albanesa e actual protectorado internacional.
O relatório da HRW pormenoriza o quase completo colapso das instituições de segurança durante os incidentes de 17 e 18 de Março e fornece uma perspectiva muito detalhada sobre aquilo que ocorreu em dezenas de comunidades, baseando-se em inúmeras entrevistas com as vítimas e com responsáveis oficiais.
"Este foi o maior teste de segurança para a NATO e Nações Unidas no Kosovo desde 1999, quando as minorias foram forçadas a abandonar as suas casas enquanto a comunidade internacional se limitava a presenciar", disse Rachel Denber, actual responsável da divisão Europa e Ásia Central da HRW. "Mas falharam o teste", sublinhou.
Em 17 de Março passado, registaram-se pelo menos 37 incidentes que se prolongaram por dois dias e que envolveram cerca de 51 mil "manifestantes". Para além dos 19 mortos e quase 1000 feridos, foram incendiadas pelo menos 550 casas e 27 Igrejas e mosteiros ortodoxos. Pelo menos 4.100 pessoas das comunidades minoritárias foram ainda forçadas a deixar as suas casas, refere a contabilidade da organização de direitos humanos.
A investigação da HRW conclui que as multidões de albaneses actuaram com "eficaz ferocidade" para terminarem com os vestígios de presença sérvia em muitas áreas do Kosovo, para além de não terem poupado outras comunidades minoritárias. Em muitas povoações atingidas pela violência, espontânea ou organizada, todas as casas de sérvios, rom e ashkali foram destruídas.
NATO refuta críticas
Numa primeira reacção, um porta-voz da NATO considerou que o relatório não teve em consideração os esforços da força multinacional para normalizar a situação. "Estes relatórios que provêm de um trabalho de secretaria não demonstram qualquer respeito pelos esforços dos soldados", considerou o coronel Horst Pieper da Kfor, citado pela Associated Press. O responsável militar assegurou ainda que os soldados da NATO "estabilizaram a situação em algumas horas e impediram uma guerra civil".
Cerca de 18 mil soldados da NATO e 10 mil polícias da Unmik e do corpo de polícia local patrulham actualmente a província, na sequência do fim guerra civil de 1998-99. A "guerra do Kosovo" implicou uma intervenção militar aérea da NATO contra a ex-Jugoslávia devido à actuação das forças militares e paramilitares sérvias na província, que então combatiam uma rebelião independentista.
No âmbito de uma série de esforços no terreno, um funcionário da Unmik e um líder sérvio do Kosovska Mitrovica (Norte do Kosovo) asseguraram ontem o seu empenho no regresso de 300 famílias sérvias ao Kosovo até ao final deste ano.